São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Varig exigirá fiança bancária em novo leilão

Interessado deve fazer depósito judicial de US$ 22 mi para participar de venda no dia 12; fiança deve ser de US$ 100 mi

Empresa aérea prorroga plano de emergência até o próximo dia 11 e adianta R$ 175 mil em tarifas aeroportuárias à Infraero

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio marcou o novo leilão da Varig para o próximo dia 12 de julho. Desta vez, os interessados em comprar uma fatia da empresa deverão apresentar garantias financeiras. No momento do lance, os investidores deverão apresentar uma fiança bancária. Segundo fontes envolvidas na elaboração do edital do leilão, o valor da fiança é de US$ 100 milhões.
O objetivo é evitar que se repita o ocorrido no último leilão, quando a NV Participações, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), não conseguiu cumprir o pagamento da primeira parcela no prazo.
Para que ocorra um novo leilão, os credores deverão aprovar em assembléia, marcada para o dia 10, a proposta da VarigLog. Ela prevê um aporte de US$ 485 milhões para investimentos por 90% das ações da nova Varig, que reúne os ativos operacionais da companhia.
Desde que oficializou seu interesse pela Varig, a VarigLog já depositou mais de US$ 7 milhões para garantir a regularidade do fluxo de caixa da companhia aérea. Outro depósito foi realizado ontem, mas a VarigLog não informou o valor.
A Varig usou parte dos recursos para adiantar R$ 175 mil à Infraero referentes ao pagamento de tarifas aeroportuárias de hoje. Dessa forma, evitou a cobrança à vista antes do embarque dos passageiros, conforme a estatal ameaçava.
A Varig informou ontem que prorrogou até o próximo dia 11 o chamado plano de emergência da companhia, que significa uma paralisação parcial das operações em que ficam mantidos os vôos mais rentáveis e outros são cancelados.
Os interessados no leilão de venda das operações da Varig deverão fazer um depósito em juízo no valor de US$ 22 milhões. A quantia se refere à linha de crédito oferecida pela VarigLog, de US$ 20 milhões até a realização de um novo leilão, acrescida de multa de 10%.
"A participação de outros licitantes no leilão dependerá de depósito judicial da importância equivalente a US$ 22 milhões, ao câmbio do dia do depósito, a ser efetuado e comprovado nos autos da recuperação judicial até 24 horas antes da data do leilão", disse o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação da Varig.
A proposta detalhada apresentada pela VarigLog à Justiça prevê que a Varig antiga mantenha operações de vôo. Atualmente existem três empresas em recuperação judicial: Varig, Rio Sul e Nordeste. Cada uma delas detém uma concessão.
A VarigLog pretende manter na chamada "velha Varig" -a parte que fica em recuperação judicial- as concessões da Nordeste e da Rio Sul ou de apenas uma destas empresas. A companhia deve operar com duas aeronaves e numa única linha. A Rio Sul foi criada pela Varig no período de separação em aviação regional e nacional.
A operação da "velha Varig" será garantida por um contrato de fretamento celebrado entre a VarigLog e a empresa. Serão fechados também contratos de prestação de serviços com a Varig Operacional, a nova Varig.
A VarigLog pretende deixar 5% das ações da nova empresa com os trabalhadores. Serão emitidos debêntures (títulos de dívida) não transferíveis que serão convertidas em ações.
Os funcionários terão uma garantia de recebimento de R$ 4,2 milhões por ano, pagos em parcelas mensais para ser usado para abater as dívidas trabalhistas adquiridas antes e depois da recuperação judicial.
A garantia de recebimento de R$ 4,2 milhões por ano também será aplicada para os 5% de ações da nova Varig que ficarão com a "velha Varig".

Nova proposta
A Justiça do Rio informou que o ex-presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) Roberto Lima Netto participou de reunião acompanhado do TGV. Ele estaria disposto a apresentar uma nova proposta de compra da Varig, mas até ontem nada havia sido entregue.


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