São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Bancários querem discutir cortes e agências fechadas no Santander

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Confederação Nacional dos Bancários (CNB), ligada à CUT, quer discutir com a direção do Santander Banespa demissões e fechamento de agências no país.
Levantamento entregue pela entidade ao ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, aponta que foram dispensados 500 funcionários só no mês de fevereiro deste ano e que 25% do quadro pessoal (20 mil empregados no país) já é de estagiários e terceirizados.
"Serão fechadas 14 agências até agosto, o que vai agravar ainda mais a situação do desemprego no país", afirma Paulo Stekel, diretor da confederação.
Procurado pela Folha, o Santander Banespa não se pronunciou até o fechamento desta edição sobre as demissões nem confirmou o fechamento de agências.
Esse é o segundo documento entregue ao governo nos últimos meses mostrando as condições do emprego no setor bancário.
A terceirização, as cooperativas do trabalho e o uso de estagiários no setor bancário já impedem a criação de 60 mil empregos com carteira assinada em bancos públicos e privados no país, segundo outro estudo feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e pela CNB e entregue ao governo. No país, existem hoje 400 mil funcionários contratados de forma direta no setor. O documento pede que o governo e as universidades acompanhem o processo de contratação de estagiários.
"O estágio, por exemplo, é usado para substituir o trabalho do bancário, e não para que um estudante possa aprender com um funcionário do banco", afirma Luiz Claudio Marcolino, presidente do sindicato. Segundo ele, a terceirização já atinge parte de setores que trabalham em atividades relacionadas ao sigilo bancário. "São funções que devem ser executadas por bancários", diz.
Um dos maiores bancos privados do país foi autuado neste ano em cerca de R$ 8 milhões por fiscais da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo por empregar funcionários terceirizados de forma irregular. O banco usava mão-de-obra de terceiros em atividades de informática consideradas essenciais, e não em atividades-meio, como permite a lei, informa relatório da DRT obtido pela Folha. Com a fiscalização, 47 profissionais tiveram suas carteiras de trabalho registradas.
A terceirização só deve ocorrer em atividades que não são as principais na empresa. Uma metalúrgica, por exemplo, não pode terceirizar funcionários ligados à produção, mas pode contratar terceirizados ou cooperados para as áreas de limpeza e segurança.


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