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Nota do Brasil "destrava" aberturas de capital
Elevação do Brasil ao status de grau de investimento deve atrair capital externo e revigorar processo de lançamento de ações
Em 2008, houve 3 ofertas
iniciais de ações, ante 63 em
todo o ano passado; para
analistas, reaquecimento
depende do cenário externo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após o boom do lançamento
de ações na Bolsa de Valores
em 2007, houve uma drástica
esfriada neste ano. Mas, com o
novo status conquistado pelo
Brasil, ao ser elevado a grau de
investimento pela S&P (Standard & Poor's), cresceu a expectativa de que os IPOs voltem a ganhar ímpeto.
As operações de IPO (oferta
inicial de ações, na sigla em inglês) em 2007 mostraram a importância do humor do investidor estrangeiro para que sejam
realizadas. O capital externo ficou com cerca de 75% do volume ofertado nos 63 IPOs que
ocorreram no ano passado.
Em 2008, até o momento,
houve apenas três IPOs. E, no
primeiro desses, o da Nutriplant (fabricante de fertilizantes), que ocorreu em fevereiro
passado, os estrangeiros levaram só 11% do que foi ofertado.
A Le Lis Blanc, que abriu capital no mês passado, ainda não
divulgou a participação dos estrangeiros em sua oferta.
"Em um primeiro momento,
com o "investment grade", joga-se uma nova luz sobre os IPOs
passados, papéis que andavam
meio esquecidos na Bolsa de
Valores e devem ter uma correção. Não creio que no curto prazo vá haver uma chuva de IPOs,
mas em um segundo momento
devemos observar um aumento
no apetite por novos papéis",
avalia Eduardo Favrin, diretor
de renda variável do HSBC Investment.
"O país teve uns três anos de
atividade forte de IPOs, com o
capital externo mais disposto a
investir em novas ações. Mas,
com a crise de crédito americana, passou-se a preferir mais
papéis ligados a commodities e
ao crescimento chinês a se arriscar em novatas", diz.
A crise internacional, que teve como epicentro os problemas do mercado de crédito
imobiliário dos Estados Unidos
e que se aprofundou no ano
passado, deixou os investidores
internacionais um pouco mais
reticentes em relação a aplicações de maior risco -como é o
caso das ações de emergentes.
Isso explica o porquê de as
empresas terem adiado sua estréia na Bolsa de Valores.
Na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), há dez empresas à espera para realizarem
seus IPOs. Dessas, seis deram
entrada no pedido para emitir
ações há mais de seis meses.
Em um ritmo normal de mercado, já deveriam ter estreado.
Destino seguro
Na quarta-feira, a S&P anunciou a elevação do Brasil à categoria chamada de "investment
grade" (grau de investimento).
Entram nessa classificação os
países que representam menores riscos de darem calote. Para
os investidores internacionais,
a decisão sinaliza que aplicar
no Brasil (e em seus ativos) hoje é considerado mais seguro.
Nesse cenário, analistas avaliam que o mais provável é que
um montante mais vigoroso de
recursos estrangeiros desembarque no país. E um dos grandes beneficiados será o mercado acionário. Mas, para isso, é
importante que a crise internacional não se agrave.
Para Alexandre Póvoa, diretor responsável pela Modal Asset Management, "o Brasil ficou mais atraente após o "investment grade" e passa a chamar a atenção de outros investidores [estrangeiros]" que não
têm aplicações no país.
"É claro que a situação melhorou. Mas dependemos também do mercado internacional,
de como vai se comportar daqui
para frente. Se o cenário lá fora
não melhorar, não haverá recursos disponíveis", diz Póvoa.
Em abril, os estrangeiros entraram com força na Bovespa.
Mas direcionaram os recursos
principalmente para ações
mais tradicionais, como Petrobras, Vale e grandes bancos.
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