São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Lula anuncia mais R$ 1 bi para TV digital

Na inauguração das transmissões, presidente diz que varejo terá recursos do BNDES para tornar equipamento mais acessível

Governo já havia lançado financiamento de R$ 1 bi para emissoras no início do ano; novidade chega a SP ainda de forma limitada

ELVIRA LOBATO
EM SÃO PAULO

Na estréia da TV digital aberta, ontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma linha de financiamento para tornar mais acessíveis os preços dos conversores digitais, que chegaram ao mercado por até R$ 1.100. "Determinei ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, que desenvolva um programa de incentivo à implantação da TV digital no valor de R$ 1 bilhão. Ele irá dar apoio à rede varejista para baratear a venda do conversor que permite a recepção do sinal digital nos televisores analógicos", afirmou.
Em fevereiro, o governo já tinha anunciado um programa do BNDES, também de R$ 1 bilhão, para fornecedores de equipamentos, empresas de radiodifusão e produção de programas na nova tecnologia. A nova linha, segundo informação da assessoria do BNDES, seguirá o modelo de financiamento do programa Computador para Todos, em que os recursos são liberados para a rede varejista, para que financiem o consumidor.
Havia a expectativa de que o presidente Lula anunciaria redução de impostos para a produção dos conversores no Brasil, o que não ocorreu. Mas o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse à Folha que, dentro do governo, ainda há estudos nesse sentido. Uma platéia de cerca de mil convidados presenciou a estréia da TV digital, em evento realizado na Sala São Paulo, no centro da capital paulista.
Eram esperados 1.200 convidados, mas muitos lugares ficaram vazios, principalmente nos camarotes reservados aos mais vips. Um número certamente bem inferior de telespectadores deve ter assistido, em casa, às primeiras transmissões com sinal digital e em alta definição. A nova tecnologia chega incompleta, sem interatividade e ainda com poucos programas em alta definição produzidos pelas emissoras.
Seguindo o cronograma do Ministério das Comunicações, a nova tecnologia chega primeiro à Grande São Paulo e deve alcançar todas as cidades brasileiras apenas em 2013. "A TV não pode se tornar cara e inacessível à maioria da população. Tem de ser um fator de inclusão, e nunca de exclusão", disse o presidente, em pronunciamento transmitido em cadeia nacional, a partir das 20h30, acrescentando que a tecnologia vai permitir um "grande salto" tecnológico, econômico e social ao país. "É uma verdadeira revolução."
Além dele, os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Hélio Costa (Comunicações) discursaram, na transmissão em pool, de 12 minutos, de Globo, SBT, Record, Rede TV!, Bandeirantes e TV Cultura. A transmissão terminou com clipe com imagens de programas de várias emissoras e épocas. A opção pelo padrão japonês (que só existe naquele país), acrescida de modificações feitas no Brasil, como o software Ginga para interatividade, encareceu o custo da nova tecnologia, que chegou às lojas no final da semana passada a preços bem acima dos cerca de R$ 200 prometidos por Costa.
Aliás, dias antes da inauguração do sistema, Costa pediu à população para não comprar os conversores imediatamente e disse que o preço de R$ 1.100 (o conversor mais caro, para alta definição) é um "disparate". Ontem, em seu discurso, reforçou: "O preço vai cair".
Um dos empresários presentes ao evento, Eugênio Staub, presidente da Gradiente, afirmou que não é o incentivo fiscal que vai fazer a diferença para a redução de preço do conversor e lembrou que os primeiros aparelhos de DVD custavam cerca de R$ 2.000 há dez anos. Para ele, o que vai baixar o preço é o aumento de escala, que só será conseguido com o crescimento da demanda.
"A TV digital vai acontecer gradativamente", disse o empresário, acrescentando que a nova tecnologia só vai deslanchar mesmo em 2009. Staub afirmou que a Gradiente vai lançar nos próximos dias, por R$ 899, um conversor já preparado para receber o Ginga.
Conforme antecipado pela Folha, a empresa fechou contrato com a Totvs e a Quality para produzir o Ginga por R$ 5 por equipamento. O aparelho vai ser produzido em Manaus.


Colaborou TATIANA RESENDE , da Redação

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