São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Turismo representa só 3,6% do PIB

Apesar do potencial, setor não tem ampliado de forma significativa seu peso na riqueza produzida pelo país, diz IBGE

Desde 2003, participação do turismo no PIB tem oscilado pouco, afirma pesquisador; serviços de alimentação são principal atividade do setor


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da vocação do Brasil para o turismo, o PIB do setor corresponde a apenas 3,6% da economia brasileira e está concentrado especialmente nas atividades ligadas à alimentação, revela pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com dados de 2006.
Desde 2003, o PIB do turismo oscila em torno desse mesmo percentual e deve ter se mantido nessa faixa, de acordo com Guilherme Telles Junior, técnico responsável pela pesquisa. "É um dado estrutural. Sofre mudanças muito pequenas em tempos normais", disse.
Segundo o levantamento, o PIB do turismo representava 5,5% do setor de serviços em 2006 e mais de um terço provém de atividades ligadas à alimentação -36,4%.
Salles Junior afirmou que isso ocorre porque a pesquisa só mediu a oferta de setores "sensíveis à presença de turistas", e não propriamente a demanda dos visitantes. Por esse motivo, a alimentação tem peso grande por atender também aos residentes. Em segundo lugar, aparece transporte rodoviário (19,2%), seguido por atividades recreativas, culturais e desportivas (18%) e por transporte aéreo (8,8%).
O turismo, porém, compreendia uma fatia maior no emprego do que no PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país). Em 2006, ocupava 5,7 milhões de pessoas -10,1% do total do setor de serviços e 6,1% do do país. De 2003 a 2006, o contingente de pessoas empregadas no setor subiu 6,7%.
Já os salários e remunerações pagos pelo setor de turismo representavam apenas 3,2% da economia brasileira e somavam, no ano de 2006, R$ 31,3 bilhões.
O mais alto salário médio era o da atividade de transporte aéreo -R$ 5,262. O menor, por sua vez, aparecia no ramo de alimentação, cujo renda média estava em apenas R$ 243. A cifra sofre o efeito negativo da presença de um elevado número de trabalhadores não remunerados nesse segmento, cujo modo de produção muitas vezes é familiar.
Segundo o diretor de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco Salles, a pesquisa releva ainda problemas do setor que precisam ser solucionados. Ele cita alguns deles, como a necessidade de melhorar a infraestrutura de aeroportos, de hospedagem e de transporte urbano.
De acordo com o diretor do ministério, essas carências foram apontadas pela Fifa na avaliação realizada para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, que acontecerá no Brasil.
Até lá, segundo ele, outra pesquisa será realizada, com mais dados e com a possibilidade de medir a demanda do turista -e não só a oferta de serviços, como a de 2006.
"Essas pesquisas são úteis na definição de políticas públicas para o setor, para orientar investimentos e qualificação de mão de obra", disse.


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