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Lula anuncia mais R$ 1 bi para TV digital
Na inauguração das transmissões, presidente diz que varejo terá recursos do BNDES para tornar equipamento mais acessível
Governo já havia lançado financiamento de R$ 1 bi para emissoras no início do ano; novidade chega a SP ainda de forma limitada
ELVIRA LOBATO
EM SÃO PAULO
Na estréia da TV digital aberta, ontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma linha de financiamento para tornar mais
acessíveis os preços dos conversores digitais, que chegaram
ao mercado por até R$ 1.100.
"Determinei ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, o BNDES,
que desenvolva um programa
de incentivo à implantação da
TV digital no valor de R$ 1 bilhão. Ele irá dar apoio à rede varejista para baratear a venda do
conversor que permite a recepção do sinal digital nos televisores analógicos", afirmou.
Em fevereiro, o governo já tinha anunciado um programa
do BNDES, também de R$ 1 bilhão, para fornecedores de
equipamentos, empresas de radiodifusão e produção de programas na nova tecnologia.
A nova linha, segundo informação da assessoria do
BNDES, seguirá o modelo de financiamento do programa
Computador para Todos, em
que os recursos são liberados
para a rede varejista, para que
financiem o consumidor.
Havia a expectativa de que o
presidente Lula anunciaria redução de impostos para a produção dos conversores no Brasil, o que não ocorreu. Mas o ministro das Comunicações,
Hélio Costa, disse à Folha que,
dentro do governo, ainda há estudos nesse sentido.
Uma platéia de cerca de mil
convidados presenciou a estréia da TV digital, em evento
realizado na Sala São Paulo, no
centro da capital paulista.
Eram esperados 1.200 convidados, mas muitos lugares ficaram vazios, principalmente
nos camarotes reservados aos
mais vips. Um número certamente bem inferior de telespectadores deve ter assistido,
em casa, às primeiras transmissões com sinal digital e em
alta definição. A nova tecnologia chega incompleta, sem interatividade e ainda com poucos
programas em alta definição
produzidos pelas emissoras.
Seguindo o cronograma do
Ministério das Comunicações,
a nova tecnologia chega primeiro à Grande São Paulo e deve alcançar todas as cidades
brasileiras apenas em 2013.
"A TV não pode se tornar cara e inacessível à maioria da população. Tem de ser um fator
de inclusão, e nunca de exclusão", disse o presidente, em
pronunciamento transmitido
em cadeia nacional, a partir das
20h30, acrescentando que a
tecnologia vai permitir um
"grande salto" tecnológico,
econômico e social ao país. "É
uma verdadeira revolução."
Além dele, os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Hélio Costa (Comunicações) discursaram, na transmissão em pool, de 12 minutos, de Globo,
SBT, Record, Rede TV!, Bandeirantes e TV Cultura. A
transmissão terminou com clipe com imagens de programas
de várias emissoras e épocas.
A opção pelo padrão japonês
(que só existe naquele país),
acrescida de modificações feitas no Brasil, como o software
Ginga para interatividade, encareceu o custo da nova tecnologia, que chegou às lojas no final da semana passada a preços
bem acima dos cerca de R$ 200
prometidos por Costa.
Aliás, dias antes da inauguração do sistema, Costa pediu à
população para não comprar os
conversores imediatamente e
disse que o preço de R$ 1.100 (o
conversor mais caro, para alta
definição) é um "disparate".
Ontem, em seu discurso, reforçou: "O preço vai cair".
Um dos empresários presentes ao evento, Eugênio Staub,
presidente da Gradiente, afirmou que não é o incentivo fiscal que vai fazer a diferença para a redução de preço do conversor e lembrou que os primeiros aparelhos de DVD custavam cerca de R$ 2.000 há dez
anos. Para ele, o que vai baixar
o preço é o aumento de escala,
que só será conseguido com o
crescimento da demanda.
"A TV digital vai acontecer
gradativamente", disse o empresário, acrescentando que a
nova tecnologia só vai deslanchar mesmo em 2009. Staub
afirmou que a Gradiente vai
lançar nos próximos dias, por
R$ 899, um conversor já preparado para receber o Ginga.
Conforme antecipado pela Folha, a empresa fechou contrato
com a Totvs e a Quality para
produzir o Ginga por R$ 5 por
equipamento. O aparelho vai
ser produzido em Manaus.
Colaborou TATIANA RESENDE , da Redação
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