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PIB encolheu até 2% no quarto trimestre, estimam analistas
PEDRO SOARES
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Diante da retração da indústria no último trimestre e especialmente em dezembro, economistas refizeram suas projeções para o PIB e estimam uma
queda entre 1,5% e 2% do terceiro para o quatro trimestre de
2008. Para o fechamento do
ano passado, as perspectivas
são de alta na faixa de 5,5%.
Para Bráulio Borges, da LCA,
a economia deve ter se contraído em 1,8% no último trimestre, o que resulta numa taxa estimada de 5,4% ao final do ano.
Após a divulgação dos dados
da indústria de dezembro, a
previsão da Tendências para o
PIB foi revista: de 5,3% para
5,2% no ano. "A queda na produção da indústria se alastrou
por todos os setores", diz a economista Claudia Oshiro, da
consultoria Tendências.
O desempenho das fábricas
reforça a percepção de uma forte desaceleração da economia
brasileira em 2009. "Mesmo
sendo otimista, vejo risco de a
economia crescer apenas 1,5%
neste ano", diz o economista-chefe da Sul-América Investimentos, Newton Rosa.
"O problema é que a crise não
é nossa, é de outros países, então ficamos à mercê de sinais de
recuperação que ainda não chegaram", afirma.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, o PIB deve ter recuado 2,5% no último trimestre de
2009 e cairá outro 0,2% nos
primeiros três meses deste ano.
Já Leonardo Carvalho, do Ipea,
estima uma retração de 1,5% a
2% no quarto trimestre.
Para Borges, da LCA, o susto
maior, porém, ficou para trás e
a indústria pode ter iniciado
um processo "lento e modesto"
de recuperação já em janeiro.
"Janeiro ainda deverá ter produção industrial fraca, mas não
deverá cair tão vertiginosamente. Com a queda nos estoques e a resposta do consumidor à redução de IPI, a indústria automobilística ensaia
uma leve recuperação", afirma
Rosa, da Sul-América.
Para Oshiro, a queda na produção é resultado principalmente do pessimismo do empresariado. "O empresário não
se sente estimulado o suficiente para investir no aumento da
produção. Ele tem dificuldade
de obter crédito e, na ponta
vendedora, ele vê seu consumidor assustado com o desemprego e com as mesmas dificuldades em obter crédito", diz Oshiro, da Tendências.
O impacto do tombo da indústria na trajetória de juros,
no entanto, dependerá ainda
dos indicadores de janeiro e fevereiro a serem divulgados, dizem os analistas.
Mas a maioria dos especialistas ouvidos pela Folha avalia
que o dado da indústria de dezembro abre espaço para uma
queda forte da Selic -de até
um ponto percentual- na próxima reunião do Copom. "É
provável que o ciclo de cortes
continue", diz Oshiro.
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