São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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AGROFOLHA

PECUÁRIA

Além do RS, primeiro-ministro negocia hoje com o governo brasileiro o fim do embargo em outros sete Estados

Rússia suspende o veto a carnes gaúchas

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Rússia suspendeu o veto às carnes do Rio Grande do Sul e hoje negocia com o governo brasileiro o fim do embargo em outros sete Estados (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais).
Hoje, em Brasília, o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Fradkov, inicia viagem de três dias ao Brasil. De acordo com a assessoria de imprensa da embaixada russa, o fim do embargo às carnes brasileiras vai ser um dos temas a serem negociados pela comitiva do primeiro-ministro com o Brasil.
Os russos embargaram as carnes do país por causa dos focos de febre aftosa descobertos em Mato Grosso do Sul e no Paraná no ano passado.
Desde o anúncio do primeiro foco, em outubro de 2005, 56 países adotaram restrições a produtos brasileiros. Alguns países, como a Argentina -que em janeiro liberou a exportação de carne suína do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina-, relaxaram suas medidas, mas nenhum anunciou a retirada total do embargo.
A embaixada russa não explicou o fato de somente as carnes do Rio Grande do Sul terem sido liberadas.
Santa Catarina tem status sanitário superior, já que é livre de febre aftosa sem vacinação, enquanto o Estado vizinho (RS) é livre somente com vacina.

Maior comprador
Maior comprador individual de carne do Brasil (sem contar o bloco da União Européia, com 25 países), a Rússia foi responsável por adquirir US$ 570 milhões -ou 18% das exportações de carne bovina "in natura" do país no ano passado.
Nos dois primeiros meses deste ano, a participação russa cresceu para 26,5% das exportações. As compras da Rússia somaram, em janeiro e fevereiro, US$ 88,9 milhões e cresceram 1.168,8% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O Ministério da Agricultura explica esse crescimento vertiginoso pelo fato de, no início de 2005, estar em vigor um embargo russo por causa de um foco de aftosa no Amazonas, detectado em setembro de 2004.
A participação do Rio Grande do Sul nas exportações brasileiras de carne bovina "in natura" não é grande. O Estado recebeu apenas 4,16% do valor pago pelos russos pelo produto nos dois primeiros meses deste ano.

Rigotto comemora
A carne suína tem grande importância na economia do Estado. O governador Germano Rigotto (PMDB) comemorou a reabertura das exportações de carnes, principalmente a suína, para o mercado russo. Rigotto lembrou o status do Estado de livre da febre aftosa com vacinação.
"Tenho certeza de que a condição, aliada às medidas de fiscalização, fez com que pudéssemos tranqüilizar o setor, responsável no ano passado pela exportação de 161 mil toneladas de carne suína, sendo 69 mil toneladas para a Rússia", afirmou Rigotto, por meio de nota.
O Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado estima que neste ano sejam exportadas 200 mil toneladas, sendo 55% apenas para os russos.
A entidade calcula que, com a aftosa, o Estado deixou de vender para a Rússia 30 mil toneladas de carne suína -cada tonelada era vendida a US$ 1.800 (pelo câmbio de ontem, R$ 3.852).
O Rio Grande do Sul somente vende menos carne suína do que Santa Catarina aos russos. As exportações catarinenses de carne de porco somaram 198,9 mil toneladas no ano passado.
No ano passado, o Brasil faturou US$ 793,4 milhões com a venda de carne suína "in natura" para os russos.
As exportações brasileiras do produto totalizaram US$ 1,123 bilhão no ano passado.


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