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TELES
Empresa mexicana confirma ao Ministério das Comunicações que permitirá participação na operadora de satélites da Embratel
Telmex dará ao governo poder na Star One
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telmex, operadora de telefonia mexicana, confirmou ontem
que permitirá que o governo brasileiro tenha participação na Star
One, operadora de satélites da
Embratel. O grupo norte-americano MCI vendeu a Embratel para a Telmex por US$ 400 milhões.
O negócio foi fechado nos EUA há
uma semana, mas ainda precisa
ser analisado pelos órgãos de defesa da concorrência no Brasil.
O governo brasileiro vinha dizendo que queria ter uma participação na Star One porque tem interesses estratégicos -os satélites
da Embratel transmitem informações militares brasileiras.
Ontem, o ministro Eunício Oliveira (Comunicações) recebeu a
confirmação oficial da Telmex de
que haverá participação do governo na gestão da Star One. Oliveira
recebeu Jaime Chico Pardo, diretor-geral da Telmex, Carlos Henrique Moreira, presidente da Claro (operadora de celular que também pertence a Carlos Slim, dono
da Telmex), e a embaixadora mexicana, Cecília Soto.
Na reunião, foi entregue uma
carta ao ministro que formalizou
a intenção da Telmex. "Agora não
é mais um compromisso, é uma
afirmativa", disse Oliveira. Segundo ele, a chamada "golden share"
(instrumento que garante poder
de veto em decisões) não terá custos para o governo.
Ele leu a carta, que informa que
a Telmex confirma a "disposição
de outorgar, ao governo federal,
uma ação com direitos específicos, a ""golden share", que atribua
ao seu titular o direitos necessários para garantir as comunicações via satélite para uso de segurança nacional".
O ministro disse que o departamento jurídico do ministério está
estudando a melhor forma de fazer a proposta de "golden share".
Se a proposta ficar pronta hoje,
ela será levada para conhecimento do presidente Lula. A proposta
do governo ainda terá de ser aprovada pelo conselho da Telmex.
Após a reunião, questionado sobre a "golden share", Pardo disse:
"Sobre isso, vamos falando conforme o assunto for avançando".
Até quinta da semana passada,
o governo brasileiro cogitava a hipótese de comprar a Star One, em
vez de ter uma "golden share". O
vice-presidente do BNDES, Darc
Costa, esteve com Eunício Oliveira para tratar do assunto.
"A reunião com o BNDES foi
para saber se o banco tinha disposição de fazer investimento na
compra da Star One", disse Oliveira. "O BNDES confirmou que,
se eles fossem vender, o banco
não teria dificuldade em fazer a
participação", contou. Essa solução foi descartada porque a Telmex não quer vender a Star One.
"Se eles venderem, eu disse que o
governo gostaria de ter a preferência na compra das ações."
Dívida
O ministro disse ainda que, na
reunião, tratou-se da questão da
Claro e do BNDES. A operadora
de celular teria uma dívida de US$
358 milhões com o banco. O banco alega que tinha ações da Americel (operadora da banda B em
Brasília) e da Telet (operadora de
banda B no Rio Grande do Sul) e
que os papéis não foram comprados quando o grupo mexicano
adquiriu a Claro.
"Eles [Telmex] estão totalmente
dispostos a conversar com o
BNDES. Eu disse a eles que iria
conversar com o banco e, se fosse
o caso, faríamos uma reunião
conjunta", afirmou Oliveira.
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