São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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PESQUISA

Produto pode servir ao mercado consumidor e à conservação de órgãos

CE desenvolve água-de-coco em pó

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Pesquisadores do Padetec (Parque de Desenvolvimento Tecnológico de Fortaleza), ligado à Universidade Federal do Ceará, desenvolveram a água-de-coco em pó, que poderá ser produzida em escala industrial e como insumo para vários procedimentos biotecnológicos, como a conservação de órgãos para transplantes.
Uma primeira patente, como insumo, já foi requerida. Falta o registro internacional das mais de 300 substâncias que integram a composição da descoberta.
A pesquisa sobre o tipo de água-de-coco ideal para a padronização e o processamento demorou quatro anos. "Foi o mais demorado. O processo posterior, de secagem da água-de-coco, foi bem mais rápido", disse a pesquisadora Cristiane Clemente de Mello, uma das criadoras do produto.
Ainda não há no Brasil o tipo de equipamento necessário para a dissecagem da água-de-coco em escala industrial, apenas para pesquisa. Enquanto não aparecem investidores interessados em comercializar o produto, os pesquisadores testam suas utilizações.
Para a venda ao consumidor, foram criados sucos de frutas tropicais, como acerola, manga e maracujá, misturados à água-de-coco em pó, para serem vendidos em sachês, embalados a vácuo. "Todas as propriedades das frutas e da água-de-coco são mantidas nesse processo", disse Mello.
Para a agroindústria, verificou-se que, ao acrescentar a água-de-coco em pó à água destilada, prolonga-se o tempo de durabilidade de vacinas para aves, com redução de custo. "As vacinas diluídas só com água destilada duravam no máximo uma hora, pouco tempo, muitas vezes, para vacinar um número grande de aves. Com a água-de-coco em pó, chegam a 12 horas."

Queimaduras
A descoberta da água-de-coco em pó tem inspirado uma série de outras pesquisas que estão em curso no Ceará: a utilização do produto para a produção de membranas para queimaduras, na medicina; a eficácia no desenvolvimento de microcircuitos, na física; o uso como diluente em processos de inseminação artificial em animais.
A eficácia do uso da água-de-coco como conservante de órgãos para transplante já havia sido verificada, mas havia o problema do transporte do produto, para não não perder componentes importantes. "O simples engarrafamento da água-de-coco, ou mesmo o congelamento, como é feito hoje pela indústria, traz perdas ao produto. Com o método de dissecação que produzimos, isso não acontece, então facilita a utilização para os mais diversos fins", disse Mello.


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