São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Dólar sobe 3% com ação de especulador e vai a R$ 2,392

Bolsa sobe 0,75%; petróleo já caiu US$ 100 desde julho

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de câmbio destoou do rumo tomado pelas Bolsas de Valores. O dólar saltou 3,10% diante do real, para terminar as operações negociado a R$ 2,392, na segunda maior cotação do ano.
Com o Banco Central fora do mercado nos últimos dois dias, o dólar não encontrou resistências para encerrar com alta elevada. Na máxima do dia, alcançou R$ 2,426.
Analistas apontaram que o fator especulativo deu o tom no mercado de câmbio ontem, com investidores à espera da retomada das intervenções do BC. Desde o começo de outubro, quando a apreciação da moeda americana explodiu, a autoridade monetária esteve atuante no mercado praticamente todos os dias.
O dólar acumula valorização de 54% desde seu piso alcançado no começo de agosto, quando rondava R$ 1,55. No ano, a alta está em 34,61%; no mês, a apreciação chega a 3,33%.
"O BC parece que percebeu que estava alimentando a especulação e não estava atingindo seus objetivos [ao vender "swap cambial']. Agora que se ausentou, deixando de fazer leilão de "swap cambial", os especuladores passaram a puxar a taxa, como forma de chamar o BC de volta ao mercado", avalia Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO.
O "swap cambial" é um título vendido pelo BC que rende a variação da moeda ao investidor que o compra. Em troca, esses investidores pagam uma taxa de juros ao BC. Se forem consideradas as diferentes frentes de atuação no câmbio -"swap", leilões de dólares e de recursos à exportação-, o BC já utilizou mais de US$ 55 bilhões, sem conseguir reduzir a cotação da moeda. O BC diz que não tem meta cambial.
No mercado futuro, os investidores estrangeiros têm mantido firmes suas apostas no dólar apreciado. Isso pode ser constatado a partir do montante das "posições compradas" em dólar. Quanto maior essas posições são, mais indicam que os investidores esperam que o dólar não recue -se isso ocorresse, perderiam dinheiro devido aos contratos que detêm.
As posições líquidas compradas em dólar dos estrangeiros têm se mantido nos últimos dias em seus picos históricos na BM&F. Na segunda-feira, estavam em US$ 12 bilhões. Há cerca de 40 dias, rondavam os US$ 7 bilhões.
A última pesquisa semanal do BC, realizada junto a cem instituições financeiras, mostra que a expectativa é a de que o dólar esteja a R$ 2,20 no fim de 2008. Essa projeção tem se deteriorado a cada semana. Há um mês, o mercado esperava que a moeda estivesse a R$ 2 no encerramento de 2008. Hoje o BC fará leilão de até US$ 2 bilhões em recursos a operações de exportação.

Bovespa
Após um começo de semana bastante ruim, as Bolsas conseguiram respirar ontem. A Bovespa se manteve com ganhos mais fortes durante boa parte do pregão, mas encerrou com alta pequena, de 0,75%, aos 35 mil pontos. Mesmo com a notícia negativa do recuo da produção da indústria brasileira, a Bovespa operou em alta durante todo o pregão e chegou a subir 2,86% em seu melhor momento.
A ação preferencial da Petrobras recuou 0,54%. Ontem o barril de petróleo recuou para US$ 46,96, em baixa de 4,7% em Nova York. Desde seu pico registrado em julho, o petróleo já perdeu mais de US$ 100.
Nos EUA, o resultado das Bolsas foi melhor -o índice Dow Jones subiu 3,31%, após a queda de 7,7% anteontem. Em Londres, a alta ficou em 1,41%.


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