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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Sistema similar ao brasileiro valeria a partir de 2004; outra idéia é criar um comitê nos moldes do Copom

Argentina quer implantar meta de inflação

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O presidente do Banco Central argentino, Alfonso Prat Gay, pretende implantar, a partir de 2004, um sistema de metas de inflação similar ao brasileiro.
A proposta prevê ainda a criação de um comitê de política monetária, nos moldes do Copom. A meta de inflação anual seria definida pelo Ministério da Economia e, para dezembro de 2004, poderia variar de 5% a 15%.
Segundo Prat Gay, o país já apresenta condições macroeconômicas para adotar o sistema. "As expectativas com relação à economia melhoraram, há uma estabilização dos preços e o governo tem conseguido controlar o déficit fiscal", disse. "Nos últimos seis meses, houve uma combinação equilibrada entre crescimento econômico e inflação."

Renovar acordo
O governo argentino retomou mais uma vez as negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para revisar o acordo provisório assinado em janeiro deste ano. O objetivo do ministro da Economia, Roberto Lavagna, é renovar a carta de intenções, que vence em agosto, por pelo menos cinco meses e, ainda no primeiro trimestre de 2004, assinar um novo acordo, de prazo mais longo, com o Fundo.
A missão do FMI, encabeçada por John Dodsworth, chegou ontem ao país e tentará acertar as contas com o governo argentino. A revisão do acordo deveria ter sido concluída há duas semanas, mas foi postergada. O principal gargalo é uma lei que suspende a cobrança de hipotecas contraídas em dólares antes da depreciação cambial, em janeiro de 2002.
O porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, fez duras críticas ao país há cerca de dez dias. Disse que a revisão do acordo ainda não foi aprovada porque o governo não autorizou a execução das hipotecas. Para remediar, Lavagna chegou a afirmar que poderia pedir um "waiver" (perdão) ao FMI sobre o tema.
A assinatura de uma nova carta de intenções é fundamental para que a Argentina consiga recuperar a credibilidade com os investidores externos e, assim, iniciar a reestruturação de sua dívida, que supera US$ 140 bilhões. Em setembro, vence uma parcela de US$ 3 bilhões com o próprio FMI.


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