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ARTIGO
Histórica, união econômica e monetária ainda está longe de completa
DO "FINANCIAL TIMES"
Finalmente. Depois de décadas como sonho, dez anos
como plano e três como moeda
virtual, o euro chegou.
Os detalhes prosaicos da introdução das cédulas e moedas de
euro ocultam sua importância
histórica. É um triunfo da vontade política sobre as objeções práticas. Seu lançamento físico é o
testamento de uma geração de líderes visionários que decidiram
seguir o seu sonho, muitas vezes
contra as tendências da opinião
pública. A reputação de Helmut
Kohl, ex-chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha, e do ex-presidente francês François Mitterrand se dissipou, mas as realizações dos dois, e de Jacques Delors,
então presidente da Comissão
Européia e líder intelectual do
projeto, são indisputáveis.
Complicações ainda são prováveis, à medida que as notas e moedas do euro chegam aos mercados e as velhas divisas são retiradas. Mas as dificuldades não se estenderão por muito tempo. As
preparações técnicas, sob a mão
firme do Banco Central Europeu,
foram impressionantes. A união
econômica e monetária está longe
de completa, no entanto. Resta
muito a fazer.
Primeiro, o BCE foi modelado
na estrutura que o Bundesbank
(banco central alemão) então empregava, em um momento em
que independência absoluta e
uma política monetária orientada
à estabilidade eram consideradas
as melhores garantias de credibilidade. Esses princípios básicos
continuam corretos. Mas seria
útil que as autoridades se envolvessem mais na discussão das metas inflacionárias e se comprometessem mais com elas.
Segundo, a estrutura de política
monetária do BCE terá de ser remodelada a fim de atender aos
novos membros. O processo de
decisão consensual em um conselho diretivo com 27 membros poderia reduzir a agilidade da política monetária.
Terceiro, o BCE e os ministros
das Finanças precisam restabelecer seu pacto: taxas de juros mais
baixas em troca de Orçamentos
equilibrados ao longo do ciclo
econômico e de reformas estruturais que aumentem o potencial de
crescimento. Os governos da zona
do euro precisam fazer mais para
tornar suas economias flexíveis
para enfrentar a união monetária
a longo prazo. A menos que haja
medidas que reduzam o custo das
populações envelhecidas da Europa para os Orçamentos públicos e que tragam aumento no nível de emprego, o peso dessa tendência retardará o crescimento.
Quarto, a adesão ao euro ficou
incompleta. A Suécia talvez decida aderir em breve. Isso talvez faça com que a Dinamarca reconsidere. O governo de Tony Blair decidirá em 18 meses se os britânicos cumprirão os critérios econômicos predeterminados. Ver o
euro em uso talvez ajude a muar
as percepções no Reino Unido.
Mas o argumento político em favor da adesão precisa ser apresentado, e a discussão, vencida.
A União Européia como um todo será julgada com base no sucesso ou fracasso do euro.
Muito depende do desempenho
econômico subjacente. Um euro
que produza crescimento e baixa
inflação ajudaria a restaurar a
confiança nas instituições da
União Européia. Ofereceria um
elo de coesão para a união. Mas, se
a moeda vier a significar estagnação, a União levará a culpa.
O euro não é simplesmente um
instrumento de transações monetárias. É também um símbolo dos
propósitos comuns europeus. E
isso traz um risco, além do desafio. A nova moeda agora se tornou tão irrevogável quanto possível para uma invenção humana
dessa natureza. É preciso que seja
um sucesso. Não há alternativa sã.
Tradução de Paulo Migliacci
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