São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESFORÇO FISCAL
Governo procura economia de 0,5% do PIB para cumprir meta do FMI; combustíveis devem subir 5% logo
Minipacote impõe aperto de R$ 4,5 bi

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

O governo começou a pôr em prática ontem um novo pacote de ajuste fiscal, com medidas para aumentar a arrecadação e reduzir os gastos. Nos próximos dias, deve ser anunciado também um reajuste de cerca de 5% no preço dos combustíveis.
O objetivo do governo com o pacote é conseguir uma economia equivalente a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), cerca de R$ 4,5 bilhões, para cumprir as novas metas em negociação com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Algumas das "medidas impopulares", que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse a parlamentares que adotaria, já foram divulgadas ontem: mudanças na cobrança do IPI e do IOF e corte de gastos com pessoal.
O governo espera arrecadar pelo menos US$ 1 bilhão com o fim do incentivo fiscal concedido aos exportadores em crédito presumido de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e a alteração do cálculo do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Pretende ainda economizar R$ 1,45 bilhão com redução nos gastos com o funcionalismo.
Entre as medidas anunciadas, estão: os servidores não terão aumento linear em 99 e as promoções estão suspensas.
Hoje, o governo detalha a programação orçamentária até o final de março. O Orçamento autoriza gastar, de janeiro a março, até R$ 9 bilhões, mas vai ser anunciado que o gasto permitido será de apenas R$ 7,6 bilhões.
No caso dos combustíveis, a argumentação do governo é que é melhor adequar os preços agora, quando a inflação começa a subir. Se fizer o reajuste mais tarde, quando os preços já estiverem refluindo, esse aumento pode realimentar a inflação.
Apesar do impacto esperado na popularidade de FHC, assessores avaliam que, "num segundo momento", a população saberá reconhecer que as medidas tomadas agora, ainda que impopulares, foram necessárias para assegurar o controle da inflação.
De acordo com estudos apresentados ao presidente, o que mais interessa para a maior parte da população é evitar que a inflação atinja níveis acima dos estimados para este ano -entre 10% e 12%.
FHC disse ontem a deputados do PMDB que o governo terá de tomar medidas impopulares para enfrentar a crise. FHC pediu que os deputados tenham "tenacidade" para enfrentar esse desafio.
FHC se reuniu com a bancada do PMDB na Câmara por quase duas horas no Palácio da Alvorada. Segundo o deputado Luiz Bittencourt (PMDB-SP), o presidente disse que algumas atitudes que o governo terá de tomar "não são simpáticas à população". O presidente tem se reunido com os governistas para pedir empenho na aprovação da CPMF, que será votada hoje em comissão da Câmara.


Colaboraram Luiza Damé, Fernando Godinho e Vivaldo de Sousa


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Cortes na área de pessoal têm como meta economizar R$ 1,45 bi
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.