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ANO DO DRAGÃO
Produto subiu 49% em um mês e 79% no ano; preços aumentaram 0,67% no mês passado, segundo a Fipe
SP viveu a inflação do tomate em março
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação continua driblando
as expectativas dos institutos de
pesquisa e do mercado. Em março, os preços subiram 0,67%, taxa
bem inferior às previsões do mercado, que indicavam alta de até
0,85%. Até mesmo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) previa inflação entre
0,70% e 0,80% para o mês.
O grande vilão do mês foram os
produtos "in natura", fato inédito
para este período do ano. Em geral, o setor tem forte elevação de
preços em janeiro, perde força em
fevereiro e registra quedas em
março. Os "in natura" subiram
5% no mês passado. A Fipe esperava alta de apenas 1% para o período. Só esses produtos geraram
inflação de 0,19%.
Neste ano, as fortes chuvas de
janeiro atrapalharam a safra do
início do ano, reduzindo a oferta
de hortifrútis no mercado. A repetição de intensas chuvas nos
meses seguintes impediu, inclusive, o replantio desses produtos,
provocando escassez ainda
maior. Os preços dispararam.
Alta de 79% no ano
O vilão do mês foi o tomate, que
teve alta de 49% em março. No
ano, a alta é de 79%. Nelson Martin, do Instituto de Economia
Agrícola, especialista em preços
agrícolas, diz que a situação não
se normaliza antes de meados
deste mês.
Os dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo confirmam
essa tendência de alta. Mas os preços já sobem em ritmo menor do
que em março. Segundo a Ceagesp, o tomate de melhor qualidade para salada custa R$ 54 por caixa, valor 162% acima do registrado no final do ano passado.
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que essa pressão
dos "in natura" acaba neste mês e
vai empurrar a taxa ainda mais
para baixo.
A transferência da queda dos
preços dos "in natura" de março
para este mês fez a Fipe rever a taxa de abril para 0,40%. A estimativa anterior era de 0,5%.
Ainda ruim
A inflação de março volta a um
patamar inferior a 1% pela primeira vez desde setembro do ano
passado. A queda de fevereiro
(1,61%) para março (0,67%) foi
grande.
Mesmo assim, Heron diz que o
comportamento da inflação em
2003 é ruim em relação aos anos
anteriores. É a maior taxa para os
meses de março desde 1995, e fica
bem acima do 0,07% do mesmo
mês de 2002.
Além dos hortifrútis, a Fipe registrou pressão dos remédios, que
subiram 4,14%. Outros setores
que deixaram sua marca na taxa
de março foram os de higiene e
limpeza. Esses produtos têm superado constantemente a inflação
nos últimos meses.
Neste ano, os produtos de limpeza subiram 7%, e os de higiene,
5%. Em 12 meses, as lideranças ficam para sabão em barra (46%),
sabão em coco (39%) e sabão em
pó (27%). Esses produtos são de
difícil substituição por parte dos
consumidores. Por isso, as empresas conseguem repassar preços acima da inflação.
Mas Heron diz que a perda de
renda dos consumidores e o aumento elevado ocorrido nos últimos meses vão provocar queda
de demanda, inibindo novos aumentos.
O país entra em um período de
reajustes de salários, mas essas reposições não vão acelerar a inflação. Servirão apenas para a reposição das perdas dos consumidores devido à forte alta da inflação
de setembro para cá.
Pelos números da Fipe, os trabalhadores que tinham renda de
R$ 1.000 no início de setembro do
ano passado terminaram março
com R$ 893.
São Paulo terá uma inflação baixa nos próximos meses, mas voltará a ter um susto em julho e em
agosto devido aos reajustes das
tarifas públicas, diz o coordenador do IPC da Fipe.
Dependendo do tamanho dos
reajustes, a taxa mensal de inflação desses dois meses ficará entre
1% e 2%. A partir de setembro, os
preços voltam a ficar comportados.
A inflação acumulada nos três
primeiros meses do ano já atinge
4,54%, segundo a Fipe. Essa taxa é
metade da estimativa de 9% da
instituição para todo o ano. Nos
últimos 12 meses, a inflação ficou
em 13,87%.
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