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Folhainvest
Opção à Bolsa é risco ou baixo rendimento
Compra de papéis de dívida, pública ou privada, está entre as alternativas para os investidores que são avessos a ações
Queda de juros reduz ganho em renda fixa, e valorização recorde da Bovespa eleva risco de quem decidir entrar agora no mercado acionário
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na alta da alta, a Bovespa já
subiu 20% apenas em 2007 e
rendeu 41,52% em um ano
-ótimo para quem entrou, mas
péssimo para os que ainda pretendiam apostar em ações. Isso
porque a lei número um da Bolsa é comprar na baixa e vender
na alta -jamais fazer o contrário, que embute um risco altíssimo, como agora. O que fazer
então para manter um bom
rendimento nas aplicações sem
assumir o risco da Bolsa?
Especialistas ouvidos pela
Folha afirmam que só há uma
resposta: assumir um outro risco, como o da dívida privada,
mas com o cuidado de não ser
ainda maior que o das ações.
A outra opção é não correr
risco nenhum e ganhar pouco.
"Acabou a época de ganhar dinheiro fácil sem risco. No mundo todo tem gente que tem horror à Bolsa e prefere ganhar de
4% a 5% ao ano, mas não correr
risco. O desafio é mostrar como
correr risco, mas diluído no
longo prazo", disse José Brazuna, gerente da área de fundos
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Dívida
Para ficar fora da Bolsa, a
única opção financeira -há opções não-financeiras, como
comprar imóveis, gado, metais
etc., mas todas com baixa liquidez -é a renda fixa. Ou seja, investir em papéis de dívida, seja
ela pública ou privada. Quanto
maior o risco de calote, mais alto o retorno. "Investir em alguns papéis da dívida privada,
como debêntures, pode ser ainda mais arriscado do que a Bolsa", disse André Oda, supervisor do LabFin (Laboratório de
Finanças) da Fundação Instituto de Administração da USP
(Universidade de São Paulo).
Fundos de renda fixa com alta
composição de títulos privados
em carteira renderam 5,55% no
ano de 2007.
Como o risco de calote do governo é cada vez menor, a taxa
Selic deve cair para algo entre
12% e 12,25% ao ano nesta
quarta-feira, o que reduzirá
ainda mais os ganhos com os
tradicionais fundos DI, que
renderam 4,96% até maio. Esses fundos perdem a cada dia
mais investidores -só neste
ano, os DI perderam R$ 8,748
bilhões em captação.
DI x Poupança
Simulação feita pelo LabFin
a pedido da Folha mostra que
investir menos que 180 dias
nos fundos DI só compensa se
a taxa de administração for inferior a 2%. Do contrário, a poupança,
que é isenta de IR (Imposto de
Renda), rende mais.
A simulação considera uma
aplicação de R$ 10 mil. O investidor que colocou o dinheiro
em um fundo DI com juros de
0,98% ao mês retirou R$
10.353,12 líquidos após seis
meses. Se deixasse na poupança, teria levado R$. 10.363,06.
"O investidor têm de prestar
atenção à taxa de administração. O fundo DI só vale agora
para taxa baixa", disse Bolivar
Godinho, professor do LabFin.
Já os fundos de renda fixa
costumam render um pouco
mais que os DI quando os juros
caem. Isso porque eles têm títulos pré-fixados em carteira,
que conservam juros um pouco
maiores do que a Selic. Até
maio, renderam 5,46%.
Há ainda a opção de comprar
CDBs direto dos bancos. A vantagem é não pagar uma taxa de
administração, mas o rendimento fica na casa do da renda
fixa. Até maio, os CDBs para
grandes investidores deram
um retorno de 5,16% em 2007.
O Tesouro Direto, site do governo que vende títulos públicos para pessoa física, deixou
recentemente de vender papéis que ofereciam juro mais a
variação do IGP-M. Mas ainda
tem papéis pré-fixados que dão
até 7,36% mais o IPCA, o que
eleva o retorno a 10,36% ao
ano. Vende ainda títulos pré-fixados com juros hoje de 11,32%
ao ano. A vantagem é não pagar
taxa de administração.
Multimercado
Para quem aceita transitar
entre os mundos da renda fixa e
da renda variável, a melhor opção são os fundos multimercados, cujos gestores têm maior
liberdade para dosar os investimentos em ações, títulos de dívida, derivativos e até moedas.
Mas é preciso ver se taxa de administração vale a pena.
Há multimercados para todos os gostos -com e sem renda variável (ações), alavancados ou não. Os multimercados
conservadores, que não aplicam em Bolsa nem são alavancados, por exemplo, tiveram
rendimento médio de 8,30% no
ano. Já aqueles que aceitaram
investimento em Bolsa renderam 8,58% em 2007. Segundo a
Anbid, esses fundos captaram
no ano R$ 12,741 bilhões.
"Os multimercados têm uma
rentabilidade mais estável.
Lembrando que é um produto
mais sofisticado, com diferentes perfis, de arrojado a conservador, em que o risco não fica
tão evidente", disse André Oda.
"A questão não é o "timing" de
quando entrar na Bolsa, mas o
quanto colocar. O investidor
precisa desenvolver o conceito
de diversificação. Deve definir
quanto [do seu patrimônio]
quer colocar na Bolsa e seguir
esse plano ao longo do tempo.
Assim, vai compondo diferentes preços [de entrada], diminuindo o seu risco", disse Marcelo Giufrida, do Paribas, e vice-presidente da Anbid.
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