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Desemprego nos EUA é o maior em 25 anos
Taxa atinge 8,5% e trabalho precário avança; país já cortou 5,1 milhões de vagas desde o início da recessão, no final de 2007
Economia perdeu em março 663 mil vagas; analistas não veem mudança no cenário, mas avaliam que janeiro pode ter sido o pior momento
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A economia norte-americana perdeu mais 663 mil empregos em março, elevando o total
de desempregados no país a 5,1
milhões desde o início da atual
recessão, em dezembro de
2007. A taxa de desemprego subiu de 8,1% para 8,5%. É o
maior percentual desde 1983,
há um quarto de século.
As estatísticas, divulgadas
pelo Departamento do Trabalho, revelam que a deterioração
do mercado de trabalho não
atinge apenas os que perderam
seus empregos. O número de
pessoas em funções precárias
ou temporárias cresceu em 423
mil no mês passado, deixando
agora 9 milhões de trabalhadores nessa condição.
No total, existem hoje 13,2
milhões de desempregados nos
EUA. O país tem cerca de 300
milhões de habitantes, e pouco
mais da metade faz parte da
chamada PEA (População Economicamente Ativa).
Dos 5,1 milhões de desempregados originados nesta recessão, mais de 2 milhões foram dispensados nos três primeiros meses do ano. No horizonte, não há ainda nenhum sinal de recuperação no mercado
de trabalho. Ao contrário.
Na semana passada, o total
de pedidos de seguro-desemprego nos EUA até o dia 21 de
março atingiu 5,7 milhões. E a
velocidade com que mais pessoas estão buscando o benefício alcançou um novo recorde
na semana passada.
"Os pedidos de seguro-desemprego são um dos primeiros sinais de recuperação na
economia, e não há nada de positivo nesse campo ainda. Mesmo um alento na demanda nesta fase não encoraja as empresas a voltar a contratar", afirma
Ian Shepherson, analista da
High Frequency Economics.
O Departamento do Trabalho também revisou as estatísticas de janeiro, elevando a 741
mil o total de desempregados. É
o maior número para um único
mês desde outubro de 1949. O
total em fevereiro ficou inalterado em 651 mil.
O desemprego também vem
contribuindo para uma rápida
deterioração dos índices de
inadimplência nos EUA. Segundo a American Bankers Association (a Febraban norte-americana), o não pagamento
de empréstimos por pessoas físicas no país encontra-se hoje
no nível mais elevado (3,22%)
desde que essas estatísticas começaram a ser levantadas, em
meados dos anos 1970.
Os dados do Departamento
do Trabalho mostram que, fora
as áreas de saúde e educação
(mais relacionadas ao Estado
do que outras), nenhum outro
setor da economia produziu
aumento de vagas em março. A
indústria liderou os cortes, com
161 mil demissões, seguida pelo
setor de serviços, com 133 mil
fechamentos, e pela construção
civil, que dispensou 126 mil.
Em janeiro, quando o governo de Barack Obama conseguiu
a aprovação de um pacote de
estímulo fiscal de US$ 787 bilhões no Congresso, a expectativa oficial era que o desemprego atingisse 8,9% só no final de
2009. Mantida a velocidade
atual, o índice pode resvalar em
9% daqui a um ou dois meses.
Alguns analistas acreditam,
porém, que o pior pode já ter ficado para trás. Tradicionalmente, mesmo quando uma recessão termina, o nível de desemprego tende a crescer por
algum tempo antes de as empresas voltarem a contratar.
"Não creio que uma eventual
recuperação a partir do final do
ano possa ser descartada. As
demissões [em março] foram
significativamente menores do
que em janeiro, que pode ter
marcado um pico", diz Bernard
Baumohl, economista do Economic Outlook Group.
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