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Em resposta a Lula, empresas aéreas dizem que não é hora de comprar avião
DA SUCURSAL DO RIO
O cenário econômico não
permite que as companhias aéreas façam novos investimentos em compras de aeronaves.
Essa é a avaliação do diretor
técnico do Snea (Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias), Ronaldo Jenkins. Anteontem, Lula instou as empresas a comprar aeronaves da
Embraer -que anunciou a demissão de 4.200 funcionários
no mês passado, sob a alegação
de que a demanda externa teve
forte retração.
"Não é o momento para ir às
compras", afirmou Jenkins. O
diretor diz que os planos de renovação da frota de empresas
brasileiras foram elaborados
antes da crise econômica e que
algumas estão postergando a
entrega de aviões. "O petróleo
caiu, mas o dólar ficou mais caro e ele interfere na maior parte
dos insumos, além disso a demanda será mais fraca."
Nesta semana, a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) anunciou que o
setor teve perdas de US$ 8 bilhões em 2008.
Especialistas afirmam ainda
que a padronização de frota
ajuda a reduzir custos com manutenção e treinamento de
funcionários. A Gol informou
em nota que opera uma frota de
Boeing-737 coerente com seu
modelo de negócios:
"Um dos fundamentos estruturais da plataforma "low-cost,
low fare" (baixo custo, baixa tarifa) é utilizar uma frota padronizada, e, por enquanto, a Gol
não tem planos de incorporar
aeronaves de outro modelo".
Até 2014, a frota total da Gol
chegará a 140 aeronaves. Em
2008, revisou para baixo as entregas no período 2008-2009.
A TAM informou que pretende chegar ao fim de 2013 com
150 aviões. "Embora a Embraer
tenha aviões de alta qualidade,
eles não se aplicam ao modelo
de negócios da TAM."
Lula afirmou que os aviões da
Embraer poderiam ser usados
em rotas regionais. Segundo o
presidente da Abetar (Associação Brasileira de Transporte
Regional), Apostole Chryssafidis, no curto prazo as empresas
regionais não têm chance de fazer encomendas.
A exceção é a Trip, que deve
receber o primeiro de cinco jatos Embraer-175 em abril. Os
demais virão ao longo do ano.
Segundo Chryssafidis, além
do investimento necessário para a aquisição de aviões, há
também problemas na infraestrutura. Ele afirma que algumas empresas regionais operam rotas com um volume baixo de passageiros em cidades
que não têm como receber jatos em seus aeroportos.
Para Respício Espírito Santo
Jr., da UFRJ, a renovação de
frota faz parte do planejamento
estratégico das companhias.
"Isso depende do modelo de
negócios da companhia, não do
presidente ou da fabricante."
O diretor de Assuntos Institucionais da Azul, Adalberto
Febeliano, defende o uso dos
aviões da Embraer. A Azul é a
única brasileira a operar em linhas de maior demanda com
aviões da fabricante brasileira.
"O avião é mais confortável para o passageiro, pois não tem
poltrona do meio. E tem um
custo por viagem menor."
Para Febeliano, o avião é adequado ao modelo de voos diretos adotados pela empresa.
"Uma ligação Belém-Cuiabá
pode não ser viável se você precisa de 500 passageiros por dia
para lotar o avião. Para nós, um
número menor é suficiente para viabilizar a operação."
Febeliano diz que TAM e Gol
optam por aeronaves com
maior número de assentos porque operam sob o sistema
"hub-and-spoke", em que usam
um aeroporto como base.
Procurada pela reportagem
para comentar o assunto, a Embraer disse que não tinha um
representante disponível.
(JL)
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