|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REALISMO MONETÁRIO
Presidente do BC diz que não há "obsessão" na perseguição de meta e que país já cresce "de forma sólida"
Meirelles defende inflação entre 1% e 5%
MARCIO AITH
EDITOR DE DINHEIRO
As opiniões acadêmicas e pressões políticas crescentes em favor
da suavização das metas de inflação e de uma política monetária
mais frouxa não mudaram a convicção do presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles.
Em entrevista à Folha, Meirelles
disse que o Brasil já pagou o preço
da estabilização e deve abandonar
a fantasia de que "mais inflação
trará crescimento".
Afirmou reconhecer que não
cabe ao BC fixar metas de inflação, mas apenas cumpri-las. E admitiu que a meta de 2005 pode ser
"aperfeiçoada", dependendo do
desfecho de discussões em curso,
que, em tese, podem ser analisadas em junho pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
No entanto, ao dar sua opinião
pessoal, defendeu as metas atuais
e receitou ao país inflações anuais
entre 1% e 5%. "A faixa entre 5% e
9% é escorregadia, pode caminhar para o descontrole. A melhor teoria diz hoje que a faixa
mais segura é de no máximo 5%",
afirmou, baseado em estudo formulado por bancos centrais ao redor do mundo.
Meirelles também acredita ser
duvidosa a idéia de que o prazo
para cumprir as metas deva ser
ampliado de um ano (como é hoje) para dois ou três anos -sugestão do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), entre outros.
"A meta fora do espaço de 12
meses tem vantagens e desvantagens. De um lado tem mais espaço, mas de outro poderão existir
mais choques. A economia não
vai deixar de sofrer choques externos ou de ter rigidez de preços
[administrados] só porque vamos
incluir outros anos na medição."
No âmbito do debate econômico atual, essas sugestões poderiam ser consideradas extremamente rígidas -ainda mais rígidas que o atual regime de metas,
que admite uma folga de inflação
de até 8% para 2004.
No entanto, Meirelles rejeita os
estigmas de "insensível" ao crescimento e de "obsessivo" na perseguição do centro da meta de inflação que, segundo ele, alguns
querem imputar ao BC.
"Estamos crescendo de forma
sólida", afirmou. "Se o crescimento fosse incompatível com inflação baixa, como alguns querem
crer, quanto mais inflação, maior
o crescimento. Se fosse assim, o
Brasil seria um dos países mais ricos do mundo."
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Opinião Econômica - Rubens Ricupero: A maldição dos dois anos Índice
|