São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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PECUÁRIA

Setor vê desafio à produção

Criador de zebu critica MST e política ambiental

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os criadores das raças zebuínas, supra-sumo da pecuária brasileira, reunidos ontem em Uberaba (MG), na abertura da 70ª Expozebu, apresentaram como "preocupações e angústias" do setor rural as invasões do MST e os "excessos da política ambiental" aos quais são submetidos.
José Olavo Mendes, presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) disse, em discurso, que a "persistência desses problemas" é um "desafio" ao avanço da produção e uma contraposição ao "momento de ouro" vivido pelo setor.
Ouviram as críticas o vice-presidente José Alencar e o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, representantes do governo na mais importante feira nacional que mostra os avanços tecnológicos e o melhoramento genético do rebanho brasileiro, que neste ano tem cerca de 2.700 zebus inscritos e deve movimentar cerca de R$ 120 milhões.
"O produtor se sente cercado por situações que não condizem com o papel que está desempenhando no desenvolvimento do país. É uma permanente ameaça à sua segurança e aos seus direitos, representada pelas invasões de terra", disse Mendes.
Ele disse que é preciso haver uma "distinção clara entre quem é sem-terra e quem é trabalhador urbano desempregado", sob pena de "todo o esforço para a promoção da reforma agrária ser sempre insuficiente".
Mendes disse que os "excessos que estão sendo cometidos em nome de uma suposta defesa da preservação ambiental" estão "tolhendo" e "sufocando" os produtores. E reclamou das pressões de ONGs e outros organismos nacionais e estrangeiros.
"O produtor que abriu novas fronteiras não pode agora ser premido a promover a recuperação de áreas em condições inviáveis. Essa questão tem que ser conduzida com sensatez e critérios técnicos", disse Mendes.
Ele culpou as pressões externas pelo fato de pecuaristas do sul do Pará e do Acre ainda não terem obtido certificados de área livre da febre aftosa que os possibilitem exportar carne bovina, apesar de "já cumprirem todos os requisitos sanitários".
"Estão, estranhamente, enfrentando resistência internacional para a obtenção desse reconhecimento", afirmou.
No seu discurso, o ministro Roberto Rodrigues não tocou nas queixas ambientais da ABCZ, mas disse que os produtores precisam estar atentos para as questões sanitárias, de forma que o Brasil não retroceda no comércio internacional de carnes -o país é o maior exportador mundial.
Quanto às invasões de terra, o ministro voltou a repetir que o governo fará uma reforma agrária "moderna e dentro da lei".


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