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Turismo representa só 3,6% do PIB
Apesar do potencial, setor não tem ampliado de forma significativa seu peso na riqueza produzida pelo país, diz IBGE
Desde 2003, participação do turismo no PIB tem oscilado pouco, afirma pesquisador; serviços de alimentação são
principal atividade do setor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da vocação do Brasil
para o turismo, o PIB do setor
corresponde a apenas 3,6% da
economia brasileira e está concentrado especialmente nas
atividades ligadas à alimentação, revela pesquisa do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com dados
de 2006.
Desde 2003, o PIB do turismo oscila em torno desse mesmo percentual e deve ter se
mantido nessa faixa, de acordo
com Guilherme Telles Junior,
técnico responsável pela pesquisa. "É um dado estrutural.
Sofre mudanças muito pequenas em tempos normais", disse.
Segundo o levantamento, o
PIB do turismo representava
5,5% do setor de serviços em
2006 e mais de um terço provém de atividades ligadas à alimentação -36,4%.
Salles Junior afirmou que isso ocorre porque a pesquisa só
mediu a oferta de setores "sensíveis à presença de turistas", e
não propriamente a demanda
dos visitantes. Por esse motivo,
a alimentação tem peso grande
por atender também aos residentes. Em segundo lugar, aparece transporte rodoviário
(19,2%), seguido por atividades
recreativas, culturais e desportivas (18%) e por transporte aéreo (8,8%).
O turismo, porém, compreendia uma fatia maior no
emprego do que no PIB (Produto Interno Bruto, soma das
riquezas produzidas no país).
Em 2006, ocupava 5,7 milhões
de pessoas -10,1% do total do
setor de serviços e 6,1% do do
país. De 2003 a 2006, o contingente de pessoas empregadas
no setor subiu 6,7%.
Já os salários e remunerações pagos pelo setor de turismo representavam apenas
3,2% da economia brasileira e
somavam, no ano de 2006, R$
31,3 bilhões.
O mais alto salário médio era
o da atividade de transporte aéreo -R$ 5,262. O menor, por
sua vez, aparecia no ramo de
alimentação, cujo renda média
estava em apenas R$ 243. A cifra sofre o efeito negativo da
presença de um elevado número de trabalhadores não remunerados nesse segmento, cujo
modo de produção muitas vezes é familiar.
Segundo o diretor de Estudos
e Pesquisas do Ministério do
Turismo, José Francisco Salles,
a pesquisa releva ainda problemas do setor que precisam ser
solucionados. Ele cita alguns
deles, como a necessidade de
melhorar a infraestrutura de
aeroportos, de hospedagem e
de transporte urbano.
De acordo com o diretor do
ministério, essas carências foram apontadas pela Fifa na avaliação realizada para a Copa do
Mundo de Futebol de 2014, que
acontecerá no Brasil.
Até lá, segundo ele, outra
pesquisa será realizada, com
mais dados e com a possibilidade de medir a demanda do turista -e não só a oferta de serviços, como a de 2006.
"Essas pesquisas são úteis na
definição de políticas públicas
para o setor, para orientar investimentos e qualificação de
mão de obra", disse.
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