São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2009

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PIB encolheu até 2% no quarto trimestre, estimam analistas

PEDRO SOARES
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Diante da retração da indústria no último trimestre e especialmente em dezembro, economistas refizeram suas projeções para o PIB e estimam uma queda entre 1,5% e 2% do terceiro para o quatro trimestre de 2008. Para o fechamento do ano passado, as perspectivas são de alta na faixa de 5,5%.
Para Bráulio Borges, da LCA, a economia deve ter se contraído em 1,8% no último trimestre, o que resulta numa taxa estimada de 5,4% ao final do ano.
Após a divulgação dos dados da indústria de dezembro, a previsão da Tendências para o PIB foi revista: de 5,3% para 5,2% no ano. "A queda na produção da indústria se alastrou por todos os setores", diz a economista Claudia Oshiro, da consultoria Tendências.
O desempenho das fábricas reforça a percepção de uma forte desaceleração da economia brasileira em 2009. "Mesmo sendo otimista, vejo risco de a economia crescer apenas 1,5% neste ano", diz o economista-chefe da Sul-América Investimentos, Newton Rosa.
"O problema é que a crise não é nossa, é de outros países, então ficamos à mercê de sinais de recuperação que ainda não chegaram", afirma.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, o PIB deve ter recuado 2,5% no último trimestre de 2009 e cairá outro 0,2% nos primeiros três meses deste ano. Já Leonardo Carvalho, do Ipea, estima uma retração de 1,5% a 2% no quarto trimestre.
Para Borges, da LCA, o susto maior, porém, ficou para trás e a indústria pode ter iniciado um processo "lento e modesto" de recuperação já em janeiro. "Janeiro ainda deverá ter produção industrial fraca, mas não deverá cair tão vertiginosamente. Com a queda nos estoques e a resposta do consumidor à redução de IPI, a indústria automobilística ensaia uma leve recuperação", afirma Rosa, da Sul-América.
Para Oshiro, a queda na produção é resultado principalmente do pessimismo do empresariado. "O empresário não se sente estimulado o suficiente para investir no aumento da produção. Ele tem dificuldade de obter crédito e, na ponta vendedora, ele vê seu consumidor assustado com o desemprego e com as mesmas dificuldades em obter crédito", diz Oshiro, da Tendências.
O impacto do tombo da indústria na trajetória de juros, no entanto, dependerá ainda dos indicadores de janeiro e fevereiro a serem divulgados, dizem os analistas.
Mas a maioria dos especialistas ouvidos pela Folha avalia que o dado da indústria de dezembro abre espaço para uma queda forte da Selic -de até um ponto percentual- na próxima reunião do Copom. "É provável que o ciclo de cortes continue", diz Oshiro.


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