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COMÉRCIO EXTERIOR
Medida tem o objetivo de evitar que compras no exterior sejam pagas à vista, o que pressiona o dólar
Governo vai facilitar crédito de importador
da Sucursal de Brasília
O governo vai facilitar o financiamento às importações para que os
importadores corram menos riscos ao fechar contratos baseados
na cotação futura da moeda norte-americana.
A decisão foi anunciada ontem
pelo secretário de Comércio e de
Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar.
Os critérios atuais são definidos
por medida provisória e significam duas opções para o importador: pagar suas importações à vista
ou financiá-las por um prazo mínimo de um ano.
Segundo Hélio Mattar, os importadores não conseguem financiamentos de longo prazo e são forçados a fazer os pagamentos à vista,
gastando dólares e pressionando
para o alto as cotações da moeda
norte-americana.
Ele disse que a nova versão da
MP reduzirá o atual prazo mínimo
de financiamento para 90 dias.
"Os importadores poderão negociar financiamentos com seus
compradores e terão mais segurança para fazer isso, pois haverá
tempo para uma valorização do
real", disse Mattar.
Ele defendeu que os prazos mínimos sejam abolidos na nova versão da MP, mas ressaltou que há
restrições do Banco Central a essa
total flexibilização da medida.
Dólar de referência
A medida foi anunciada após
uma reunião de Mattar e do secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda,
Claudio Considera, com fornecedores de matéria-prima para o setor automotivo, mas será válida
para toda a economia.
Os empresários argumentaram
que a escassez do financiamento às
importações está provocando a alta dos preços dos produtos vendidos para as montadoras.
Como resposta específica para o
setor, Mattar e Considera sinalizaram com a possibilidade de reduzir alíquotas do Imposto de Importação, beneficiando os fabricantes de alumínio, aço, papel,
plásticos e petroquímicos.
Na reunião de ontem, Mattar e
Considera pediram aos empresários que trabalhem com o dólar cotado a R$ 1,50 (a cotação de ontem
fechou em R$ 2,16).
"Estamos pedindo esse sacrifício. A partir desse valor de referência, eles praticariam seus preços",
disse Mattar, para quem o governo
não está congelando o dólar ou
criando uma cotação artificial para
essa moeda.
Os empresários se comprometeram a dar uma resposta ao Ministério do Desenvolvimento em uma
semana. Fechado o acordo, ele seria praticado de forma experimental por 15 dias. Havendo uma variação descontrolada do dólar, o
governo admite rediscutir com os
empresários um novo valor.
"Estamos tentando estabelecer
um acordo de travessia, no qual as
empresas aceitam sacrifícios para
evitar a reindexação da economia e
a volta da inflação", disse Mattar.
Ele afirmou ainda que esse valor
de referência também poderá ser
adotado para o chamado dólar fiscal, que baliza a tributação de mercadorias importadas.
(FERNANDO GODINHO)
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