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CRÉDITO
Banco divulga nova política operacional e estrutura de planejamento; recursos disponíveis para empréstimos atingirão R$ 61 bi
Orçamento do BNDES sobe 28,5% para 2005
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) anunciou ontem seu orçamento para 2005: serão R$ 60,8
bilhões para empréstimos ou
aquisição de participações em
empresas, cifra 28,5% maior do
que os R$ 47,3 bilhões deste ano.
O banco, maior financiador de
longo prazo do país, também divulgou mudanças na sua política
operacional e na estrutura de planejamento.
Segundo o vice-presidente do
BNDES, Darc Costa, o objetivo é
tornar a instituição "mais pró-ativa", num contraponto à "passividade" recente, e devolver a ela o
poder de "intervir" no processo
de desenvolvimento do país.
Com a nova estrutura, o banco
criará metas de produção para cada setor e irá propor à iniciativa
privada projetos que julgue necessários para o desenvolvimento
do país. Hoje, a instituição só recebe consultas das empresas e
analisa a viabilidade dos projetos.
De acordo com Costa, o banco
passará a fazer "intervenções
mais ativas" para desobstruir
"gargalos" ao crescimento. Na visão dele, a idéia de que a "mão invisível [do mercado] que tudo
faz", sem a necessidade de intervenção estatal, será substituída
pela de que, para crescer, "é preciso planejamento". "Voltamos à
idéia de que planejar a economia é
algo importante para países que
não estão no centro [do capitalismo mundial]", disse.
Ao estabelecer metas para o setor produtivo, o banco determinará, por meio de câmaras técnicas (sete, ao todo) e grupos de trabalho (43), qual será a capacidade
produtiva de cada ramo no futuro. Também serão criadas metas
de comércio exterior.
No caso da siderurgia, por
exemplo, o banco considera que
as usinas terão de produzir 60 milhões de toneladas em aço nos
próximos anos, quase que dobrando sua atual capacidade (34
milhões de toneladas).
Para Costa, a nova estrutura
permitirá ao banco e ao país retomar o planejamento, perdido desde a década de 70. A idéia, segundo ele, é que, com essas mudanças, possa se criar "um empresariado forte e atuante no Brasil".
Todas as metas, programas e
projetos estarão expressos em
dois novos mecanismos: os planos anuais e trienais de ação.
Na avaliação do BNDES, o objetivo final é tentar recuperar "taxas
de crescimento históricas do
país", de 7% ao ano, verificadas
até a década de 70.
Para Costa, a nova política operacional fará do BNDES um banco de desenvolvimento, ao contrário do modelo de "banco de investimento" que, segundo ele, vigorava na administração passada.
Para o presidente da Abimaq
(Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e ex-presidente do BNDES,
Luiz Carlos Delben Leite, o planejamento, embora necessário, não
pode ser "algo isolado" e "centralizado", sem a participação da iniciativa privada. Segundo ele, é positiva a incitava do BNDES, uma
vez que a estabilidade "não se
mostrou suficiente para induzir o
crescimento econômico".
Com as mudanças, o BNDES
poderá ainda conceder empréstimos com condições diferenciadas
-com prazo maiores e juros
mais baixos- a setores nos quais
o banco identifique "gargalos" ao
crescimento.
Do orçamento de 2005, que será
possivelmente o maior do mundo
para um banco de fomento, 70%
dos recursos virão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e
do retorno de empréstimos já
concedidos. O restante virá de
captações no país e no exterior.
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