São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ásia cria fundo de US$ 120 bi para combater a crise

Japão, China e Coreia do Sul contribuirão com a maior parte do capital

Para os especialistas, essa primeira ação conjunta das nações do continente é importante na sua busca por independência dos EUA

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REUTERS

Treze países asiáticos, incluindo o Japão, a China e a Coreia do Sul, anunciaram ontem ter fechado acordo para a constituição de um fundo de emergência de US$ 120 bilhões que os ajudará a enfrentar a crise econômica mundial.
Essa é a primeira atitude tomada em conjunto pelas nações do continente a fim de se proteger das consequências da desaceleração global, cujo fim ninguém consegue vislumbrar.
"Trata-se de um passo para a Ásia se desacostumar da dependência do Ocidente. Mas é provável que a implementação da medida não tenha um impacto sustentável enquanto o consumo dos seus produtos por parte dos EUA não se recuperar", disse Kirby Daley, estrategista sênior da companhia de administração de investimentos Newedge Group, em Hong Kong. Mesmo assim, ele espera que a notícia anime o mercado financeiro hoje.
A China e o Japão se comprometeram a contribuir com 32% cada um dos US$ 120 bilhões que formarão o fundo emergencial. A Coreia do Sul vai entrar com 16% e os demais, membros da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), com o restante. Essa divisão, na qual a China aparece com o mesmo peso do Japão, que é a maior economia da área, evidencia o desejo da potência emergente de afirmar a sua importância, segundo analistas.
O dinheiro do fundo -que será criado oficialmente nos próximos meses- poderá ser usado para os países equilibrarem o seu balanço de pagamentos (as suas relações comerciais com o restante do mundo) no caso de uma violenta fuga de capitais como a que acometeu a região na crise de 1997/98. Por exemplo, se uma nação precisar de dólares extras para devolver aos investidores que querem ir embora e, assim, barrar uma desvalorização excessiva da sua própria moeda, poderá requerer os recursos.
"A atual situação global pede mais esforços conjuntos para aumentar a confiança, manter a estabilidade financeira e prevenir uma diminuição adicional do ritmo de crescimento econômico", disseram os ministros da Fazenda da região em um comunicado conjunto. Eles participaram do encontro anual do ADB (Banco de Desenvolvimento Asiático), realizado em Bali. "O aprofundamento das turbulências somado à elevação da aversão ao risco nos mercados financeiros teve um impacto negativo sobre o comércio internacional e o investimento na região."
Segundo previsões de especialistas, a Ásia deve crescer apenas 3% em 2009, a menor taxa desde a crise de uma década atrás.
"Mas, se a região quer se colocar como um dos polos da economia mundial, é bom que saiba que tem condições e reservas para se sustentar sozinha", disse Rajat Nag, diretor administrativo do ADB.

Novas políticas
Os países asiáticos estão discutindo medidas adicionais para encarar a crise.
O Japão colocará à disposição dos vizinhos US$ 60,5 bilhões para que as nações com moeda mais fraca possam obter ienes se lhes faltar divisas.
Além disso, o ADB vai elevar o seu capital disponível para empréstimos aos países mais pobres da área em mais de US$ 10 bilhões em dois anos.
Todos os governos também devem aumentar a sua rede de assistência social e começar a reduzir a participação, no PIB (Produto Interno Bruto), das exportações, que há anos têm sido o seu grande motor.


Texto Anterior: Ações de empresa menor sobem mais
Próximo Texto: Após perdas, Buffet faz investidor sorrir
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.