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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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Dólar fecha a R$ 3,255, a menor cotação desde dezembro de 2002

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A melhora do "rating" (classificação) dos títulos do governo brasileiro, a queda da inflação em março, o sucesso da rolagem da dívida cambial do Banco Central e a aprovação anteontem da primeira emenda constitucional do novo governo fizeram o dólar cair pelo sexto dia consecutivo.
A moeda norte-americana caiu ontem mais 0,30% e fechou cotada a R$ 3,255, o menor valor desde 17 de setembro do ano passado. O C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, subiu 0,53%. O risco-país caiu 2,6% e fechou aos 939 pontos.
A agência classificadora de risco Fitch revisou ontem a nota dos títulos brasileiros de negativa para estável. As principais justificativas para a melhora foram os resultados da balança comercial brasileira e os sinais de comprometimento do governo com medidas econômicas que, segundo a agência, podem colocar as finanças públicas e externas do país em um caminho sustentável.
A Fitch manteve, no entanto, a classificação dos títulos brasileiros em "B", devido ao alto grau da relação entre dívida pública e PIB. A nota serve como parâmetro para investidores na decisão de investir e nos juros a serem pedidos.
A divulgação de que a inflação no município de São Paulo medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe em março foi de 0,6%, o menor valor desde junho de 2002, também foi bem recebida nas mesas de operação e se refletiu na queda dos contratos de juros futuros negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
No fechamento da quarta-feira, o mercado já esperava que o dia de ontem fosse positivo, devido à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que trata do sistema financeiro por 442 votos a favor e apenas 13 contra. O mercado comemorou a aprovação porque ela abre espaço para que se vote a autonomia do Banco Central e faz alguns acreditarem que o governo realmente conseguirá articular a aprovação das reformas previdenciária e fiscal.

Rolagem
O Banco Central aproveitou o clima otimista no mercado e antecipou a rolagem de aproximadamente US$ 1 bilhão que venceria no próximo dia 17.
Nos últimos seis meses, o C-Bond foi o título que mais se valorizou entre os principais papéis de países emergentes da América Latina. Segundo dados da consultoria Global Invest, entre 1º de outubro de 2002 e 1º de abril de 2003, o C-Bond subiu 62,5%. No mesmo período, os títulos correspondentes da Colômbia e da Argentina se valorizaram em 24% e o do México subiu 9,97%.
"O Brasil passou a ser "a bola da vez". De todos os seus pares, no momento em que os investidores procuraram países emergentes para investir ele era o "mais barato", devido à depreciação pré-eleitoral", afirma Alan Gandelman, da corretora Ágora Sênior.
Para Carlos Calabresi, vice-presidente do BNP Paribas, os investidores estão atualmente mais realistas em relação à situação econômica do país. "Os investidores externos estão muito líquidos e há muita procura por taxas de juros mais interessantes, visto que até os emergentes europeus hoje têm taxas baixas. E o Brasil sofreu um estresse muito grande e estava mal precificado vis-à-vis a atual política econômica ortodoxa, a balança comercial e o robusto acordo com o FMI."


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