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AVANÇO GLOBAL
Títulos da dívida brasileira lideram preferência dos investidores internacionais no terceiro trimestre, aponta relatório
Procura por papéis de emergentes sobe 35%
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Livres dos temores de uma elevação abrupta das taxas de juros
nos Estados Unidos e com a perspectiva de retornos mais atraentes, os investidores em títulos da
dívida dos países emergentes voltaram às compras.
No terceiro trimestre de 2004, o
volume negociado mo mercado
de dívidas ficou em US$ 1,342 trilhão, segundo relatório da EMTA,
organização que compila dados
de investidores internacionais. A
cifra representa um acréscimo de
35% sobre o trimestre anterior,
no qual houve uma movimentação de US$ 997 bilhões.
Os papéis brasileiros lideram a
preferência dos investidores internacionais e representam um
terço desse volume, com US$ 448
bilhões. O valor mostra uma alta
de 38% em relação ao segundo
trimestre deste ano. O México
aparece em segundo lugar na proporção de títulos negociados, com
23% do total. A Rússia aparece em
terceiro com uma fatia de 8%.
Arturo Porzecanski, chefe de
pesquisas de mercados emergentes do ABN Amro, em Nova York,
afirma que as condições globais
têm favorecido os títulos desses
países. Na sua avaliação, as possibilidades de retorno em papéis da
Europa, dos Estados Unidos e do
Japão caíram fortemente ao longo
deste ano. Somado a isso, há também o cenário de um crescimento
menos expressivo dos países desenvolvidos. A OCDE (organização que reúne as economias mais
ricas do mundo) reviu a sua previsão de expansão da economia
de seus membros de 3,3% para
2,9% no próximo ano.
Esse ambiente favorece a atratividade dos emergentes, mas Porzecanski também enumera fatores internos. "Houve muitas notícias reconfortantes nos próprios
mercados emergentes, sobretudo
com uma corrente de elevações
dos "ratings" [notas de crédito] de
países mais arriscados como Brasil, Turquia e Venezuela", diz.
Em relatório, o economista do
ABN Amro avalia a economia
brasileira."Agora que a economia
cresce vigorosamente, que o desemprego está caindo e que a cotação do real está estável, há menos razão para acreditar que o
presidente Lula da Silva vai abandonar a sua política econômica e
mudar de rumo", diz o texto. No
documento para investidores,
Porzecanski aponta o Brasil como
um dos mercados mais atraentes
no próximo ano.
A corretora internacional
Schroders é outra que argumenta
que o desempenho dos emergentes em 2005 deve continuar positivo, especialmente para o Brasil.
"Nossa melhor posição de avaliação do mercado é no Brasil, onde
as valorizações são atraentes e onde o crescimento parece bem
apoiado em 2005", avaliou em relatório. A companhia administra
carteiras que totalizam 99,8 bilhões libras [R$ 521 bilhões].
Depois de um período de alta no
começo deste ano, os mercados
emergentes passaram por um período de forte turbulência em
abril. Na ocasião, especulava-se
que o crescimento da economia
dos EUA levaria a uma elevação
das taxas de juros praticadas pelo
Fed (banco central norte-americano). Diante da possibilidade de
juros mais altos nos EUA, os títulos dos países emergentes, considerados de maior risco, viveram
uma saída de investidores.
Agora, há um maior grau de otimismo, mas com algumas reservas. "Se o declínio do dólar se tornar desordenado e a turbulência
nos mercados de câmbio se espalhar, uma venda de títulos da dívida pode estar no horizonte", diz
estudo da EIU (Economist Intelligence Unit). A EIU também
aponta a queda dos preços das
commodities como fator de risco.
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