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Produção industrial se acomoda em nível elevado, afirma IBGE
Atividade cresceu 0,2% em abril em relação a março; na comparação com o mesmo mês de 2007, avanço é de 10,1%
Boom automobilístico e
nos setores de máquinas e equipamentos faz produção industrial subir 7,3% no primeiro quadrimestre
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria se
acomodou em abril, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Cresceu 0,2% na comparação livre
de efeitos sazonais com março
-quando a expansão havia sido
de 0,6%. Na comparação com
abril de 2007, o incremento foi
de 10,1% -o maior desde outubro de 2007 (10,6%).
Nos quatro primeiros meses
deste ano, a produção industrial subiu 7,3%. Foi puxada pelo desempenho de bens duráveis (alta de 15,9%) e bens de
capital (20,5%), que reagem ao
boom nos setores automobilístico e de máquinas e equipamentos, respectivamente.
Para Isabella Nunes, gerente
da pesquisa industrial do IBGE,
a indústria vive neste ano "um
quadro de estabilidade e acomodação", embora "num patamar elevado de produção". Em
abril, o setor fechou apenas 0,6
ponto percentual abaixo do nível recorde histórico de produção, alcançado em outubro.
De acordo com a economista,
o crédito farto e a confiança dos
empresários asseguram à indústria ainda "um patamar alto" de produção.
O câmbio, por sua vez, joga
contra e inibe setores de bens
intermediários, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, mais
afetados pela concorrência internacional. "Há um processo
de substituição de produtos nacionais por importados."
Tal efeito é mais presente
nos bens intermediários, cuja
produção se mantém abaixo da
média da indústria. A alta no
quadrimestre foi de 6%. Em
abril, a categoria registrou queda -0,2% ante março.
Na visão da economista Cláudia Oshiro, da Tendências, uma
estabilidade da indústria em
abril era prevista. "O crescimento deve continuar, mas já
há um certo arrefecimento."
Isso não significa, porém,
que a economia esteja desaquecida. "A produção da indústria,
mesmo estável, ainda está forte
se comparada com o ano passado. Existe até uma preocupação
se haverá capacidade para
atender à expansão da demanda sem risco inflacionário."
Segundo Nunes, a renda e o
emprego em expansão também
turbinam o desempenho da indústria e compensam outros
efeitos negativos, como a alta
do preço dos alimentos -um
dos motivos que explicam o
crescimento inferior à média
do bens semi e não-duráveis.
A produção do segmento caiu
1,5% em abril, influenciada sobretudo pelo fraco resultado da
indústria de bebidas (-9%). No
primeiro quadrimestre, houve
expansão de 2,2% -a menor
entre todas as categorias.
Nunes disse ainda que o efeito calendário favoreceu os dados de abril, quando comparados com o mesmo mês de 2007
-naquele período houve um
dia útil a menos. Tal efeito, diz,
explica, em parte, a alta da indústria acima de 10% em relação a abril de 2007.
"Também por conta do calendário, a produção de maio
deve vir mais fraca, mas na média do ano os dados mostram
um crescimento razoável da indústria", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados.
Boom
Segundo Nunes, nem todos
os setores vivem uma fase de
"acomodação" e mantêm ritmo
forte de crescimento. É o caso
de veículos automotores, cuja
expansão ficou em 2,3% ante
março e em 21,7% na comparação com abril do ano passado. O
crédito impulsiona o setor.
De março para abril, os destaques foram refino de petróleo
(7,3%) e indústria farmacêutica
(8,1%), setores que se recuperaram após fracos resultados em
março e fevereiro.
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