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agrofolha
Safra de soja em 2011 repetirá a de 2010
Especialistas preveem que o Brasil terá produção recorde e clima favorável neste ano, algo que não se repetirá no próximo
Safra deste ano deve crescer 10 milhões de toneladas, ficando entre 67,4 milhões
e 68 milhões; a de 2010/11 deve repetir esse número
ROBERTO SAMORA
DA REUTERS
Depois de aumentar 10 milhões de toneladas neste ano, a
próxima safra de soja do Brasil
(2010/11) poderá apenas igualar a atual. Isso se tudo der certo, avaliam especialistas.
Essa estabilidade deve ocorrer porque o Brasil registra produtividade recorde neste ano e
clima favorável na maior parte
das regiões produtoras, algo
que não será fácil de se repetir.
"Sendo conservador, teremos a mesma área; sendo otimista, um pequeno crescimento. Então podemos esperar a
safra do ano que vem do tamanho desta", afirmou o diretor
da Agroconsult, André Pessoa.
O Brasil está terminando de
colher uma safra de soja oficialmente estimada em 67,4 milhões de toneladas, ante 57,1
milhões em 2008/9. Mas na
avaliação de alguns consultores
fica próximo de 68 milhões.
Pessoa, assim como outros
analistas ainda cautelosos em
falar sobre a próxima safra, diz
que a "chave" para a próxima
temporada estará no milho, cujos estoques estão elevados no
país e os preços, pressionados.
"Diria que para as duas principais culturas a tendência é
baixista. Estamos com muito
estoque, tanto de soja como de
milho", afirmou Jacqueline
Bierhals, da AgraFNP.
No Sul e no Sudeste, onde há
forte concorrência entre milho
e soja, a oleaginosa -produto
com maior liquidez para a comercialização- sairia vencedora, segundo Eduardo Godoi,
da Agência Rural. "Acho que a
soja pode avançar, não pelo cenário de soja estar bom, mas
pelo fato de o mercado de milho
estar pior ainda", diz Godoi.
Para ele, em Mato Grosso,
principal Estado produtor de
soja do Brasil, as condições de
mercado para o crescimento de
área são difíceis, uma vez que as
condições logísticas deficitárias em relação ao Sul/Sudeste
e a distância dos portos exportadores reduzem os ganhos dos
produtores.
"O que posso dizer com certa
segurança é que no cerrado é
muito difícil pensar em expansão significativa, tanto pela
parte ambiental como pela de
renovação de pastagem. A soja
deixou pouca receita por hectare, por isso fica difícil o incremento", diz ele.
Redução de área
Com rentabilidade por hectare reduzida em Mato Grosso,
há quem avalie até mesmo que
o plantio será reduzido, redução essa que seria compensada
por eventuais aumentos de
área no Sul, em terras antes
cultivadas com milho.
"Se analisarmos hoje o resultado da safra 2009/10 que acaba de ser colhida, o produtor do
Centro-Oeste, em particular de
Mato Grosso, não consegue fechar a conta e ele toma prejuízo", disse o diretor da Céleres,
Anderson Galvão.
"A consequência disso para
mim, no curtíssimo prazo, é
que não tem espaço para crescimento de área no Brasil na safra 2010/11. Ao contrário, acredito que vai haver recuo de área
plantada", destacou.
Uma alta nos preços dos fertilizantes, que representam a
maior parte dos custos de produção, seria outro limitante para 2010/11, segundo o analista
da Céleres, além de uma boa safra de soja nos Estados Unidos,
onde o plantio aumentou.
A safra dos Estados Unidos, o
maior produtor mundial, seguido pelo Brasil, acaba determinando os preços globais. O
que significa dizer que uma
frustração climática norte-americana também pode mudar todo o cenário.
"É preciso ver como será a safra dos Estados Unidos. Se tiver
alguma quebra, o preço pode
melhorar", observou o economista da Abiove, Henrique
Paes de Barros, evitando fazer
prognósticos.
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