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OPINIÃO ECONÔMICA
Venezuela: potência energética do século 21
ALFREDO TORO HARDY
Com a chegada do próximo
milênio, a Venezuela firma-se
como uma das potências energéticas do mundo. Essa posição
é expressada por meio de quatro áreas básicas: petróleo e gás
natural, eletricidade, carvão e
Orimulsión.
Em matéria de petróleo as reservas provadas do país são as
maiores do mundo, alcançando
360 bilhões de barris, cifra superior aos 261 bilhões de barris
que constituem as reservas provadas da Arábia Saudita. Em
matéria de gás natural o país
ocupa o quinto lugar no mundo
em reservas provadas, com 20
bilhões equivalentes em barris
de petróleo.
Em carvão a produção em
1995 foi de 4,2 milhões de toneladas ao ano, e em Orimulsión
(ainda que seja uma emulsão
derivada do petróleo extrapesado, pode ser considerado como
um rubro energético autônomo), de 3,6 bilhões de toneladas
ao ano.
Até o ano 2003 a produção
petrolífera terá passado dos 2,8
bilhões de barris diários atuais
para 6,2 bilhões de barris por
dia. Ao seu lado, as produções
atuais de carvão e Orimulsión
se multiplicarão nos próximos
anos, para chegar em 2006 às
seguintes cifras anuais: carvão,
21 milhões de toneladas, e Orimulsión, 32 milhões de toneladas.
Na área de geração hidrelétrica, a Venezuela apresenta-se
como o quarto produtor mundial. Somente na região de
Guayana, fronteira com o Brasil, as suas duas maiores represas, Guri e Macagua 2, dispõem
de uma capacidade instalada
de 12.540 mW. Quando estejam
concluídas as represas de Caruachi y Tocoma, em construção, a capacidade de geração
hidrelétrica instalada aumentará em 4.320 mW. O potencial
combinado dos rios Caroní,
Orinoco e Caura, na região de
Guayana, chega aos 51.400 Mw.
Isso sem contar com a capacidade hidrelétrica instalada e o
enorme potencial disponível
nos Andes venezuelanos.
Às cifras anteriores caberia
acrescentar o fato de que as
quatro áreas energéticas anteriores são gerenciadas por companhias sérias e sólidas. O campo da geração elétrica está, essencialmente, nas mãos da
Electrificación del Caroní
(Edelca), uma empresa cuja
continuidade administrativa
de muitos anos lhe garante um
alto grau de profissionalismo e
eficácia operativa. Da mesma
maneira, a área dos hidrocarbonetos e carvão é dirigida pela
Petróleos de Venezuela
(PDVSA), a segunda companhia petroleira do mundo.
No caso concreto da Petróleos
de Venezuela, encarregada de
desenvolver as áreas do petróleo, o gás natural, a Orimulsión
e o carvão, a garantia brindada
pela sua condição de grande
empresa transacional se faz evidente. Sua capacidade de refinação é de 2,4 bilhões de barris
por dia, contando com 22 refinarias distribuídas em diversos
países, o que lhe converte na
sexta companhia do mundo em
capacidade de refinação. Sua
produção em matéria de petroquímica é de 4,4 bilhões de toneladas ao ano. Seus ativos no
exterior incluem, entre outros
interesses múltiplos, 100% da
empresa CITGO Petroleum Corporation e 50% da Uno-Ven
Company, nos Estados Unidos,
assim como também 50% da
Ruhr Oel GmbH da Alemanha e
da AB Nynäs Petroleum da Suécia.
Somente os ativos fixos investidos na empresa CITGO alcançam US$ 8,8 bilhões, tratando-se da empresa com maior
número de pontos de venda direta nos Estados Unidos, com 15
mil bombas de gasolina.
A eficiência operativa da Petróleos de Venezuela, por sua
parte, a situa em um lugar privilegiado entre os gigantes petroleiros do mundo. Em 1995 a
empresa alcançou a maior margem de ganhos em relação aos
seus ingressos: 12%. Isso representa o dobro das quais a seguem na lista, a empresa Amoco com 6%, e três vezes mais
que a Shell, Exxon, Mobil, BP e
Texaco, que lograram uma média equivalente a 4%.
Juntamente a isso, a PDVSA é
a que evidencia um patrimônio
menos comprometido em relação ao seu passivo total, entre
as grandes corporações petroleiras. Seu ativo total versus seu
passivo total é de 335%, enquanto seus competidores mais
próximos apresentam os seguintes valores: Shell, 200%;
Amoco, 199%; Exxon, 180%, e
Mobil, 174%.
As dimensões energéticas da
Venezuela, unidas à sua alta
capacidade gerencial nessa matéria, lhe outorgam uma posição particularmente favorável
no difícil cenário global do século 21. A Venezuela será a
principal potência energética
do hemisfério ocidental, contando com as ferramentas adequadas para tirar pleno proveito disso.
O fato de o presidente Clinton
ter incluído a Venezuela entre o
grupo dos principais países da
região que visitará testemunha
o duplo significado econômico e
político da sua condição de
grande potência energética.
Afinal de contas, a Venezuela
não só é o principal fornecedor
estrangeiro dos Estados Unidos,
mas também o maior vendedor
de gasolina no mercado doméstico norte-americano.
Alfredo Toro Hardy, 46, advogado pela Universidade Central da Venezuela, é embaixador da Venezuela no Brasil. Foi diretor do
Instituto de Altos Estudos Diplomáticos "Pedro Gual" do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela e autor de "A Desordem
Global", entre outros livros.
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