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CONSUMO
Índice de confiança na situação econômica do país registra queda pelo segundo mês seguido, aponta sondagem da FGV
Juros reduzem otimismo do consumidor
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A confiança do consumidor
perdeu fôlego pelo segundo mês
consecutivo. Caiu em novembro
o número de pessoas que avaliam
a situação econômica atual do
país e de suas próprias finanças
como melhores do que há seis
meses. A deterioração das expectativas foi afetada pela retomada
do processo de elevação dos juros.
É o que revela a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada ontem pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas).
Entre os 1.455 chefes de família
entrevistados em 12 capitais,
15,9% afirmam que a situação do
país está melhor. Esse percentual
havia sido de 17,2% em outubro e
de 18,6% em setembro. Já o percentual dos que afirmam que a
conjuntura piorou chega a 21,7%.
Para o futuro, 43,3% afirmam que
a situação será melhor e 12,4%,
que ela será pior.
Em relação ao próprio orçamento, os que dizem que a situação está melhor somam 17,7%.
No mês anterior, eles representavam 18,5% dos entrevistados.
Houve aumento significativo entre os que crêem que a situação fique igual: o percentual passou de
63,7% para 65,3% em novembro.
Esse indicador costuma ter comportamento mais constante do
que a avaliação da situação do
país. Para os próximos seis meses,
55,9% esperam que a situação seja
melhor e 6,1%, que ela piore.
O aumento do juro em 1,25
ponto percentual desde setembro
não foi citado espontaneamente
pelos entrevistados. Apesar disso,
a FGV diz que já começou a pesar
na opinião dos consumidores. "O
impacto do juro se dá pelo encarecimento do crédito e, no curto
prazo, é uma forma de alterar o
sentimento do consumidor sobre
a perspectiva de compra nos próximos meses", diz o economista
da FGV, Aloísio Campelo.
De acordo com Campelo, a
principal indicação da pesquisa
refere-se à propensão do consumidor para comprar. Após o aumento dos juros, a disposição para adquirir bens de alto valor nos
próximos seis meses caiu sensivelmente: 53,6% dos consumidores pretendem gastar menos no
futuro com bens duráveis. Apenas 15,5% dos entrevistados estão
dispostos a gastar mais.
A alta dos juros, porém, não foi
o único fator a afetar a disposição
do consumidor. Campelo cita o
esgotamento do ciclo de endividamento com a melhora da economia. "Os consumidores já se
endividaram nos últimos meses
para comprar bens duráveis."
Segundo ele, as principais preocupações mencionadas pelos entrevistados se referem ao mercado de trabalho e ao controle da inflação. "Nos últimos meses a evolução desses indicadores não foi
de acordo com o que o consumidor esperava anteriormente."
Mais consumidores afirmam
que será difícil encontrar trabalho
nos próximos seis meses. Em novembro, o percentual chega a
49%. No mês anterior, fora de
46,7%. O número de entrevistados que dizem que será mais fácil
arranjar emprego passou de 15%
para 14,4% em novembro.
"Depois de mais de uma década
em que a economia crescia em períodos curtos e entrava em recessão em seguida, é natural que o
consumidor esteja desconfiado
quanto à sustentabilidade dessa
retomada nos próximos anos",
afirmou. Apesar da piora nas expectativas, Campelo afirma que
ainda é cedo para dizer que houve
uma inversão de tendência.
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