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Sadia abre na Rússia sua 1ª indústria no exterior
Empresa investiu US$ 93 milhões na nova unidade
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A KALININGRADO
A Sadia inaugurou no sábado,
em Kaliningrado, Rússia, a sua
primeira fábrica no exterior.
Fruto de uma joint venture
com a russa Miratorg, a unidade, batizada de Concórdia, recebeu investimentos de US$ 93
milhões e produzirá inicialmente 53 mil toneladas anuais
de embutidos, empanados e
outros produtos com as marcas
Sadia e Myasnaya Guildia (Clube da Carne), linha mais popular da empresa para o país.
Fechada a outras nações até
1992, a cidade próxima ao mar
Báltico foi escolhida por algumas razões estratégicas. Espécie de zona franca e único porto
russo que não congela durante
o inverno, Kaliningrado isenta
as empresas de imposto de importação de matérias-primas,
desde que um mínimo de 30%
do valor do produto seja fabricado no país. Esses impostos
equivalem entre 4% e 5% do
preço final dos itens.
Com a abertura da fábrica, a
Sadia também fica fora das cotas de importação adotadas pela Rússia. Se houver novamente um bloqueio a carnes brasileiras, suspenso recentemente,
a empresa também contará
com a posição estratégica, que
garantirá acesso ao mercado
responsável por 21% dos US$
2,2 bilhões que exporta ao ano.
A Sadia detém 60% da sociedade com a Miratorg, distribuidora dos produtos da marca na
região há mais de dez anos.
Além do parceiro especializado
em logística, a empresa tem como uma espécie de avalista da
nova fábrica a operação do
McDonald's na Rússia, uma das
que mais crescem no mundo e
cujas vendas aumentaram 30%
neste ano. A Sadia se tornará
fornecedora exclusiva dos produtos processados de frango
para a rede na Rússia e nas antigas repúblicas soviéticas. Com
isso, 25% da produção da nova
fábrica irá para o abastecimento do McDonald's.
"Já tínhamos forte presença
em Moscou e São Petersburgo,
mas o fato de sermos fornecedores mundiais do McDonald's
e de termos uma linha dedicada
exclusivamente a eles foi fator
preponderante para a decisão
de investimento", diz Gilberto
Tomazoni, presidente da Sadia.
Apesar de o PIB russo ter
crescido em média 7% ao ano
no decorrer dos últimos anos e
de o país ter alcançado o "invesment grade" (boa nota de avaliação para investidores estrangeiros), montar a fábrica na
Rússia não foi tarefa simples,
diz Tomazoni. O país ainda se
acostuma a um ambiente de regras mais claras e estáveis e sofre com a burocracia e a falta de
infra-estrutura. Conseguir facilidades cotidianas, como
acesso à internet, é bastante difícil, mesmo em hotéis cinco estrelas. "Se fosse fácil, os concorrentes já estariam aqui", afirma
Walter Fontana, presidente do
conselho da empresa.
Com grande parte das construções de Kaliningrado destruída na ocupação bolchevique e bombardeada intensamente durante a 2ª Guerra
Mundial, a Sadia verificou os
efeitos dos conflitos durante a
construção da fábrica. Foram
encontradas nada menos do
que 82 bombas não detonadas
no terreno, retiradas pelo Exército russo. Só após essa vistoria
-e muitas outras autorizações
de diversos tipos de autoridade,
que encareceram o custo da
obra em US$ 20 milhões-, a
empresa pode erguer a fábrica,
que gera 700 empregos diretos.
"O dólar subapreciado permite investir no exterior", diz
Luiz Fernando Furlan, ex-ministro e acionista, que esteve na
inauguração. "O mercado
emergente é muito importante
para a expansão internacional."
A jornalista CRISTIANE BARBIERI viajou
a convite da Sadia.
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