São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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CONSUMO

Índice de confiança na situação econômica do país registra queda pelo segundo mês seguido, aponta sondagem da FGV

Juros reduzem otimismo do consumidor

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A confiança do consumidor perdeu fôlego pelo segundo mês consecutivo. Caiu em novembro o número de pessoas que avaliam a situação econômica atual do país e de suas próprias finanças como melhores do que há seis meses. A deterioração das expectativas foi afetada pela retomada do processo de elevação dos juros. É o que revela a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Entre os 1.455 chefes de família entrevistados em 12 capitais, 15,9% afirmam que a situação do país está melhor. Esse percentual havia sido de 17,2% em outubro e de 18,6% em setembro. Já o percentual dos que afirmam que a conjuntura piorou chega a 21,7%. Para o futuro, 43,3% afirmam que a situação será melhor e 12,4%, que ela será pior.
Em relação ao próprio orçamento, os que dizem que a situação está melhor somam 17,7%. No mês anterior, eles representavam 18,5% dos entrevistados. Houve aumento significativo entre os que crêem que a situação fique igual: o percentual passou de 63,7% para 65,3% em novembro. Esse indicador costuma ter comportamento mais constante do que a avaliação da situação do país. Para os próximos seis meses, 55,9% esperam que a situação seja melhor e 6,1%, que ela piore.
O aumento do juro em 1,25 ponto percentual desde setembro não foi citado espontaneamente pelos entrevistados. Apesar disso, a FGV diz que já começou a pesar na opinião dos consumidores. "O impacto do juro se dá pelo encarecimento do crédito e, no curto prazo, é uma forma de alterar o sentimento do consumidor sobre a perspectiva de compra nos próximos meses", diz o economista da FGV, Aloísio Campelo.
De acordo com Campelo, a principal indicação da pesquisa refere-se à propensão do consumidor para comprar. Após o aumento dos juros, a disposição para adquirir bens de alto valor nos próximos seis meses caiu sensivelmente: 53,6% dos consumidores pretendem gastar menos no futuro com bens duráveis. Apenas 15,5% dos entrevistados estão dispostos a gastar mais.
A alta dos juros, porém, não foi o único fator a afetar a disposição do consumidor. Campelo cita o esgotamento do ciclo de endividamento com a melhora da economia. "Os consumidores já se endividaram nos últimos meses para comprar bens duráveis."
Segundo ele, as principais preocupações mencionadas pelos entrevistados se referem ao mercado de trabalho e ao controle da inflação. "Nos últimos meses a evolução desses indicadores não foi de acordo com o que o consumidor esperava anteriormente."
Mais consumidores afirmam que será difícil encontrar trabalho nos próximos seis meses. Em novembro, o percentual chega a 49%. No mês anterior, fora de 46,7%. O número de entrevistados que dizem que será mais fácil arranjar emprego passou de 15% para 14,4% em novembro.
"Depois de mais de uma década em que a economia crescia em períodos curtos e entrava em recessão em seguida, é natural que o consumidor esteja desconfiado quanto à sustentabilidade dessa retomada nos próximos anos", afirmou. Apesar da piora nas expectativas, Campelo afirma que ainda é cedo para dizer que houve uma inversão de tendência.


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