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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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AES confirma que não pagou BNDES

DA REDAÇÃO

A empresa de energia norte-americana AES confirmou ontem que sua subsidiária brasileira AES Transgás deixou de pagar uma dívida de US$ 330 milhões, vencida na sexta-feira e devida ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em comunicado, a companhia, cuja sede fica em Arlington (Virgínia), alegou "temporária falta de recursos".
No sábado, a Folha já havia informado que o BNDES não aceitaria a proposta de rolagem da dívida que tinha sido apresentada pela empresa. A Transgás buscava adiar o pagamento dos vencimentos até o dia 15 de abril.
A subsidiária também queria postergar, também para o dia 15 de abril, o pagamento de US$ 6,5 milhões devidos a acionistas. De acordo com o comunicado da matriz, esse acordo foi alcançado.
Ainda segundo a AES, o BNDES pode exigir, pelos termos do empréstimo, o pagamento imediato do total da dívida da Transgás, que é de US$ 604 milhões.


Antecedentes
No dia 31 de janeiro deste ano, a AES Elpa, controladora da Eletropaulo, já havia se declarado tecnicamente inadimplente com o BNDES em relação a um vencimento de US$ 85 milhões.
A prestação era parte do empréstimo obtido em 1998 pela Lightgás (hoje AES Elpa) para a compra da Eletropaulo no leilão de privatização.
A dívida da Transgás refere-se a um empréstimo tomado em 2000 para a compra de 64% das ações preferenciais (sem direito a voto) da Eletropaulo. Atualmente, a Transgás deve US$ 604 milhões, e a AES Elpa, US$ 527 milhões.
De acordo com a agência Reuters, pessoas próximas ao assunto e envolvidas nas negociações disseram, na semana passada, que a AES tinha proposto se desfazer de 50% de sua participação na Eletropaulo, além de outros ativos, para liquidar a dívida com o banco estatal.
Um porta-voz da AES disse que não podia comentar os detalhes das negociações e que a empresa espera retomar as conversas com o BNDES após o Carnaval.
A AES quer que o BNDES reestruture a dívida. De acordo com a companhia, a desvalorização do real e a queda do consumo de energia (consequência do racionamento) fizeram com que ela não pudesse ter o fluxo de caixa necessário para honrar os vencimentos.
Não é só no Brasil que a companhia passa por dificuldades. Somente neste ano, as ações do grupo AES já perderam um quinto de seu valor na Bolsa de Nova York. Nos últimos 12 meses, a queda chega a 30%.


Com agências internacionais

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