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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Consumidor residencial gastou 1,3% a menos de luz em 2002 sobre o ano anterior, quando houve racionamento

Alta na tarifa barra consumo de energia

Jorge Araújo - 9.jan.02/Folha Imagem
Torres da usina elevatória de Traição, em SP; consumo residencial no ano passado foi inferior ao de 2001, quando houve o racionamento


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta nas tarifas de energia elétrica barrou o aumento do consumo em 2002, segundo avaliação da Eletrobrás. A estatal fechou relatório sobre o consumo no ano passado. Pelo documento, em 2002 se gastou 2,5% mais energia do que em 2001. No início do ano, esperava-se crescimento de 6,2%.
O consumo do ano passado é pouco menor do que o de 1999. A retomada lenta do consumo de energia após o racionamento é a causa do que já é chamado dentro do governo de "crise de oferta" -energia sobrando, o que leva a preços pouco atraentes para novos investimentos em geração.
A indústria puxou a retomada do consumo no ano passado, com crescimento de 4,2%, enquanto os consumidores residenciais continuaram economizando. Nessa classe de consumo, houve redução de 1,3% em relação ao que foi gasto em 2001 - ano que teve sete meses de racionamento.
De acordo com a avaliação dos técnicos do departamento de mercado da Eletrobrás, ano passado houve mudança de hábito nos consumidores residenciais, "incentivada por diversos fatores, como aumento de tarifas e o aprendizado de conservação obtido como consequência do racionamento".
Em 2002, os reajustes contratuais das tarifas de energia resultaram em aumentos de até 28,5%, como no caso da Cerj (RJ). Nesses aumentos, pesaram a alta do dólar e o IGP-M.
A alta do dólar tem impacto nas tarifas porque a hidrelétrica de Itaipu vende a energia que produz na moeda norte-americana. Já o IGP-M é o índice que corrige, por contrato, parte dos custos das distribuidoras.
Além dos reajustes normais, que acontecem uma vez por ano, de acordo com os contratos de concessão, houve dois aumentos extraordinários: para repor as perdas das distribuidoras com o racionamento e para pagar o seguro anti-racionamento.
O consumo médio residencial de energia está em 138 kWh/mês. Esse valor é 22% menor do que era registrado antes do racionamento, medida que determinou redução compulsória de 20% do consumo. O racionamento impôs cotas que, quando ultrapassadas, sujeitavam os consumidores a tarifas mais altas e até corte no fornecimento.
Na região Sudeste, onde o consumo médio na classe residencial já era maior, a redução de consumo em 2002 chegou a 2,7% em relação a 2001.
O racionamento acabou em fevereiro de 2002, mas o consumo médio residencial continuou a diminuir até junho do ano passado, quando começou a retomada. Na avaliação da Eletrobrás, o consumo residencial só vai atingir os níveis pré-racionamento em 2008.

Indústrias
De acordo com o relatório da Eletrobrás, as indústrias que puxaram o aumento de consumo de energia foram as ligadas à exportação, como a agroindústria.
Na região Sudeste, onde estão indústrias que abastecem o mercado interno, o crescimento no consumo de energia foi menor que a média nacional: 1%.
Na avaliação da Eletrobrás, isso reflete "o baixo nível de atividade da economia".
O crescimento do consumo de energia na indústria poderia ter sido maior - de até 4,7% - se muitas empresas não tivesse optado por produzir a própria energia que consomem. Isso aconteceu principalmente na região Sudeste, onde as concessionárias deixaram de vender 700 GWh para as indústrias.

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