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Embraer só perde para Boeing e Airbus em jatos comerciais
Com avião de até 118 lugares, empresa brasileira ultrapassa
Bombardier e obtém pedidos no valor recorde de US$ 13,3 bi
Empresa passou a atuar em
segmento no qual não há
concorrência; preço maior
das aeronaves elevou o
valor da carteira de pedidos
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A brasileira Embraer superou sua maior concorrente, a
canadense Bombardier, e assumiu o posto de terceira maior
fabricante de jatos comerciais
do mundo, atrás apenas da
Boeing e da Airbus.
No dia 20 de novembro, a
Embraer tinha pedidos firmes
de 454 aviões, 417% a mais que
a Bombardier, segundo a consultoria norte-americana Back
Aviation Solutions. Os dados
não incluem o segmento de jatos executivos, no qual a canadense tem maior participação.
"A Embraer não pode mais
ser ignorada pelos investidores
globais no setor aeroespacial e
deve ser considerada ao lado de
Boeing e Airbus", escreveu o
analista Ronald Epstein em relatório da Merrill Lynch divulgado no dia 20 de novembro.
O que mudou a posição da
empresa brasileira foi a decisão
de produzir uma família de
aviões maiores que os jatos regionais de até 50 lugares que
eram sua marca registrada.
Com capacidade para até 118
passageiros, as novas aeronaves começaram a chegar ao
mercado em 2004, em um momento de recuperação da aviação comercial e de saturação do
mercado norte-americano para
aviões de pequeno porte.
Maior cliente da aviação
mundial, os Estados Unidos são
o principal destino dos aviões
da Embraer, que exporta quase
toda a sua produção.
Outro fator que catapultou as
vendas da companhia foi a virtual ausência de concorrência
no segmento de aviões de 70 a
120 lugares, alvo da nova família, batizada de 170/190.
O mercado de aviação é dividido entre as grandes Boeing e
Airbus, que fabricam aviões
com mais de 120 lugares, e
Bombardier e Embraer, que investiam em jatos menores.
A empresa, sediada em São
José dos Campos (SP), decidiu
ocupar o espaço vazio entre os
aviões regionais e os de grande
porte. Lançado em 1999, o projeto consumiu investimentos
de US$ 1 bilhão e começou a dar
frutos em 2004, com a entrega
dos primeiros E-170 para a polonesa Lot, a italiana Alitalia e a
norte-americana US Airways.
Mas o grande sucesso da família, o E-190, só saiu da linha
de montagem em setembro de
2005, para integrar a frota da
Jet Blue (EUA), que comprou
101 aeronaves. Um ano depois,
começou a ser entregue o último modelo, o E-195.
"Não há nada no mercado
nesse tamanho", afirma Gueric
Dechavanne, diretor da Back
Aviation Solutions.
O sucesso se reflete no aumento do número de pedidos.
No fim de 2005, a Embraer tinha US$ 10,4 bilhões em carteira, pouco menos que os US$
10,7 bilhões da Bombardier
-esses números incluem aviação comercial e executiva.
Os resultados do terceiro trimestre de 2006 mostram que a
empresa brasileira já tinha US$
13,3 bilhões de pedidos em carteira, comparados a US$ 11,7 bilhões da canadense.
"Esse é o mais alto nível de
pedidos da história da Embraer", destaca Caio Dias, analista de aviação e transporte do
Santander. A principal razão
para a brasileira ter superado a
canadense no valor dos pedidos
é o maior preço dos aviões da
família 170/190. O maior deles,
o E-195, custa US$ 35 milhões,
60% a mais que o maior jato regional, o RJ-145, de 50 lugares.
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