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PECUÁRIA
Setor vê desafio à produção
Criador de zebu critica MST e política ambiental
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os criadores das raças zebuínas,
supra-sumo da pecuária brasileira, reunidos ontem em Uberaba
(MG), na abertura da 70ª Expozebu, apresentaram como "preocupações e angústias" do setor rural
as invasões do MST e os "excessos
da política ambiental" aos quais
são submetidos.
José Olavo Mendes, presidente
da ABCZ (Associação Brasileira
dos Criadores de Zebu) disse, em
discurso, que a "persistência desses problemas" é um "desafio" ao
avanço da produção e uma contraposição ao "momento de ouro" vivido pelo setor.
Ouviram as críticas o vice-presidente José Alencar e o ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues,
representantes do governo na
mais importante feira nacional
que mostra os avanços tecnológicos e o melhoramento genético
do rebanho brasileiro, que neste
ano tem cerca de 2.700 zebus inscritos e deve movimentar cerca de
R$ 120 milhões.
"O produtor se sente cercado
por situações que não condizem
com o papel que está desempenhando no desenvolvimento do
país. É uma permanente ameaça à
sua segurança e aos seus direitos,
representada pelas invasões de
terra", disse Mendes.
Ele disse que é preciso haver
uma "distinção clara entre quem
é sem-terra e quem é trabalhador
urbano desempregado", sob pena
de "todo o esforço para a promoção da reforma agrária ser sempre
insuficiente".
Mendes disse que os "excessos
que estão sendo cometidos em
nome de uma suposta defesa da
preservação ambiental" estão "tolhendo" e "sufocando" os produtores. E reclamou das pressões de
ONGs e outros organismos nacionais e estrangeiros.
"O produtor que abriu novas
fronteiras não pode agora ser premido a promover a recuperação
de áreas em condições inviáveis.
Essa questão tem que ser conduzida com sensatez e critérios técnicos", disse Mendes.
Ele culpou as pressões externas
pelo fato de pecuaristas do sul do
Pará e do Acre ainda não terem
obtido certificados de área livre
da febre aftosa que os possibilitem exportar carne bovina, apesar de "já cumprirem todos os requisitos sanitários".
"Estão, estranhamente, enfrentando resistência internacional
para a obtenção desse reconhecimento", afirmou.
No seu discurso, o ministro Roberto Rodrigues não tocou nas
queixas ambientais da ABCZ,
mas disse que os produtores precisam estar atentos para as questões sanitárias, de forma que o
Brasil não retroceda no comércio
internacional de carnes -o país é
o maior exportador mundial.
Quanto às invasões de terra, o
ministro voltou a repetir que o
governo fará uma reforma agrária
"moderna e dentro da lei".
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