São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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ALIMENTAÇÃO

Fundação de Bill Clinton e Associação Cardíaca Norte-Americana negociaram acordo com Pepsi e Coca-Cola

Escolas nos EUA não terão refrigerante

MARIA NEWMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Algumas das maiores produtoras de bebidas dos Estados Unidos concordaram em suspender a venda de refrigerantes gasosos açucarados e outras bebidas de alto valor calórico nas escolas do país, em uma iniciativa anunciada ontem pelo ex-presidente Bill Clinton e pelo governador Mike Huckabee, de Arkansas, ambos líderes do movimento de combate à obesidade infantil.
As empresas disseram que só venderão água, alguns sucos de frutas e leite desnatado ou com baixo teor de gordura aos estudantes. Refrigerantes de baixo valor calórico, chás e bebidas esportivas poderão ser vendidos a alunos de ensino médio.
"Trata-se de um passo adiante verdadeiramente audacioso para ajudar mais de 35 milhões de jovens norte-americanos a viverem vidas mais saudáveis", disse Clinton em uma entrevista coletiva em Nova York. "Essa idéia pode acrescentar muitos anos à vida de grande número de jovens."
O ex-presidente disse que o anúncio era parte de um esforço mais amplo para educar os norte-americanos quanto a hábitos alimentares mais saudáveis e à importância da atividade física para compensar o que ele classificou como perturbadora tendência ao excesso de peso entre as crianças do país.
"Se as tendências atuais se mantiverem, a geração atual de crianças será a primeira a ter expectativa de vida inferior à de seus pais", disse Clinton.
Os refrigerantes açucarados, que contém cerca de 150 calorias por 350 mililitros, são apenas um dos elementos na dieta de alta caloria de muitos jovens, disse Clinton, e a maior parte das crianças não se exercita o bastante.
O acordo foi negociado pela Aliança por uma Geração Mais Saudável, iniciativa conjunta da William J. Clinton Foundation e da Associação Cardíaca Norte-Americana. As negociações envolveram a Cadbury Schweppes, Coca-Cola, PepsiCo e a Associação Norte-Americana de Fabricantes de Bebidas, que vendem bebidas em escolas, em muitos casos sob contratos que fornecem receita necessária aos colégios, sempre desprovidos de fundos.
"Trata-se de uma atitude verdadeiramente significativa de parte de um setor econômico e não deixa de acarretar riscos para eles, não só econômicos como também de reações adversas entre os consumidores", disse Clinton. "E eles aceitaram, acredito, porque compreendem e reconhecem os dados quanto às tendências e se preocupam com o futuro dos nossos jovens". Huckabee também elogiou a nova iniciativa escolar dos fabricantes de bebidas.
"O fato é que os norte-americanos não só estão comendo mais como se exercitando muito menos", disse. "A campanha tem de ir além dos almoços e das iniciativas de atividades escolares. Precisa ir além de forçar as crianças a fazerem aulas de educação física nas escolas."

Regras
O acordo com as fabricantes cobrirá 75% das escolas do país até o ano letivo de 2008/09, e todas as escolas a partir de 2009/10.
Sob as novas diretrizes, refrigerantes de qualquer espécie não mais serão vendidos em escolas primárias. Elas terão à venda água mineral e doses de 230 mililitros de certos sucos sem adoçantes e leite desnatado ou com baixa gordura. As porções de bebidas para os alunos de ensino fundamental do equivalente a 5ª à 8ª série serão de 300 mililitros.
No ensino médio, os alunos poderão comprar refrigerantes e chás diet e sem açúcar, água mineral e bebidas esportivas de baixa caloria, além de sucos e bebidas esportivas convencionais.
"Acreditamos que isso deva fazer enorme diferença na equação de calorias consumidas e queimadas", disse Robert Eckel, presidente da Associação Cardíaca Norte-Americana.
Dirigentes escolares receberam o acordo positivamente, mas muitos deles disseram que já colocaram em vigor normas próprias limitando a venda de bebidas açucaradas aos alunos.
"Nós nos antecipamos a essas medidas", disse Margie Feinberg, porta-voz do Departamento de Educação de Nova York. "Nunca tivemos refrigerantes à venda nas escolas de ensino fundamental e os proibimos no ensino médio há dois anos e meio."
Dawn Hudson, presidente da Pepsi-Cola North America, disse que o setor está tentando fazer sua parte na promoção de estilos de vida mais saudáveis.
"É importante lembrar que o que está em questão são os locais de venda de nossos produtos, e não os produtos em si", afirmou Hudson, acrescentando que as bebidas produzidas por sua empresa "têm lugar em uma dieta saudável."

Donald R. Knauss, presidente da Coca-Cola North America, disse que o acordo ajudaria a "combater a percepção de alguns críticos de que alguns de nossos produtos não se enquadram a um estilo de vida saudável". Mas, disse ele, "a responsabilidade por atingir esse estilo de vida saudável cabe igualmente a todos".


Tradução de Paulo Migliacci


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