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MERCADO TENSO
Cotação da moeda norte-americana voltou a subir, chegando a R$ 2,21, mas recua no período da tarde
Dólar fecha estável após intervenção do BC
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O Banco Central interveio no
mercado de
câmbio, à tarde,
e as cotações do
dólar comercial
no fechamento
ficaram estáveis,
em R$ 2,16 para venda, o mesmo
patamar de anteontem.
As atuações do BC foram tímidas, mas derrubaram o valor do
dólar, que estava sendo negociado
a R$ 2,20. No seu pico de alta, a cotação da moeda norte-americana
bateu em R$ 2,21 ontem.
Na média ponderada de todas as
negociações do dia, apurada pelo
BC, a cotação do dólar ficou em R$
2,1647, uma desvalorização do real
de 1,57% contra anteontem.
Os investidores estão esperando
que o novo presidente do Banco
Central, Armínio Fraga, passe a
gastar mais do que US$ 300 milhões por dia para derrubar as cotações do dólar. Isso poderia acontecer já hoje, amanhã ou na segunda-feira, acreditam. O patamar de
R$ 2,16 preocupa, consideram.
As apostas na atuação de Fraga
são tão fortes que o Banco Central
não conseguiu colocar todos os papéis com variação cambial que levou ontem a mercado, as NBC-Es.
Foram leiloados R$ 500 milhões,
mas só foram vendidos R$ 30 milhões. As taxas pagas chegaram a
42% ao ano. O vencimento do papel será no dia 17 de abril.
Os investidores temem que esses
títulos, indexados ao dólar, percam valor já nos próximos dias. "A
falta de interesse no papel cambial
do governo mostra que não há
apostas na alta do dólar. Quem
compra a moeda dos EUA no mercado à vista é porque realmente
precisa para pagar sua dívida externa ou importar", diz Joaquim
Paulo Kokudai, do Lloyds.
Por isso, segundo especialistas, o
aumento no recolhimento compulsório sobre os depósitos à prazo, que tira reais da economia, terá
pouco efeito para conter a alta do
dólar. "O especulador tem pouca
influência no mercado hoje", diz
Marcelo Allain, diretor de Análises
Econômicas do Banco BMC. Para
ele, uma alta dos juros seria inócua
para conter o dólar e teria um efeito negativo: agravaria o temor de
calote na dívida pública.
Para o diretor de renda fixa do
BNP, Marcelo Saddi Castro, uma
alta nos juros seria também ineficaz para conter a inflação, que é
decorrente do aumento de custos
por causa da desvalorização cambial e não de uma demanda forte.
Especialistas apostam, no entanto, que a reunião do Comitê de Política Monetária, hoje, deve subir o
teto dos juros de 41% ao ano para
até 60% ao ano. Se a inflação subir
mais do que 4% em março, o BC
poderia puxar para cima os juros
do over, hoje em 39% ao ano.
Colaborou
Gabriel Junqueira de Carvalho
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