São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Mercado aguarda a compra de trigo dos EUA

Brasil pode importar o cereal do tipo "soft", por meio de moinhos do Nordeste

Possibilidade de compra cresce após confirmação de quebra da safra no Brasil, que deverá ficar em torno de 3,8 milhões de toneladas

DA REUTERS

Com a previsão de encerramento dos leilões semanais de trigo da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) até o final do mês, há no mercado quem aposte na importação brasileira do cereal do tipo "soft" dos Estados Unidos ainda neste ano, em meio à entressafra no Brasil e na Argentina.
A importação do "soft" seria feita por moinhos do Nordeste, que são isentos da taxa da Marinha Mercante e pagam um frete para o produto dos Estados Unidos equivalente ao que pagariam para buscar o trigo na Argentina, tradicional fornecedora do Brasil, disse um corretor do Rio Grande do Sul.
Além disso, o Nordeste possui uma importante indústria de biscoitos, que poderia ser atendida pelo cereal "soft", cuja cotação na base FOB golfo, em torno de US$ 160 por tonelada, está no mesmo nível da registrada na Argentina atualmente.
"Se a produção [brasileira] ficar em 3,8 milhões de toneladas [safra 2006/7], o Brasil terá de importar 6 milhões de toneladas. A maior parte virá da Argentina e um pouco dos EUA, para o Norte e o Nordeste", declarou o corretor gaúcho.
"O Brasil deve trazer 400 mil toneladas de trigo americano ainda neste ano", acrescentou, dizendo que uma missão da US Wheat (associação de produtores de trigo dos EUA) visitou o Nordeste recentemente.
O corretor disse que a possibilidade de importação de trigo dos EUA aumentou com a confirmação de quebra da safra no Brasil, que deve ficar em torno de 3,8 milhões de toneladas, para um consumo anual de 10 milhões de toneladas.
Os dois principais produtores -Paraná e o Rio Grande do Sul- devem colher juntos aproximadamente 3 milhões de toneladas, segundo estimativas dos governos estaduais.

Números da safra
Pelos últimos números da Conab, que deve divulgar nova estimativa para a safra de trigo na próxima quinta-feira, Paraná e Rio Grande do Sul são responsáveis por 89% da colheita nacional, que começa entre agosto e setembro. A estimativa atual da Conab, que deve ser reduzida, é de safra de 4,2 milhões de toneladas, ante 4,87 milhões na safra passada.
Lawrence Pih, presidente do moinho Pacífico, considera ainda "prematuro" falar sobre o tamanho da safra, mas declarou que a empresa trabalha "com um número entre 3,5 milhões e 4 milhões de toneladas".
A queda em relação ao ano passado, segundo Pih, não seria tão brusca "porque não se confirmou o prognóstico tão pessimista no Rio Grande do Sul". Para ele, o Estado deve colher 1,8 milhão de toneladas, ou 600 mil toneladas acima da recente estimativa do governo gaúcho.


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