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LEITE DERRAMADO
Pela proposta, empresa deixaria de ser subsidiária da matriz italiana e passaria ao controle de 17 bancos
Parmalat tenta plano final com credores
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A Parmalat Alimentos tem um
plano de reestruturação já desenhado e que está nas mãos dos
bancos credores para aprovação
desde julho. Nelson Bastos, atual
presidente da empresa e executivo da consultoria que elaborou o
projeto, falou sobre o assunto ontem, no Rio de Janeiro. Bastos depende de uma posição dos 17 bancos credores para ver se o plano
traçado sai do papel.
Com um pedido de concordata
na Justiça, a Parmalat propôs um
acordo aos bancos. Segundo essa
proposta, a empresa deixará de
ser uma subsidiária da multinacional italiana e passaria a ser
uma empresa brasileira, controlada pelas 17 instituições financeiras credoras.
A idéia, segundo o executivo, é
que parte do passivo da companhia seja transformada em ações,
e parte, em títulos de renda fixa,
que ficarão nas mãos dos bancos.
Até fevereiro, segundo dados de
processos judiciais, a Parmalat
devia R$ 1,8 bilhão ao mercado.
Se o acordo for aceito, Bastos
prevê que a mudança seja concluída em menos de um ano.
Na prática, esse projeto da Parmalat já foi apresentado ao credores há um mês. Até o momento,
os bancos não se posicionaram
sobre o assunto.
Resistência
Após a crise vir à tona, em janeiro, um dos mais resistentes a tentativas de acordo foi o Banco do
Brasil (R$ 120 milhões em débitos,
não corrigidos), que não queria
conceder financiamentos e fechou os cofres à empresa. Para
vencer a resistência dos credores,
a carta na manga da Parmalat é
essa autonomia administrativa
que parece ter conseguido com a
criação de uma nova companhia.
Essa companhia deverá operar
de forma independente, sem intervenção da matriz italiana. Com
isso, os credores podem controlar
o grupo e ter uma garantia futura
de caixa. Ainda podem usar as
marcas marcas Parmalat e Santal
e pagar royalties pelo uso à multinacional, na Itália.
"A empresa italiana estará se
afastando do Brasil. Por causa da
estrutura de seu passivo, não era
possível a empresa brasileira continuar fazendo parte do futuro da
empresa italiana", disse Bastos.
Desde a crise na multinacional,
1.300 funcionários foram cortados no Brasil, mas Bastos disse
não haver previsão de mais demissões. Hoje, as nove unidades
no Brasil têm 3.229 empregados.
Itaperuna
Em Itaperuna (RJ), a unidade de
processamento de leite da Parmalat voltou ontem a ser controlada
pela empresa, após seis meses sob
intervenção judicial. Desde o início de fevereiro, a gestão da unidade era feita por um colegiado
formado por representantes de
pecuaristas da região, funcionários, cooperativas e do governo do
Rio. O colegiado passará agora a
fiscalizar as ações da Parmalat
brasileira na fábrica.
A unidade conseguiu normalizar a produção e quitar a maior
parte das dívidas com fornecedores de leite e de insumos (cerca de
R$10 milhões). Segundo Dênnis
Gonçalves, integrante do colegiado, a dívida atual da unidade não
ultrapassa R$ 500 mil.
A crise da Parmalat teve início
no ano passado, quando a matriz
italiana revelou um rombo contábil de 3,95 bilhões no seu balanço. Nesse projeto, a Parmalat da
Itália não terá, portanto, mais nenhum vínculo societário com as
atividades da empresa no país,
mas a companhia usará a mesma
marca e pagará royalties à multinacional italiana para isso.
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