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BARRIL DE PÓLVORA
Organização de exportadores reconhece limitações para ampliar produção; barril em NY atinge US$ 44,15
Alerta da Opep leva petróleo a novo recorde
DA REDAÇÃO
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reconheceu ontem suas limitações
ante a valorização da commodity,
e as cotações voltaram a quebrar
recordes nos principais mercados
em que ela é negociada.
Presidente da Opep, o indonésio Purnomo Yusgiantoro disse
que a entidade, responsável por
mais de 40% da produção mundial, praticamente chegou ao limite de sua capacidade produtiva. "Atualmente, não podemos
aumentar a oferta."
Em Nova York, o barril para entrega em setembro (ou seja, com
um mês de antecedência) começou o dia em alta e superou já pela
manhã o patamar de US$ 44, pela
primeira vez na história.
Após chegar a US$ 44,24, novo
recorde "intraday" (que considera a variação durante o dia), o barril terminou o dia negociado a
US$ 44,15, alta de 0,75% e novo
recorde de fechamento.
Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, o barril do tipo Brent se aproximou do maior
valor de sua história. O preço de
fechamento foi de US$ 40,64, com
valorização de 1,68%. Durante o
pregão, a cotação alcançou US$
40,75, a vinte centavos de dólar do
recorde "intraday", de 10 de outubro de 1990, época da invasão do
Kuait pelo Iraque, que antecedeu
a Guerra do Golfo.
Segundo Yusgiantoro, que classificou como "loucos" os atuais
níveis de preços, o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, disse
que teria como elevar a produção,
mas que necessita de tempo. A
Arábia Saudita é o maior produtor e exportador mundial de petróleo. Especialistas estimam que
o país produza cerca de 9,5 milhões de barris por dia.
"Os comentários de Purnomo
Yusgiantoro sobre a incapacidade
do cartel de elevar mais a oferta
colocam a questão da sua capacidade ociosa de produção no centro das preocupações do mercado", disse Kevin Norrish, analista
do banco britânico Barclays.
Capacidade ociosa
"É inegável que a capacidade
ociosa da Opep caiu a um nível
preocupante: só um pouco mais
de um milhão de barris diários,
seu menor nível desde o início dos
anos 90", afirmou Norrish.
No domingo passado, a Opep
elevou seu volume produzido em
500 mil barris por dia, para 26 milhões não-oficiais, um acréscimo
de 10% se considerada também a
elevação do início de julho.
Pesquisa da agência de notícias
Reuters com consultores, exportadores e fontes da Opep, porém,
aponta que a produção em julho,
contando o Iraque, chegou a 29,52
milhões de barris por dia, acima,
portanto, do teto oficial da organização. Seria o maior nível em 25
anos, segundo a agência.
Os aumentos em julho e agosto,
ao serem anunciados, no fim de
maio, conseguiram acalmar o
mercado e levaram as cotações
em Nova York para menos de
US$ 36. Mas a queda dos estoques
americanos de petróleo no início
de julho e o agravamento da crise
da petrolífera russa Yukos voltaram a enervar o mercado.
"Existe um alerta terrorista nos
EUA, que demonstra a amplitude
do risco político, considerando os
preços atuais", acrescentou Jon
Rigby, do Commerzbank.
Outro fator que ajudou a elevar
os preços ontem foi um novo
atentado no Iraque, que atingiu
um oleoduto no norte do país.
Mas, apesar dos sucessivos recordes nominais, as cotações, se
ajustadas pela inflação, não se
aproximam dos valores no fim
dos anos 70, quando o barril chegou a superar os US$ 70.
Com agências internacionais
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