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MORATÓRIA
Grupo de portadores de títulos do país, em moratória há dois anos, terá encontro com secretário de Finanças
Credores farão contraproposta à Argentina
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Um grupo de detentores de títulos da dívida argentina, país que
está em moratória desde dezembro de 2001, deve apresentar hoje,
em Nova York, uma contraproposta para a reestruturação dos
débitos.
O encontro será com o secretário de Finanças argentino, Guillermo Nielsen. A Argentina cessou o pagamento aos portadores
de títulos da dívida há dois anos.
Em setembro deste ano, o governo fez uma proposta oficial para
retomar os pagamentos, reestruturando US$ 88 bilhões.
Os credores, reunidos em um
grupo (Argentine Credit Advisory Group), devem apresentar
uma contraproposta que prevê a
renegociação de US$ 106,7 bilhões
-os US$ 18,7 bilhões de diferença equivaleriam aos juros acumulados desde o "default" e que não
constam da proposta oficial de
reestruturação.
Querem ainda que o governo faça um pagamento inicial aos investidores equivalente a 5% dos
juros atrasados, em dinheiro, que
serviria como um incentivo para a
adesão à reestruturação.
A proposta do governo, apresentada em setembro, prevê três
tipos de bônus para substituir os
que estão em "default". O principal deles estipula um desconto de
75% no valor dos títulos, com taxa
de juros entre 1% e 5% ao ano e
vencimento de 8 a 20 anos.
Outro, chamado "a la par", prevê o pagamento integral do valor
nominal, com juro anual de até
1,5%. Já o "quase par" oferece desconto de 30% no valor de face,
com rendimento de 1% a 2%
anuais. Em ambos os casos, o vencimento varia de 20 a 42 anos.
Os credores querem a oferta de
três tipos de bônus, com prazos
de pagamento previstos para
2014, 2018 e 2034, com um desconto de 35% no valor nominal
da dívida.
O grupo é uma coalização de investidores dos EUA e do Japão.
Ele busca a adesão dos demais
credores -especialmente os italianos e alemães, que resistem à
idéia de ter de aceitar algum tipo
de desconto no valor dos títulos.
Marc Dreier, representante dos
portadores de bônus que recorreram à Justiça em Nova York para
reaver seus investimentos, fez
pressão sobre o governo ontem
para que apresente uma proposta
satisfatória aos seus clientes. Disse
que bens argentinos poderão ser
embargados a partir de fevereiro.
O advogado representa 75 causas de credores argentinos e estrangeiros contra o país, no montante de US$ 25 milhões. Ele afirma que a proposta oficial está forçando os credores privados a recorrer à Justiça. Segundo ele, antes do fim do ano, outras 25 causas devem ser apresentadas.
O futuro dessas causas depende
do juiz nova-iorquino Thomas
Griesa, que, no início de novembro, condenou a Argentina a pagar US$ 700 milhões ao fundo de
investimentos EM Limited. No
entanto, a execução da ação, que
autorizaria o embargo de bens do
governo argentino no exterior, foi
suspensa por 90 dias, até o final de
janeiro de 2004.
O juiz acatou pleito dos advogados do governo argentino, que
pediram um prazo maior para
que o país avançasse na negociação internacional.
Guillermo Nielsen afirma que
somente depois que forem definidos os bancos responsáveis pela
organização da reestruturação (o
que deve ocorrer na próxima semana) serão definidos os detalhes
da oferta final do governo.
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