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Dólar fecha a R$ 3,255, a menor cotação desde dezembro de 2002
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhora do "rating" (classificação) dos títulos do governo brasileiro, a queda da inflação em
março, o sucesso da rolagem da
dívida cambial do Banco Central e
a aprovação anteontem da primeira emenda constitucional do
novo governo fizeram o dólar cair
pelo sexto dia consecutivo.
A moeda norte-americana caiu
ontem mais 0,30% e fechou cotada a R$ 3,255, o menor valor desde 17 de setembro do ano passado. O C-Bond, principal título da
dívida externa brasileira, subiu
0,53%. O risco-país caiu 2,6% e fechou aos 939 pontos.
A agência classificadora de risco
Fitch revisou ontem a nota dos títulos brasileiros de negativa para
estável. As principais justificativas
para a melhora foram os resultados da balança comercial brasileira e os sinais de comprometimento do governo com medidas econômicas que, segundo a agência,
podem colocar as finanças públicas e externas do país em um caminho sustentável.
A Fitch manteve, no entanto, a
classificação dos títulos brasileiros em "B", devido ao alto grau da
relação entre dívida pública e PIB.
A nota serve como parâmetro para investidores na decisão de investir e nos juros a serem pedidos.
A divulgação de que a inflação
no município de São Paulo medida pelo IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) da Fipe em março
foi de 0,6%, o menor valor desde
junho de 2002, também foi bem
recebida nas mesas de operação e
se refletiu na queda dos contratos
de juros futuros negociados na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros).
No fechamento da quarta-feira,
o mercado já esperava que o dia
de ontem fosse positivo, devido à
aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que trata do sistema financeiro por 442 votos a
favor e apenas 13 contra. O mercado comemorou a aprovação
porque ela abre espaço para que
se vote a autonomia do Banco
Central e faz alguns acreditarem
que o governo realmente conseguirá articular a aprovação das reformas previdenciária e fiscal.
Rolagem
O Banco Central aproveitou o
clima otimista no mercado e antecipou a rolagem de aproximadamente US$ 1 bilhão que venceria
no próximo dia 17.
Nos últimos seis meses, o C-Bond foi o título que mais se valorizou entre os principais papéis de
países emergentes da América Latina. Segundo dados da consultoria Global Invest, entre 1º de outubro de 2002 e 1º de abril de 2003, o
C-Bond subiu 62,5%. No mesmo
período, os títulos correspondentes da Colômbia e da Argentina se
valorizaram em 24% e o do México subiu 9,97%.
"O Brasil passou a ser "a bola da
vez". De todos os seus pares, no
momento em que os investidores
procuraram países emergentes
para investir ele era o "mais barato", devido à depreciação pré-eleitoral", afirma Alan Gandelman,
da corretora Ágora Sênior.
Para Carlos Calabresi, vice-presidente do BNP Paribas, os investidores estão atualmente mais
realistas em relação à situação
econômica do país. "Os investidores externos estão muito líquidos e há muita procura por taxas
de juros mais interessantes, visto
que até os emergentes europeus
hoje têm taxas baixas. E o Brasil
sofreu um estresse muito grande e
estava mal precificado vis-à-vis a
atual política econômica ortodoxa, a balança comercial e o robusto acordo com o FMI."
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