|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para teles, decisão da Anatel de
reduzir áreas locais foi "política"
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As concessionárias de telefonia
fixa avaliam que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) tenha tomado uma decisão
"política" ao determinar a redução de áreas locais. Com a decisão
da agência, muitas ligações que
hoje são cobradas como se fossem
de longa distância passarão a ter o
preço de ligações locais.
Como as ligações locais são
mais baratas, as empresas de telecomunicações avaliam que perderão cerca de R$ 350 milhões por
ano. Para tentar compensar parte
dessas perdas, as teles tentarão
negociar com o governo metas de
universalização mais amenas.
As metas de universalização tratam da obrigatoriedade da instalação de telefones em determinados locais, tendo como parâmetros a localização e a população.
Essas metas serão redefinidas para a prorrogação dos contratos de
concessão. As novas metas passam a valer a partir de 2006.
"Essa decisão traz mais dificuldades para as empresas", diz Carlos de Paiva Lopes, presidente da
Abrafix (Associação Brasileira de
Prestadoras de Serviço Telefônico
Fixo Comutado). "Foi uma decisão política, e não técnica", diz.
Segundo ele, as perdas inicialmente foram calculadas em R$
350 milhões por ano, sem contar
os investimentos necessários para
fazer as alterações técnicas nas
centrais telefônicas.
O presidente da Anatel, Pedro
Jaime Ziller, afirma que a decisão
foi técnica. "O assunto foi amplamente discutido com a sociedade.
A questão tem que ser vista do
ponto de vista da sociedade como
um todo. Não dava para ser como
era antes, com as concessionárias
definido o que é área local."
A mudança decidida pela Anatel reduz de cerca de 7.600 para
5.360 as áreas locais. A nova regra
deverá ser publicada no "Diário
Oficial" da União na segunda-feira. A partir da publicação, as concessionárias terão de 60 a 180 dias
para se adaptar às novas regras.
A Anatel decidiu que as áreas locais serão formadas por um município ou conjunto de municípios. Ou seja, não poderá haver
cobrança de tarifa de longa distância dentro de um município, e,
em alguns casos, habitantes de vários municípios vizinhos poderão
fazer ligações tarifadas como se
fossem locais -é o caso de 39
municípios da região metropolitana de São Paulo e do ABC.
Crise
Além da perda de receita, as teles têm perdido clientes. Levantamento feito pela Folha indica a
existência de 5,26 milhões de linhas ociosas nas cinco concessionárias de telefonia fixa no país:
Telemar, Telefônica, Brasil Telecom, CTBC (Cia de Telecomunicações do Brasil Central, do
Triângulo Mineiro) e Sercomtel,
da Prefeitura de Londrina (PR).
Texto Anterior: Preços: Recuperação da demanda e dólar elevam inflação em SP Próximo Texto: Retomada?: Ipea vê inflação, juros e PIB maiores no ano Índice
|