São Paulo, quinta-feira, 03 de dezembro de 2009

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Reação da indústria avança, diz IBGE

Produção em outubro cresce 2,2% em comparação a setembro, no 10º resultado positivo consecutivo

Aumento da confiança dos empresários na retomada da economia leva ao aumento de investimentos, segundo estudo do IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A indústria deu sinais mais claros de recuperação em outubro e já aponta uma retomada dos investimentos, segundo o IBGE. A produção cresceu 2,2% na comparação livre de efeitos sazonais com setembro -o décimo resultado positivo consecutivo. Já em relação a outubro de 2008, houve queda de 3,2% -a menor desde novembro de 2008, quando o setor sentiu o baque da crise.
Em outubro, a fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos), principal indicador de novos investimentos, subiu pelo segundo mês seguido: 5,9% ante setembro -mês em que já havia registrado uma alta de 5%.
"O dado de outubro da indústria consolida o quadro de recuperação do nível de atividade da economia e, mais importante, traça um cenário de retorno dos investimentos", afirma Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco.
Apesar do otimismo, a indústria ainda acumula uma perda de 10,7% de janeiro a outubro e deve fechar o ano com uma retração recorde entre 7% e 8% ante o ano passado, segundo estimativas de especialistas.
Para Isabela Nunes Pereira, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, a maior confiança dos empresários, porém, é um ingrediente novo no cenário de reação da indústria e permitiu o crescimento dos investimentos.
Até então, os investimentos patinavam e setores mais dinâmicos eram puxados pelo mercado interno de consumo -estimulado pelo crescimento contínuo da massa salarial, pela retomada do crédito e pelo corte de tributos. É o caso de bens duráveis, cuja produção cresceu 5,9% de setembro para outubro, sob impacto da expansão de veículos e eletrodomésticos de linha branca.
De setembro para outubro, a produção de veículos teve o maior crescimento do ano -11,2%. Foi impulsionada pelas vendas de caminhões (que contam com crédito especial do BNDES) e pelas encomendas para repor os estoques baixos de automóveis.
Em setembro, as vendas dispararam por causa da previsão do fim da desoneração de IPI -prorrogada apenas para modelos até mil cilindradas.
Tal efeito de antecipação das compras de automóveis levou a produção a crescer pela primeira vez na comparação anual desde o começo da crise -9,7% em relação a outubro de 2008.
Com a reação em outubro, alguns setores zeraram as perdas provocadas pela turbulência global e já voltaram a crescer no saldo estimado pelo IBGE entre setembro de 2008 e outubro de 2009. Estão nessa lista bebidas, alimentos, móveis, perfumaria e produtos de limpeza e farmacêutica -todos voltados para o mercado interno.

Otimismo para o Natal
Para Taís Marzola Zara, da Rosenberg e Associados, os dados de outubro "ratificam" a tendência de reação da indústria e embutem uma perspectiva mais otimista para o Natal deste ano. Mas, diz, o "sinal mais positivo" veio mesmo do novo fôlego dos investimentos.
Segundo Ariadne Vitoriano, da Tendências, a trajetória da indústria é de ascensão em novembro e dezembro graças principalmente à fraca base de comparação nesses meses em 2008, quando a crise se abateu sobre a indústria.
Analistas ouvidos pela Folha preveem que a produção cresça na faixa de 5% a 6% em novembro e até 20% em dezembro.
Os fortes resultados vão reduzir as perdas registradas em 2008, mas não impedem o tombo recorde da indústria no ano passado, diz Zara.


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