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Dilma anuncia hoje mais R$ 130 bi para obras do PAC
Valor representa aumento de 26% nos gastos com programa de obras do governo
Verba extra, que inclui projetos do pré-sal, deve vir de novo fundo soberano e do BNDES; previsão de gasto total passa de R$ 634 bi
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) anuncia hoje a ampliação em cerca de R$ 130 bilhões do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
primeira turbinada de recursos
do programa criado em 2007.
Esse valor representa aumento de 26% da previsão inicial para o programa, de R$ 504
bilhões para R$ 634 bilhões. O
objetivo do governo é estimular
a economia na crise.
A maior parte dos recursos
adicionais virá do Fundo Soberano Nacional, criado no final
do ano passado e que conta com
R$ 14,2 bilhões, e do BNDES,
que recebeu um aporte de R$
100 bilhões do Tesouro Nacional no mês passado.
Também deverão ser incluídos como recursos do PAC os
investimentos que a Petrobras
vai fazer para exploração de petróleo na camada do pré-sal. As
regras de exploração devem ser
definidas neste semestre.
Embora o governo esteja ampliando os recursos do PAC, há
dificuldades em gastar o já
aprovado. O programa encerrou 2008 atingindo 15% da meta global até então de investimentos públicos e privados
previstos até 2010. Dados do
comitê de monitoramento do
Gabinete Civil da Presidência
da República, divulgados pela
Folha em dezembro, mostram
que, nos dois primeiros anos do
PAC, os investimentos privados e públicos (União e estatais) foram de R$ 98,2 bilhões,
com só R$ 16,9 bilhões vindos
da execução do Orçamento da
União nos dois últimos anos.
Na reunião ministerial de anteontem, Dilma fez um balanço
de uma hora e meia sobre os
dois anos do PAC e a necessidade de ampliar recursos como
forma de garantir política anticíclica na crise.
Em mensagem enviada ao
Congresso, na noite de segunda-feira, com as principais
ações para 2009, Lula afirmou
que, se o PAC não tivesse sido
lançado há dois anos, precisaria
criá-lo agora numa conjuntura
bem mais complicada.
Na primeira semana do mês,
dezenas de prefeitos de Rio de
Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e Minas Gerais foram chamados ao Planalto para
apresentar projetos de rápida
execução com recursos do PAC,
especialmente em obras de
drenagem. Nos dias 10 e 11, o
governo reunirá todos os prefeitos eleitos para pedir, entre
outras coisas, que apresentem
projetos que possam ser feitos
por meio do programa.
Além do aporte de recursos,
Dilma anuncia hoje novas
obras do PAC e a "limpeza" que
está sendo feita, retirando
obras que não evoluíram por
problemas de licença ambiental ou burocracia.
Um dia após o anúncio pela
candidata de Lula à sua sucessão, ambos inaugurarão no Tocantins a usina hidrelétrica São
Salvador, prevista antes para o
fim de março, o que para o governo comprovaria o sucesso
do programa. Já em março, Dilma iniciará o PAC da Mobilidade Urbana, para preparar o país
para a Copa de 2014.
Pré-sal
Para analistas, a ligação entre
o PAC, o pré-sal e o projeto político de Dilma está cada vez
mais clara: "Com essa decisão
[de incluir o pré-sal no PAC], o
governo associa definitivamente sua imagem e a de Dilma ao
projeto do pré-sal, que, mais
uma vez, passa a ser um instrumento de marketing político",
diz o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio.
Colaborou SAMANTHA LIMA ,
da Sucursal do Rio
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