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Entrada de dólares no país é a maior em 13 meses
Meirelles diz que fluxo cambial positivo reflete volta do investidor estrangeiro
Maio registra ingresso de
US$ 3,1 bi, e saldo em 2008
fica no azul pela 1ª vez;
presidente do BC nega usar
juro para controlar câmbio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo de capital externo para o Brasil ficou positivo em
US$ 3,134 bilhões no mês passado, o maior resultado apurado pelo Banco Central desde
abril de 2008. Com isso, o saldo
acumulado de janeiro a maio ficou em US$ 1,590 bilhão.
É a primeira vez no ano em
que o ingresso de divisas acumulado fica positivo, embora o
saldo esteja longe dos US$ 15,8
bilhões registrados nos primeiros cinco meses de 2008, antes
do agravamento da crise.
Em audiência pública promovida pela Câmara dos Deputados, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que a
maior entrada de recursos externos no mês passado reflete,
em boa parte, a volta dos investidores estrangeiros ao país.
Tanto as aplicações em ações
de empresas brasileiras quanto
os investimentos diretos na
produção foram positivos. Segundo Meirelles, a Bovespa recebeu cerca de US$ 2,5 bilhões
no mês passado, enquanto os
investimentos diretos somaram US$ 2,75 bilhões.
O presidente do BC usou esses números para dizer que a
recente queda do dólar está ligada à confiança dos investidores do Brasil, e não ao nível dos
juros. Segundo ele, as aplicações em renda fixa -cuja rentabilidade é atrelada aos juros-
não respondem por uma parcela significativa dos dólares que
têm entrado no Brasil, logo não
estaria causando a valorização
do real. Ontem, o dólar subiu
2,08% e fechou a R$ 1,964.
A taxa básica Selic está hoje
em 10,25% ao ano, nível que,
embora baixo para os padrões
brasileiros, é alto na comparação com a média internacional.
Na semana que vem, o Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) se reúne para decidir se
mexe ou não nos juros.
Embora a expectativa do
mercado financeiro seja de um
corte de 0,75 ponto percentual,
no governo há quem defenda
uma redução mais forte para
tentar estimular a recuperação
da economia e conter a queda
do dólar, que pode prejudicar
as exportações do país.
"Usar a Selic para controlar a
taxa de câmbio seria o abandono do atual sistema, que tem sido tão bem-sucedido no Brasil", disse Meirelles, numa referência ao regime de metas de
inflação, em que os juros variam só para manter os índices
de preços sob controle, sem que
haja uma preocupação com seu
efeito direto sobre o câmbio.
Meirelles negou que o BC
atue com excessiva cautela na
condução da política de juros e
argumentou que a economia
crescia a taxas elevadas até o
início da fase mais aguda da crise, no fim de 2008. "Quando se
olha para o comportamento da
demanda doméstica, não se pode dizer que a política monetária do período tenha sido extremamente conservadora."
Ele voltou a dizer que acredita que o Brasil sairá fortalecido
da crise, pois, mesmo com um
cenário externo mais adverso,
tem conseguido manter sob
controle o nível da dívida pública. Além disso, ressaltou Meirelles, já tem sido possível para
o BC comprar dólares no mercado para reforçar as reservas
-que chegaram a US$ 206 bilhões no mês passado.
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