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Siemens VDO é acusada de tentar barrar concorrente
SDE propõe condenação com base em conversas gravadas
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um processo inédito no
Brasil, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) solicitou a
condenação da Siemens VDO
Automotive Ltda. por "ação
vergonhosa" -tentar bloquear
na Justiça a atuação de uma
empresa concorrente no setor
de tacógrafos (aparelho que registra velocidades).
Diálogos gravados pela concorrente Seva, incluídos no
processo da SDE, indicam que a
Siemens VDO propôs uma
"parceria" entre as duas empresas, o que é considerado cartel pela legislação.
O objetivo do acordo era a divisão do mercado: a Siemens
VDO continuaria com tacógrafos e a Seva venderia somente
computadores de bordo.
De posse da gravação e depois de ouvir testemunhas das
duas empresas, a SDE concluiu
que a Siemens VDO infringiu a
legislação. Por isso, pediu sua
condenação ao Cade (tribunal
administrativo de concorrência), que julgará o caso agora.
O inédito no processo da
SDE é a acusação de conduta
anticompetitiva por meio de
"sham litigation" (litigância
vergonhosa, em tradução livre).
Trata-se de lançar mão de práticas escusas para brecar a expansão de um concorrente.
No caso dos tacógrafos, a Siemens entrou com uma ação ordinária na Justiça Federal do
Distrito Federal para suspender a portaria do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) que autorizou a venda de
um tacógrafo da Seva.
Essa ação na Justiça seria
uma litigância de má-fé da Siemens, segundo a SDE, porque a
empresa não tem legitimidade
para questionar as conclusões
do Denatran e teria agido com o
claro propósito de evitar competição no mercado.
Uma das diferenças entre os
tacógrafos das duas empresas é
a forma de armazenar dados.
Enquanto o da Siemens grava
as informações em um disco, o
da Seva emite um tíquete, à semelhança das máquinas portáteis de cartão de crédito.
Em um encontro no dia 9 de
março de 2005, o assessor Jefferson Oliveira, da Siemens,
propõe ao presidente da Seva,
João Luiz Neves, que as duas
empresas deixem de disputar o
mercado. "Nós vamos dividir
esse mercado em duas partes,
quem quer disco e quem não
quer disco", disse Oliveira.
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