São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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COMÉRCIO EXTERIOR
Medida tem o objetivo de evitar que compras no exterior sejam pagas à vista, o que pressiona o dólar
Governo vai facilitar crédito de importador

da Sucursal de Brasília

O governo vai facilitar o financiamento às importações para que os importadores corram menos riscos ao fechar contratos baseados na cotação futura da moeda norte-americana.
A decisão foi anunciada ontem pelo secretário de Comércio e de Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar.
Os critérios atuais são definidos por medida provisória e significam duas opções para o importador: pagar suas importações à vista ou financiá-las por um prazo mínimo de um ano.
Segundo Hélio Mattar, os importadores não conseguem financiamentos de longo prazo e são forçados a fazer os pagamentos à vista, gastando dólares e pressionando para o alto as cotações da moeda norte-americana.
Ele disse que a nova versão da MP reduzirá o atual prazo mínimo de financiamento para 90 dias.
"Os importadores poderão negociar financiamentos com seus compradores e terão mais segurança para fazer isso, pois haverá tempo para uma valorização do real", disse Mattar.
Ele defendeu que os prazos mínimos sejam abolidos na nova versão da MP, mas ressaltou que há restrições do Banco Central a essa total flexibilização da medida.

Dólar de referência
A medida foi anunciada após uma reunião de Mattar e do secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Claudio Considera, com fornecedores de matéria-prima para o setor automotivo, mas será válida para toda a economia.
Os empresários argumentaram que a escassez do financiamento às importações está provocando a alta dos preços dos produtos vendidos para as montadoras.
Como resposta específica para o setor, Mattar e Considera sinalizaram com a possibilidade de reduzir alíquotas do Imposto de Importação, beneficiando os fabricantes de alumínio, aço, papel, plásticos e petroquímicos.
Na reunião de ontem, Mattar e Considera pediram aos empresários que trabalhem com o dólar cotado a R$ 1,50 (a cotação de ontem fechou em R$ 2,16).
"Estamos pedindo esse sacrifício. A partir desse valor de referência, eles praticariam seus preços", disse Mattar, para quem o governo não está congelando o dólar ou criando uma cotação artificial para essa moeda.
Os empresários se comprometeram a dar uma resposta ao Ministério do Desenvolvimento em uma semana. Fechado o acordo, ele seria praticado de forma experimental por 15 dias. Havendo uma variação descontrolada do dólar, o governo admite rediscutir com os empresários um novo valor.
"Estamos tentando estabelecer um acordo de travessia, no qual as empresas aceitam sacrifícios para evitar a reindexação da economia e a volta da inflação", disse Mattar.
Ele afirmou ainda que esse valor de referência também poderá ser adotado para o chamado dólar fiscal, que baliza a tributação de mercadorias importadas.
(FERNANDO GODINHO)



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