São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produção industrial se acomoda em nível elevado, afirma IBGE

Atividade cresceu 0,2% em abril em relação a março; na comparação com o mesmo mês de 2007, avanço é de 10,1%

Boom automobilístico e nos setores de máquinas e equipamentos faz produção industrial subir 7,3% no primeiro quadrimestre


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A produção da indústria se acomodou em abril, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Cresceu 0,2% na comparação livre de efeitos sazonais com março -quando a expansão havia sido de 0,6%. Na comparação com abril de 2007, o incremento foi de 10,1% -o maior desde outubro de 2007 (10,6%).
Nos quatro primeiros meses deste ano, a produção industrial subiu 7,3%. Foi puxada pelo desempenho de bens duráveis (alta de 15,9%) e bens de capital (20,5%), que reagem ao boom nos setores automobilístico e de máquinas e equipamentos, respectivamente.
Para Isabella Nunes, gerente da pesquisa industrial do IBGE, a indústria vive neste ano "um quadro de estabilidade e acomodação", embora "num patamar elevado de produção". Em abril, o setor fechou apenas 0,6 ponto percentual abaixo do nível recorde histórico de produção, alcançado em outubro.
De acordo com a economista, o crédito farto e a confiança dos empresários asseguram à indústria ainda "um patamar alto" de produção.
O câmbio, por sua vez, joga contra e inibe setores de bens intermediários, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, mais afetados pela concorrência internacional. "Há um processo de substituição de produtos nacionais por importados."
Tal efeito é mais presente nos bens intermediários, cuja produção se mantém abaixo da média da indústria. A alta no quadrimestre foi de 6%. Em abril, a categoria registrou queda -0,2% ante março.
Na visão da economista Cláudia Oshiro, da Tendências, uma estabilidade da indústria em abril era prevista. "O crescimento deve continuar, mas já há um certo arrefecimento."
Isso não significa, porém, que a economia esteja desaquecida. "A produção da indústria, mesmo estável, ainda está forte se comparada com o ano passado. Existe até uma preocupação se haverá capacidade para atender à expansão da demanda sem risco inflacionário."
Segundo Nunes, a renda e o emprego em expansão também turbinam o desempenho da indústria e compensam outros efeitos negativos, como a alta do preço dos alimentos -um dos motivos que explicam o crescimento inferior à média do bens semi e não-duráveis.
A produção do segmento caiu 1,5% em abril, influenciada sobretudo pelo fraco resultado da indústria de bebidas (-9%). No primeiro quadrimestre, houve expansão de 2,2% -a menor entre todas as categorias.
Nunes disse ainda que o efeito calendário favoreceu os dados de abril, quando comparados com o mesmo mês de 2007 -naquele período houve um dia útil a menos. Tal efeito, diz, explica, em parte, a alta da indústria acima de 10% em relação a abril de 2007.
"Também por conta do calendário, a produção de maio deve vir mais fraca, mas na média do ano os dados mostram um crescimento razoável da indústria", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados.

Boom
Segundo Nunes, nem todos os setores vivem uma fase de "acomodação" e mantêm ritmo forte de crescimento. É o caso de veículos automotores, cuja expansão ficou em 2,3% ante março e em 21,7% na comparação com abril do ano passado. O crédito impulsiona o setor.
De março para abril, os destaques foram refino de petróleo (7,3%) e indústria farmacêutica (8,1%), setores que se recuperaram após fracos resultados em março e fevereiro.


Texto Anterior: PAC: Planalto vai contratar 1.891 trabalhadores para acelerar obras
Próximo Texto: Nordeste e Sul terão mais 4 usinas nucleares, diz Lobão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.