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CALMANTE EXTRA
Instituição vai irrigar o mercado com US$ 1,5 bilhão neste mês; mecanismo já foi utilizado em 2001
BC retoma ação diária para segurar dólar
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar acalmar os investidores e frear a desvalorização do
real, o Banco Central informou
ontem que retomou, até o fim do
mês, a venda diária de dólares ao
mercado. Inicialmente, a venda
será de US$ 1,5 bilhão em julho.
Esse procedimento estava suspenso desde o final de dezembro.
Ontem foram vendidos US$ 100
milhões, valor que irá se repetir
hoje e amanhã. A partir da semana que vem, as vendas serão de
US$ 50 milhões por dia.
O diretor de Política Monetária
do BC, Luiz Fernando Figueiredo,
disse que a decisão tem por objetivo dar mais liquidez ao mercado
de câmbio, que vem registrando
poucos negócios nos últimos dias.
"Não temos a intenção de interferir na taxa de câmbio", afirmou.
Essas vendas poderão ser feitas
de duas maneiras: por meio de leilões de linha externa e por meio
de intervenções diretas. No leilão,
o BC vende os dólares aos bancos,
que se comprometem a revendê-los de volta ao próprio BC num
prazo preestabelecido -foi por
esse mecanismo que o BC vendeu
os US$ 100 milhões de ontem. Na
intervenção direta não existe esse
compromisso de revenda, ou seja,
a venda feita pelo BC é definitiva.
Figueiredo voltou a citar a proximidade das eleições como o
principal fator de nervosismo do
mercado, que fez o dólar atingir
níveis recordes. Ele afirmou que
essa ansiedade é exagerada. "As
cotações não condizem com os
fundamentos que nós temos hoje
nem com os fundamentos que teremos após as eleições."
O BC deve gastar US$ 1,2 bilhão
com as vendas diárias previstas
para este mês. Se considerados os
US$ 300 milhões que já haviam sido vendidos aos bancos por meio
de um leilão de linha externa na
segunda, subirá para US$ 1,5 bilhão o total de recursos que será
colocado no mercado neste mês.
Além disso, o BC irá vender US$
320 milhões para renovar vencimentos referentes a leilões de linha externa feitos em junho. Figueiredo disse, porém, que o BC
pode fazer intervenções extraordinárias acima desses valores.
Mecanismo já foi usado
Há um ano, o BC já havia tomado decisão semelhante à anunciada ontem. Em julho de 2001, para
tentar impedir a alta do dólar, a
instituição começou a vender US$
50 milhões por dia ao mercado.
As vendas duraram até o final do
ano e somaram US$ 6 bilhões.
A diferença é que, naquela ocasião, as vendas foram feitas somente por meio de intervenções
diretas, e não por leilões de linha
externa. Figueiredo disse que o
BC decidiu oferecer dólares por
meio de leilões de linha externa
por perceber que muitos bancos
estavam tendo dificuldades em
obter empréstimos externos de
curto prazo para financiar suas
operações do dia-a-dia.
A vantagem dos leilões de linha
externa, em relação às intervenções diretas, é o seu pequeno impacto nas reservas internacionais.
Como os dólares vendidos são recomprados depois, o efeito sobre
as reservas em moeda estrangeira
do país é praticamente nulo.
No caso das intervenções diretas, os dólares vendidos não são
recomprados, o que significa perda para as reservas. O acordo com
o FMI determina que as reservas
líquidas do país -que não incluem o dinheiro emprestado pelo Fundo- não podem ficar abaixo de US$ 15 bilhões.
As reservas líquidas estão em
US$ 28 bilhões. Descontados os
pagamentos de parcelas da dívida
externa que o país precisa fazer,
sobram US$ 9 bilhões para as intervenções diretas. Se o BC decidisse usar só intervenções diretas
para vender dólares neste mês e
continuar a vender US$ 50 milhões por dia até o dezembro, seriam gastos US$ 6,4 bilhões.
Isso reduziria as reservas líquidas para US$ 17,6 bilhões.
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