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Pane na Telefônica deixa SP sem internet
"Apagão" no sistema da operadora, responsável por cerca de 70% do mercado, afeta usuários, empresas e serviços públicos
Luciano Amarante/Folha Imagem
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Posto do Poupatempo em São Paulo; pane na internet deixou os serviços paralisados |
Companhia pede desculpas e deve ser multada; problema começou na quarta-feira e havia sido só parcialmente resolvido até ontem à noite
JULIO WIZIACK
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pane na rede da Telefônica provocou um apagão da internet e de sistemas de transmissão de dados no Estado de
São Paulo. A operadora é a
principal provedora de acesso,
com 68% dos assinantes.
O presidente da companhia,
Antonio Carlos Valente, pediu
desculpas pelos transtornos
causados. Segundo a empresa,
80% do serviço havia sido restabelecido por volta das 21h30.
Os problemas técnicos começaram há dois dias, quando
o Speedy, ferramenta de acesso
à internet rápida da Telefônica,
parou de funcionar. Além de
deixar os usuários residenciais
sem o serviço, a falha também
isolou órgãos públicos municipais, estaduais e federais e afetou negócios de empresas de
todos os portes.
Bancos e financeiras começaram o dia de ontem desconectados, com exceção daqueles que mantêm planos de prestação de serviço continuada,
que trocaram de operadora
após horas sem sistema.
Pelo menos três grandes instituições financeiras acionaram a Justiça para comunicar o
descumprimento dos contratos
pela Telefônica, medida cautelar adotada antes de um processo judicial por perdas e danos.
A Caixa Econômica Federal
não conseguiu realizar pagamentos nem apostas pelas casas lotéricas, pois a maior parte
desses estabelecimentos concentra todos os serviços de comunicação na Telefônica. Ao
longo da quinta-feira, conseguiram restabelecer o contato
com a Telefônica, mas o sistema ficou instável.
A Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de
São Paulo) informa que a prefeitura também foi atingida. De
40% a 70% de suas unidades ficaram sem comunicação, entre
elas as Secretarias de Educação, Finanças, Saúde e Esporte.
O acesso ao Portal da Prefeitura Municipal de São Paulo e aos
serviços on-line, como o Atendimento ao Cidadão, além de
10% das 31 subprefeituras,
também foi afetado.
A Secretaria de Segurança
Pública ficou boa parte do dia
com os cerca de 1.300 distritos
policiais isolados. Em algumas
delegacias, muitos detidos tiveram de esperar horas até que o
sistema voltasse à ativa para
que os Boletins de Ocorrência
pudessem ser realizados.
"O Estado de São Paulo foi
muito prejudicado", disse Leão
Carvalho, presidente da Prodesp, que é a companhia estadual de processamento de dados. Segundo ele, ainda é cedo
para estimar prejuízos, algo
que será feito assim que o problema for resolvido. "Só depois
vamos pedir o pagamento das
multas previstas em contrato,
que são pesadas", disse.
Carvalho afirmou ainda que
uma equipe de técnicos da Prodesp trabalharia durante a noite toda para tentar encontrar
uma solução alternativa, prevendo que a Telefônica não sanaria o problema completamente. "É a primeira vez na
história que acontece uma falha dessa dimensão", diz.
Causas
Desde a manhã de ontem,
técnicos da Cisco, líder do mercado no fornecimento de equipamentos que fazem a interconexão das redes e os sistemas
de acesso à internet, foram colocados à disposição da Telefônica e trabalhavam para o restabelecimento das conexões.
Estima-se que 85% dos "backbones" da operadora, onde
ocorreu o problema, operem
com equipamentos da Cisco.
Os "backbones" são grandes
centrais que fazem a conexão
de dados entre a central da operadora e seus diversos clientes.
Cada serviço da operadora, como telefonia e acesso à internet, é prestado por meio de um
"backbone". O problema começou há dois dias, quando o
"backbone" do Speedy, que oferece acesso rápido à internet,
parou de funcionar.
Uma das hipóteses é que a
pane se deva a uma sobrecarga.
No final do ano passado, o Idec
(Instituto de Defesa do Consumidor) testou os serviços do
Speedy, em parceria com o Comitê Gestor da Internet, e verificou que o sistema da Telefônica já apresentava instabilidade
-o assinante só conseguia utilizá-lo em 60% do tempo. No
restante, a conexão caía.
O Idec e o Procon (Fundação
de Proteção e Defesa do Consumidor) afirmam que a Telefônica terá que descontar da fatura mensal o valor proporcional
ao tempo em que a internet ficou indisponível para o cliente.
Outros consumidores que se
sentiram lesados também podem pedir reparação.
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) abriu
uma investigação para apurar
as causas do problema, e a Telefônica, juntamente com os fabricantes dos equipamentos,
poderá ser multada.
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