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AGROFOLHA
PECUÁRIA
Além do RS, primeiro-ministro negocia hoje com o governo brasileiro o fim do embargo em outros sete Estados
Rússia suspende o veto a carnes gaúchas
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Rússia suspendeu o veto às
carnes do Rio Grande do Sul e hoje negocia com o governo brasileiro o fim do embargo em outros
sete Estados (Mato Grosso do Sul,
Paraná, Santa Catarina, Mato
Grosso, Goiás, São Paulo e Minas
Gerais).
Hoje, em Brasília, o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Fradkov, inicia viagem de três dias ao
Brasil. De acordo com a assessoria
de imprensa da embaixada russa,
o fim do embargo às carnes brasileiras vai ser um dos temas a serem negociados pela comitiva do
primeiro-ministro com o Brasil.
Os russos embargaram as carnes do país por causa dos focos de
febre aftosa descobertos em Mato
Grosso do Sul e no Paraná no ano
passado.
Desde o anúncio do primeiro
foco, em outubro de 2005, 56 países adotaram restrições a produtos brasileiros. Alguns países, como a Argentina -que em janeiro
liberou a exportação de carne suína do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina-, relaxaram suas
medidas, mas nenhum anunciou
a retirada total do embargo.
A embaixada russa não explicou o fato de somente as carnes
do Rio Grande do Sul terem sido
liberadas.
Santa Catarina tem status sanitário superior, já que é livre de febre aftosa sem vacinação, enquanto o Estado vizinho (RS) é livre somente com vacina.
Maior comprador
Maior comprador individual de
carne do Brasil (sem contar o bloco da União Européia, com 25
países), a Rússia foi responsável
por adquirir US$ 570 milhões
-ou 18% das exportações de carne bovina "in natura" do país no
ano passado.
Nos dois primeiros meses deste
ano, a participação russa cresceu
para 26,5% das exportações. As
compras da Rússia somaram, em
janeiro e fevereiro, US$ 88,9 milhões e cresceram 1.168,8% em
comparação com o mesmo período do ano passado.
O Ministério da Agricultura explica esse crescimento vertiginoso
pelo fato de, no início de 2005, estar em vigor um embargo russo
por causa de um foco de aftosa no
Amazonas, detectado em setembro de 2004.
A participação do Rio Grande
do Sul nas exportações brasileiras
de carne bovina "in natura" não é
grande. O Estado recebeu apenas
4,16% do valor pago pelos russos
pelo produto nos dois primeiros
meses deste ano.
Rigotto comemora
A carne suína tem grande importância na economia do Estado. O governador Germano Rigotto (PMDB) comemorou a reabertura das exportações de carnes, principalmente a suína, para
o mercado russo. Rigotto lembrou o status do Estado de livre da
febre aftosa com vacinação.
"Tenho certeza de que a condição, aliada às medidas de fiscalização, fez com que pudéssemos
tranqüilizar o setor, responsável
no ano passado pela exportação
de 161 mil toneladas de carne suína, sendo 69 mil toneladas para a
Rússia", afirmou Rigotto, por
meio de nota.
O Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado estima
que neste ano sejam exportadas
200 mil toneladas, sendo 55%
apenas para os russos.
A entidade calcula que, com a
aftosa, o Estado deixou de vender
para a Rússia 30 mil toneladas de
carne suína -cada tonelada era
vendida a US$ 1.800 (pelo câmbio
de ontem, R$ 3.852).
O Rio Grande do Sul somente
vende menos carne suína do que
Santa Catarina aos russos. As exportações catarinenses de carne
de porco somaram 198,9 mil toneladas no ano passado.
No ano passado, o Brasil faturou US$ 793,4 milhões com a venda de carne suína "in natura" para
os russos.
As exportações brasileiras do
produto totalizaram US$ 1,123 bilhão no ano passado.
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