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Teles e elétricas disputam internet
Tecnologia autorizada pela Anatel permite acesso à banda larga por meio dos cabos da rede elétrica
Preços serão até 50% mais baixos que os da internet oferecida hoje, segundo estimativa, mas com uma velocidade muito superior
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As teles ganharão concorrentes de peso na venda de pacotes
de acesso à banda larga. A competição acontecerá com a entrada das companhias elétricas
nesse mercado. Na quinta passada, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) regulamentou o PLC (Power Line
Communications), uma tecnologia que permite a transmissão do sinal da internet pelos
fios por onde passa a energia.
Um dos objetivos da agência
é criar alternativas para que as
operadoras fixas possam viabilizar a universalização da banda larga no país. Para as teles,
levar a rede de acesso (por onde
ela presta o serviço de internet
rápida) a todos os municípios
do país é um problema, porque
elas têm interesse comercial
em apenas 62% dessas localidades. Por isso, a tecnologia PLC
surge como alternativa, já que
as companhias de energia estão
presentes em praticamente todos os domicílios.
"As teles poderiam fazer uma
parceria com as elétricas, alugar as redes elétricas, diminuindo seus investimentos para chegar a cidades menores",
diz Rogério Romano, pesquisador do CPqD, um dos centros
credenciados pela Anatel para
os testes realizados com os
equipamentos de PLC que serão acoplados aos cabos e estações de energia.
Apesar de essa parceria diminuir os custos, as teles estão
preocupadas. A Folha apurou
que, em São Paulo, a AES Eletropaulo Telecom, empresa da
AES Eletropaulo, faz testes para lançar em larga escala um
serviço de acesso à internet em
PLC que, em média, será de 10
Mbps de velocidade real (superior às disponíveis hoje no
mercado) por usuário.
A Copel Telecom, empresa
da Companhia Paranaense de
Energia, é a que está mais
adiantada. A concessionária,
que atua no Paraná, já está
pronta para vender acesso à internet com velocidade real de
10 Mbps por usuário. Detalhe:
o consumidor pagará pela média de uso, não pelo teto.
"Na internet convencional
[da discada à banda larga oferecida pelas teles], o cliente paga
um preço definido pelo pico de
uso", diz Orlando César de Oliveira, consultor de telecomunicações da Copel Telecom. "Se
ele usar menos, paga o preço
cheio. Isso não é justo." Por isso, o produto da Copel possibilitará ao cliente pagar pela internet como paga pela energia
elétrica. "Acredito em uma redução de até 50% em relação
ao preço da internet convencional", diz Oliveira.
A Infovias, pertencente à Cemig, também faz testes em
PLC. "Estamos prontos para
oferecer banda larga pela nossa
rede aos 6,5 milhões de clientes", diz Ivan Ferreira, superintendente técnico. "Mas vamos
continuar prestando serviços
às teles, que poderão alugar
nossa rede em PLC caso queiram prestar serviços."
"Telelétricas"
Segundo Pedro Jatobá, presidente da Aptel (Associação de
Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações),
todas as elétricas têm interesse
no negócio. Antes, havia duas
barreiras contra o avanço do
PLC, a técnica e a comercial.
O entrave técnico se referia à
interferência que a transmissão de dados pelos fios elétricos
pode acarretar, principalmente
em transmissões de rádio e de
radioamadores. Esse problema
está superado com a regulamentação da Anatel. Falta agora a Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) dar seu aval.
As elétricas já podem solicitar
outorgas à Anatel, mas só prestarão o serviço após a decisão
da Aneel, prevista para maio.
A barreira comercial também foi resolvida. Pela regulamentação do setor elétrico, as
concessionárias não podem gerar receita a não ser pelo fornecimento de energia. Ainda que
gerassem, teriam de repassá-la
integralmente para abater no
preço da tarifa de energia.
Para escapar, elas terão de
pedir licenças à Anatel para
prestar serviços de telecomunicações. Espera-se, portanto,
uma proliferação das "telelétricas". Fabricantes de modems e
switches (que fazem a conexão
da rede de dados à elétrica) para PLC dizem que já existem
pelo menos seis elétricas com
pedidos de licença na Anatel.
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