São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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CRÉDITO

Banco divulga nova política operacional e estrutura de planejamento; recursos disponíveis para empréstimos atingirão R$ 61 bi

Orçamento do BNDES sobe 28,5% para 2005

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ontem seu orçamento para 2005: serão R$ 60,8 bilhões para empréstimos ou aquisição de participações em empresas, cifra 28,5% maior do que os R$ 47,3 bilhões deste ano.
O banco, maior financiador de longo prazo do país, também divulgou mudanças na sua política operacional e na estrutura de planejamento.
Segundo o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, o objetivo é tornar a instituição "mais pró-ativa", num contraponto à "passividade" recente, e devolver a ela o poder de "intervir" no processo de desenvolvimento do país.
Com a nova estrutura, o banco criará metas de produção para cada setor e irá propor à iniciativa privada projetos que julgue necessários para o desenvolvimento do país. Hoje, a instituição só recebe consultas das empresas e analisa a viabilidade dos projetos.
De acordo com Costa, o banco passará a fazer "intervenções mais ativas" para desobstruir "gargalos" ao crescimento. Na visão dele, a idéia de que a "mão invisível [do mercado] que tudo faz", sem a necessidade de intervenção estatal, será substituída pela de que, para crescer, "é preciso planejamento". "Voltamos à idéia de que planejar a economia é algo importante para países que não estão no centro [do capitalismo mundial]", disse.
Ao estabelecer metas para o setor produtivo, o banco determinará, por meio de câmaras técnicas (sete, ao todo) e grupos de trabalho (43), qual será a capacidade produtiva de cada ramo no futuro. Também serão criadas metas de comércio exterior.
No caso da siderurgia, por exemplo, o banco considera que as usinas terão de produzir 60 milhões de toneladas em aço nos próximos anos, quase que dobrando sua atual capacidade (34 milhões de toneladas).
Para Costa, a nova estrutura permitirá ao banco e ao país retomar o planejamento, perdido desde a década de 70. A idéia, segundo ele, é que, com essas mudanças, possa se criar "um empresariado forte e atuante no Brasil".
Todas as metas, programas e projetos estarão expressos em dois novos mecanismos: os planos anuais e trienais de ação.
Na avaliação do BNDES, o objetivo final é tentar recuperar "taxas de crescimento históricas do país", de 7% ao ano, verificadas até a década de 70.
Para Costa, a nova política operacional fará do BNDES um banco de desenvolvimento, ao contrário do modelo de "banco de investimento" que, segundo ele, vigorava na administração passada.
Para o presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Delben Leite, o planejamento, embora necessário, não pode ser "algo isolado" e "centralizado", sem a participação da iniciativa privada. Segundo ele, é positiva a incitava do BNDES, uma vez que a estabilidade "não se mostrou suficiente para induzir o crescimento econômico".
Com as mudanças, o BNDES poderá ainda conceder empréstimos com condições diferenciadas -com prazo maiores e juros mais baixos- a setores nos quais o banco identifique "gargalos" ao crescimento.
Do orçamento de 2005, que será possivelmente o maior do mundo para um banco de fomento, 70% dos recursos virão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do retorno de empréstimos já concedidos. O restante virá de captações no país e no exterior.


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