São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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Bancos terão ajuda "generosa" para não quebrar, diz presidente do BC

DE BUENOS AIRES

Os bancos argentinos em dificuldades poderão contar com uma ajuda "generosa" do governo, segundo o presidente do Banco Central, Mario Blejer. Em entrevista ao jornal espanhol "Cinco Días", Blejer afirmou que o governo não tem opção, porque muitos bancos quebrariam sem ajuda.
Desde o começo do ano, o BC já foi obrigado a emprestar 18,5 bilhões de pesos aos bancos argentinos com falta de dinheiro para bancar o saque de depósitos dos correntistas.
Com a divulgação do decreto para reduzir as restrições bancárias do curralzinho, no último sábado, Blejer prevê que haverá ainda mais "pressão sobre a liquidez dos bancos, e o BC vai ter que emprestar generosamente".
Ele calcula que metade dos recursos necessários para evitar a quebra de bancos deverá ser injetada pelo BC e disse que os bancos que não estiverem dispostos a entrar com a outra metade não terão ajuda. Blejer citou os exemplos do canadense Scotiabank e do francês Crédit Agricole, que estão sob intervenção do BC.
Para o presidente do BC, o sistema bancário argentino passará nos próximos meses por um "processo complicado de fusões, restruturações e recapitalizações". Ele disse há 14 meses havia US$ 85 bilhões depositados nos bancos argentinos, enquanto hoje, com a desvalorização cambial e a fuga de recursos, o sistema detém US$ 15 bilhões. "Nenhum sistema financeiro suportou uma fuga bancária semelhante".
Blejer disse que o plano de ajuda aos bancos só vai funcionar se houver um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele afirmou que as reservas do BC caíram mais de US$ 4 bilhões neste ano, atingindo cerca de US$ 10,3 bilhões, que não serão suficientes para conter a pressão sobre o dólar a partir de julho.

Devolução dos depósitos
O governo publicou no "Diário Oficial" ontem o decreto para devolver com bônus optativos os depósitos bancários congelados pelo curralzinho. Os correntistas terão 30 dias para optar pelos bônus ou esperar pela devolução do dinheiro até 2005. O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, disse que, se o Congresso não contestar o projeto nos próximos dez dias, ele estará automaticamente aprovado.
O governo também decidiu ontem que só 36% da produção das petrolíferas poderá ser exportada entre junho e setembro. A intenção do governo é conter os reajustes semanais dos combustíveis.



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