São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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Redes de varejo fecham compras até a Páscoa com dólar cotado a R$ 3

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes varejistas já fecharam boa parte das encomendas de importados para a Páscoa e para o Dia das Mães -nesse caso, cerca de 90% está contratado- com o dólar em um patamar de R$ 3,00 a R$ 3,10. Há um movimento de antecipar o máximo possível as negociações para 2005 e, nesse cenário, ninguém está trabalhando com a hipótese de um dólar fraco, nos níveis atuais.
Como resultado, há pouca probabilidade de que o consumidor ganhe com os tropeços da moeda americana. Isso ocorreria se as empresas estivessem negociando ou comprando grandes volumes de itens com o dólar baixo.
Ninguém trabalha com as cotações atuais -o dólar fechou ontem a R$ 2,73 -porque as previsões das redes caminham para uma recuperação da moeda, e a atual fragilidade do dólar, acreditam as redes, reflete questões pontuais, como a queda do risco Brasil e o fenômeno mundial de queda na cotação da moeda.
"Precisamos fazer uma avaliação de custo da importação e, nessa análise, todas as compras que faço é a R$ 3, R$ 3,10. Fica complicado arriscar uma taxa mais baixa e, na hora de fechar o negócio, a moeda estiver subindo", diz Marcelo Ubriaco, diretor de importação do grupo Pão de Açúcar.
A questão é que, se a loja fecha um contrato, ou faz uma previsão de gasto com compras do exterior com a moeda estrangeira a R$ 2,80, por exemplo, e a cotação é pressionada, o custo daquela operação sobe. Por conservadorismo, trabalha-se com estimativas mais elevadas para a moeda.
Eletrônicos da Ásia e determinados alimentos importados (bacalhau, frutas secas) que chegam ao país precisam ser pagos pela empresa importadora com o dólar médio da semana.
Segundo Ubriaco, do Pão de Açúcar, 90% das compras importadas do grupo para o próximo Dia das Mães foram finalizadas, assim como boa parte da compra de Páscoa. A rede Carrefour também informa que está com as compras adiantadas.

Efeito para o consumidor
Existe uma possibilidade pequena de que o consumidor possa ser favorecido com essa baixa na cotação do dólar. Algumas redes aproveitaram o tropeço da moeda estrangeira e fecharam compras relâmpago de itens importados. Com isso, podem trazer o produto mais barato para o país.
Além disso, como a loja paga a encomenda com o dólar médio da semana, quem recebeu itens para venda de Natal nos últimos dias pagou menos pelo produto.
Mas essa possível economia é pontual. Ela pode acontecer com um lote que calhou de entrar no país neste momento em que a moeda estrangeira está desvalorizada. O Wal-Mart, por exemplo, diz que suas compras são feitas com antecedência e que, portanto, a desvalorização pontual do dólar não está relacionada ao atual movimento de alta na compra de importados para o Natal.
Eventuais benefícios dessa queda da moeda, no entanto, tendem a ser repassados, diz a empresa.
Os DVDs e Mini DVDs da marca própria Durabrand custarão neste Natal R$ 299 e R$ 268, respectivamente. O Home Theater, lançado em 2003, também da marca Durabrand, voltou a ser importado. Custará R$ 398.
"Com o dólar mais barato, o que é possível compramos à vista aproveitando a moeda, mas isso é minoria", diz Ubriaco. A rede comprou um lote de DVDs fabricados na China em setembro, em uma compra de oportunidade. O lote foi embarcado em novembro e chegou ao Brasil nesta semana.


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