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ALIMENTAÇÃO
Fundação de Bill Clinton e Associação Cardíaca Norte-Americana negociaram acordo com Pepsi e Coca-Cola
Escolas nos EUA não terão refrigerante
MARIA NEWMAN
DO "NEW YORK TIMES"
Algumas das maiores produtoras de bebidas dos Estados Unidos concordaram em suspender a
venda de refrigerantes gasosos
açucarados e outras bebidas de alto valor calórico nas escolas do
país, em uma iniciativa anunciada
ontem pelo ex-presidente Bill
Clinton e pelo governador Mike
Huckabee, de Arkansas, ambos líderes do movimento de combate
à obesidade infantil.
As empresas disseram que só
venderão água, alguns sucos de
frutas e leite desnatado ou com
baixo teor de gordura aos estudantes. Refrigerantes de baixo valor calórico, chás e bebidas esportivas poderão ser vendidos a alunos de ensino médio.
"Trata-se de um passo adiante
verdadeiramente audacioso para
ajudar mais de 35 milhões de jovens norte-americanos a viverem
vidas mais saudáveis", disse Clinton em uma entrevista coletiva
em Nova York. "Essa idéia pode
acrescentar muitos anos à vida de
grande número de jovens."
O ex-presidente disse que o
anúncio era parte de um esforço
mais amplo para educar os norte-americanos quanto a hábitos alimentares mais saudáveis e à importância da atividade física para
compensar o que ele classificou
como perturbadora tendência ao
excesso de peso entre as crianças
do país.
"Se as tendências atuais se mantiverem, a geração atual de crianças será a primeira a ter expectativa de vida inferior à de seus pais",
disse Clinton.
Os refrigerantes açucarados,
que contém cerca de 150 calorias
por 350 mililitros, são apenas um
dos elementos na dieta de alta caloria de muitos jovens, disse Clinton, e a maior parte das crianças
não se exercita o bastante.
O acordo foi negociado pela
Aliança por uma Geração Mais
Saudável, iniciativa conjunta da
William J. Clinton Foundation e
da Associação Cardíaca Norte-Americana. As negociações envolveram a Cadbury Schweppes,
Coca-Cola, PepsiCo e a Associação Norte-Americana de Fabricantes de Bebidas, que vendem
bebidas em escolas, em muitos
casos sob contratos que fornecem
receita necessária aos colégios,
sempre desprovidos de fundos.
"Trata-se de uma atitude verdadeiramente significativa de parte
de um setor econômico e não deixa de acarretar riscos para eles,
não só econômicos como também de reações adversas entre os
consumidores", disse Clinton. "E
eles aceitaram, acredito, porque
compreendem e reconhecem os
dados quanto às tendências e se
preocupam com o futuro dos
nossos jovens". Huckabee também elogiou a nova iniciativa escolar dos fabricantes de bebidas.
"O fato é que os norte-americanos não só estão comendo mais
como se exercitando muito menos", disse. "A campanha tem de
ir além dos almoços e das iniciativas de atividades escolares. Precisa ir além de forçar as crianças a
fazerem aulas de educação física
nas escolas."
Regras
O acordo com as fabricantes cobrirá 75% das escolas do país até o
ano letivo de 2008/09, e todas as
escolas a partir de 2009/10.
Sob as novas diretrizes, refrigerantes de qualquer espécie não
mais serão vendidos em escolas
primárias. Elas terão à venda água
mineral e doses de 230 mililitros
de certos sucos sem adoçantes e
leite desnatado ou com baixa gordura. As porções de bebidas para
os alunos de ensino fundamental
do equivalente a 5ª à 8ª série serão
de 300 mililitros.
No ensino médio, os alunos poderão comprar refrigerantes e
chás diet e sem açúcar, água mineral e bebidas esportivas de baixa caloria, além de sucos e bebidas esportivas convencionais.
"Acreditamos que isso deva fazer enorme diferença na equação
de calorias consumidas e queimadas", disse Robert Eckel, presidente da Associação Cardíaca
Norte-Americana.
Dirigentes escolares receberam
o acordo positivamente, mas
muitos deles disseram que já colocaram em vigor normas próprias limitando a venda de bebidas açucaradas aos alunos.
"Nós nos antecipamos a essas
medidas", disse Margie Feinberg,
porta-voz do Departamento de
Educação de Nova York. "Nunca
tivemos refrigerantes à venda nas
escolas de ensino fundamental e
os proibimos no ensino médio há
dois anos e meio."
Dawn Hudson, presidente da
Pepsi-Cola North America, disse
que o setor está tentando fazer sua
parte na promoção de estilos de
vida mais saudáveis.
"É importante lembrar que o
que está em questão são os locais
de venda de nossos produtos, e
não os produtos em si", afirmou
Hudson, acrescentando que as
bebidas produzidas por sua empresa "têm lugar em uma dieta
saudável."
Donald R. Knauss, presidente
da Coca-Cola North America, disse que o acordo ajudaria a "combater a percepção de alguns críticos de que alguns de nossos produtos não se enquadram a um estilo de vida saudável". Mas, disse
ele, "a responsabilidade por atingir esse estilo de vida saudável cabe igualmente a todos".
Tradução de Paulo Migliacci
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