São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Organização de exportadores reconhece limitações para ampliar produção; barril em NY atinge US$ 44,15

Alerta da Opep leva petróleo a novo recorde

DA REDAÇÃO

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reconheceu ontem suas limitações ante a valorização da commodity, e as cotações voltaram a quebrar recordes nos principais mercados em que ela é negociada.
Presidente da Opep, o indonésio Purnomo Yusgiantoro disse que a entidade, responsável por mais de 40% da produção mundial, praticamente chegou ao limite de sua capacidade produtiva. "Atualmente, não podemos aumentar a oferta."
Em Nova York, o barril para entrega em setembro (ou seja, com um mês de antecedência) começou o dia em alta e superou já pela manhã o patamar de US$ 44, pela primeira vez na história.
Após chegar a US$ 44,24, novo recorde "intraday" (que considera a variação durante o dia), o barril terminou o dia negociado a US$ 44,15, alta de 0,75% e novo recorde de fechamento.
Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, o barril do tipo Brent se aproximou do maior valor de sua história. O preço de fechamento foi de US$ 40,64, com valorização de 1,68%. Durante o pregão, a cotação alcançou US$ 40,75, a vinte centavos de dólar do recorde "intraday", de 10 de outubro de 1990, época da invasão do Kuait pelo Iraque, que antecedeu a Guerra do Golfo.
Segundo Yusgiantoro, que classificou como "loucos" os atuais níveis de preços, o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, disse que teria como elevar a produção, mas que necessita de tempo. A Arábia Saudita é o maior produtor e exportador mundial de petróleo. Especialistas estimam que o país produza cerca de 9,5 milhões de barris por dia.
"Os comentários de Purnomo Yusgiantoro sobre a incapacidade do cartel de elevar mais a oferta colocam a questão da sua capacidade ociosa de produção no centro das preocupações do mercado", disse Kevin Norrish, analista do banco britânico Barclays.

Capacidade ociosa
"É inegável que a capacidade ociosa da Opep caiu a um nível preocupante: só um pouco mais de um milhão de barris diários, seu menor nível desde o início dos anos 90", afirmou Norrish.
No domingo passado, a Opep elevou seu volume produzido em 500 mil barris por dia, para 26 milhões não-oficiais, um acréscimo de 10% se considerada também a elevação do início de julho.
Pesquisa da agência de notícias Reuters com consultores, exportadores e fontes da Opep, porém, aponta que a produção em julho, contando o Iraque, chegou a 29,52 milhões de barris por dia, acima, portanto, do teto oficial da organização. Seria o maior nível em 25 anos, segundo a agência.
Os aumentos em julho e agosto, ao serem anunciados, no fim de maio, conseguiram acalmar o mercado e levaram as cotações em Nova York para menos de US$ 36. Mas a queda dos estoques americanos de petróleo no início de julho e o agravamento da crise da petrolífera russa Yukos voltaram a enervar o mercado.
"Existe um alerta terrorista nos EUA, que demonstra a amplitude do risco político, considerando os preços atuais", acrescentou Jon Rigby, do Commerzbank.
Outro fator que ajudou a elevar os preços ontem foi um novo atentado no Iraque, que atingiu um oleoduto no norte do país.
Mas, apesar dos sucessivos recordes nominais, as cotações, se ajustadas pela inflação, não se aproximam dos valores no fim dos anos 70, quando o barril chegou a superar os US$ 70.


Com agências internacionais

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