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Redes de varejo fecham compras até a Páscoa com dólar cotado a R$ 3
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Grandes redes varejistas já fecharam boa parte das encomendas de importados para a Páscoa e
para o Dia das Mães -nesse caso,
cerca de 90% está contratado-
com o dólar em um patamar de
R$ 3,00 a R$ 3,10. Há um movimento de antecipar o máximo
possível as negociações para 2005
e, nesse cenário, ninguém está trabalhando com a hipótese de um
dólar fraco, nos níveis atuais.
Como resultado, há pouca probabilidade de que o consumidor
ganhe com os tropeços da moeda
americana. Isso ocorreria se as
empresas estivessem negociando
ou comprando grandes volumes
de itens com o dólar baixo.
Ninguém trabalha com as cotações atuais -o dólar fechou ontem a R$ 2,73 -porque as previsões das redes caminham para
uma recuperação da moeda, e a
atual fragilidade do dólar, acreditam as redes, reflete questões
pontuais, como a queda do risco
Brasil e o fenômeno mundial de
queda na cotação da moeda.
"Precisamos fazer uma avaliação de custo da importação e, nessa análise, todas as compras que
faço é a R$ 3, R$ 3,10. Fica complicado arriscar uma taxa mais baixa
e, na hora de fechar o negócio, a
moeda estiver subindo", diz Marcelo Ubriaco, diretor de importação do grupo Pão de Açúcar.
A questão é que, se a loja fecha
um contrato, ou faz uma previsão
de gasto com compras do exterior
com a moeda estrangeira a R$
2,80, por exemplo, e a cotação é
pressionada, o custo daquela operação sobe. Por conservadorismo,
trabalha-se com estimativas mais
elevadas para a moeda.
Eletrônicos da Ásia e determinados alimentos importados (bacalhau, frutas secas) que chegam
ao país precisam ser pagos pela
empresa importadora com o dólar médio da semana.
Segundo Ubriaco, do Pão de
Açúcar, 90% das compras importadas do grupo para o próximo
Dia das Mães foram finalizadas,
assim como boa parte da compra
de Páscoa. A rede Carrefour também informa que está com as
compras adiantadas.
Efeito para o consumidor
Existe uma possibilidade pequena de que o consumidor possa
ser favorecido com essa baixa na
cotação do dólar. Algumas redes
aproveitaram o tropeço da moeda
estrangeira e fecharam compras
relâmpago de itens importados.
Com isso, podem trazer o produto mais barato para o país.
Além disso, como a loja paga a
encomenda com o dólar médio
da semana, quem recebeu itens
para venda de Natal nos últimos
dias pagou menos pelo produto.
Mas essa possível economia é
pontual. Ela pode acontecer com
um lote que calhou de entrar no
país neste momento em que a
moeda estrangeira está desvalorizada. O Wal-Mart, por exemplo,
diz que suas compras são feitas
com antecedência e que, portanto, a desvalorização pontual do
dólar não está relacionada ao
atual movimento de alta na compra de importados para o Natal.
Eventuais benefícios dessa queda da moeda, no entanto, tendem
a ser repassados, diz a empresa.
Os DVDs e Mini DVDs da marca própria Durabrand custarão
neste Natal R$ 299 e R$ 268, respectivamente. O Home Theater,
lançado em 2003, também da
marca Durabrand, voltou a ser
importado. Custará R$ 398.
"Com o dólar mais barato, o que
é possível compramos à vista
aproveitando a moeda, mas isso é
minoria", diz Ubriaco. A rede
comprou um lote de DVDs fabricados na China em setembro, em
uma compra de oportunidade. O
lote foi embarcado em novembro
e chegou ao Brasil nesta semana.
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