São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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VINICIUS TORRES FREIRE

IPI menor para carros continua


Prorrogação foi definida em fevereiro; governo não quis anunciá-la para incentivar consumo neste início de ano

O GOVERNO deve prorrogar a redução do IPI, que barateou os carros e conteve uma derrocada ainda maior das vendas das montadoras. Estava previsto que a redução do imposto venceria no final do mês. Agora, deve durar mais um trimestre. A decisão de prorrogar o desconto estava praticamente tomada desde o início do fevereiro, ao menos no Ministério da Fazenda. O governo não queria divulgar antecipadamente a prorrogação do desconto. Temia que, com o anúncio, consumidores adiassem suas compras, prejudicando as vendas do início do ano e aprofundando o clima de "medo e terror" de dezembro.
Mas executivos de concessionárias acham que muito consumidor já antecipou suas compras e que o efeito do preço menor sobre as vendas deve ser agora um pouco menor.
O governo ainda pode voltar atrás? Muito difícil, a não ser por "motivos de força maior" (sic). Qual motivo? Este colunista não ouviu resposta. Mas a queda de arrecadação não seria um deles. A perda de arrecadação já estaria "precificada", diz um integrante da cúpula do governo. Por ora, estimam que a perda direta de receita com o desconto de impostos deve ficar em torno de R$ 1 bilhão, no primeiro trimestre.

Os preços da Vale
As ações de Petrobras e Vale são praticamente o Ibovespa, como se sabe. Mas as duas estrelas da companhia do Ibovespa estão, no ano, um pouquinho mais bem colocadas que a média do mercado. Consideradas as expectativas para o comércio mundial (que pioraram bem neste início do ano), sinais de recessão mais profunda e as previsões catastróficas para o preço dos produtos primários que já vinham desde 2008, poderia ser pior.
Ontem, a Vale segurou a peteca do Ibovespa. Houve decerto um tremelique para cima no preço de alguns metais, como vez e outra aparecem uns rumores de que "a China não vai cair tanto" etc. Mas as andanças aleatórias de preços de Bolsa importam bem menos do que o futuro das exportações da Vale.
As recomendações de compra do papel, por alguns bancos, têm sido embaladas pelo rumor de que a redução do preço do ferro será bem menor do que aventado no final de 2008, quando se falava em baixa de mais de 50%. Ou até de 80%.
Difícil acreditar em alguma coisa. Tais negociações se dão em meio a uma guerra mundial de boatos, produzidos por interesses britânicos, australianos e brasileiros, mais ou menos de um lado, e chineses, indianos e japoneses, de outro.
O rumor novo agora é de redução de preços inferior a 20%. As compras chinesas de minério de ferro vão bem, certo. Mas a produção mundial de aço em janeiro caiu 24% (ante janeiro de 2008). As exportações japonesas de aço caíram 34% em janeiro (também ante janeiro de 2008).
De onde os bancos estão tirando suas recomendações de compra? As ações das megaempresas brasileiras sofreram tombos horrorosos. Podem parecer "baratas" (embora o fundo do poço seja sempre reescavado a cada trimestre). A Vale (PNA) caiu dos R$ 59 de maio de 2008 para pouco menos de R$ 24 no último dia de dezembro passado. Fechou a R$ 25,80 ontem.

vinit@uol.com.br


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