São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Sadia abre na Rússia sua 1ª indústria no exterior

Empresa investiu US$ 93 milhões na nova unidade

CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A KALININGRADO

A Sadia inaugurou no sábado, em Kaliningrado, Rússia, a sua primeira fábrica no exterior. Fruto de uma joint venture com a russa Miratorg, a unidade, batizada de Concórdia, recebeu investimentos de US$ 93 milhões e produzirá inicialmente 53 mil toneladas anuais de embutidos, empanados e outros produtos com as marcas Sadia e Myasnaya Guildia (Clube da Carne), linha mais popular da empresa para o país.
Fechada a outras nações até 1992, a cidade próxima ao mar Báltico foi escolhida por algumas razões estratégicas. Espécie de zona franca e único porto russo que não congela durante o inverno, Kaliningrado isenta as empresas de imposto de importação de matérias-primas, desde que um mínimo de 30% do valor do produto seja fabricado no país. Esses impostos equivalem entre 4% e 5% do preço final dos itens.
Com a abertura da fábrica, a Sadia também fica fora das cotas de importação adotadas pela Rússia. Se houver novamente um bloqueio a carnes brasileiras, suspenso recentemente, a empresa também contará com a posição estratégica, que garantirá acesso ao mercado responsável por 21% dos US$ 2,2 bilhões que exporta ao ano. A Sadia detém 60% da sociedade com a Miratorg, distribuidora dos produtos da marca na região há mais de dez anos.
Além do parceiro especializado em logística, a empresa tem como uma espécie de avalista da nova fábrica a operação do McDonald's na Rússia, uma das que mais crescem no mundo e cujas vendas aumentaram 30% neste ano. A Sadia se tornará fornecedora exclusiva dos produtos processados de frango para a rede na Rússia e nas antigas repúblicas soviéticas. Com isso, 25% da produção da nova fábrica irá para o abastecimento do McDonald's.
"Já tínhamos forte presença em Moscou e São Petersburgo, mas o fato de sermos fornecedores mundiais do McDonald's e de termos uma linha dedicada exclusivamente a eles foi fator preponderante para a decisão de investimento", diz Gilberto Tomazoni, presidente da Sadia.
Apesar de o PIB russo ter crescido em média 7% ao ano no decorrer dos últimos anos e de o país ter alcançado o "invesment grade" (boa nota de avaliação para investidores estrangeiros), montar a fábrica na Rússia não foi tarefa simples, diz Tomazoni. O país ainda se acostuma a um ambiente de regras mais claras e estáveis e sofre com a burocracia e a falta de infra-estrutura. Conseguir facilidades cotidianas, como acesso à internet, é bastante difícil, mesmo em hotéis cinco estrelas. "Se fosse fácil, os concorrentes já estariam aqui", afirma Walter Fontana, presidente do conselho da empresa.
Com grande parte das construções de Kaliningrado destruída na ocupação bolchevique e bombardeada intensamente durante a 2ª Guerra Mundial, a Sadia verificou os efeitos dos conflitos durante a construção da fábrica. Foram encontradas nada menos do que 82 bombas não detonadas no terreno, retiradas pelo Exército russo. Só após essa vistoria -e muitas outras autorizações de diversos tipos de autoridade, que encareceram o custo da obra em US$ 20 milhões-, a empresa pode erguer a fábrica, que gera 700 empregos diretos.
"O dólar subapreciado permite investir no exterior", diz Luiz Fernando Furlan, ex-ministro e acionista, que esteve na inauguração. "O mercado emergente é muito importante para a expansão internacional."


A jornalista CRISTIANE BARBIERI viajou a convite da Sadia.


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