São Paulo, sábado, 04 de março de 2006

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COMUNICAÇÕES

Representantes da indústria não garantem fabricação de semicondutores no Brasil se país adotar padrão japonês

Japão não trará fábrica em troca de TV digital

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário do que desejava o governo, representantes da indústria eletroeletrônica do Japão não se comprometeram a instalar no país uma fábrica de componentes (telas e semicondutores).
O Brasil queria esse compromisso em troca da escolha do padrão japonês de TV digital. Ontem houve reunião de representantes das empresas japonesas (Panasonic, Sony, Toshiba e NEC), do governo do Japão e do embaixador do país, Takahiko Horimura, com os ministros Antonio Palocci (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Sérgio Resende (Ciência e Tecnologia) e Hélio Costa (Comunicações).
Os japoneses não descartaram a instalação de fábricas, mas deixaram claro que não podiam firmar esse compromisso no momento.
"Achamos que, no futuro, quando houver necessidade ou demanda no mercado brasileiro, interessa às empresas japonesas estabelecer fábricas no país", disse Akira Okubo, chefe do departamento de Tecnologia e Radiodifusão do Ministério dos Negócios Internos japonês. Segundo ele, no futuro pode haver cooperação entre os países que envolvesse não só a instalação das fábricas, mas também a formação de pessoal.
Dos japoneses, o governo conseguiu só a confirmação dos compromissos já firmados anteriormente - não-cobrança de royalties pela tecnologia da TV digital, financiamento e permissão para que o Brasil tenha representação no conselho que define as normas do padrão japonês de TV digital.
Essas vantagens são semelhantes às oferecidas pelos representantes do padrão europeu (DVB). Dilma disse aos japoneses que o governo pretende tomar a decisão até o final da semana que vem.
Pelos cálculos do governo brasileiro, a instalação de uma fábrica de semicondutores representaria investimento de cerca de US$ 1 bilhão e contribuiria para reduzir em também US$ 1 bilhão o déficit da balança comercial de componentes, que hoje está em cerca de R$ 7 bilhões. Do total do déficit, cerca de US$ 2,5 bilhões são de importação de semicondutores.
O governo irá escolher o padrão de TV digital entre os modelos europeu (DVB), japonês (ISDB) ou americano (ATSC). A disputa no momento está entre o europeu (que daria mais vantagens comerciais, porque é adotado em 57 países) e o japonês (preferido pelas emissoras de TV brasileiras).


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